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Genoa: Inteligência artificial muda mercado e força gestores a reverem estratégias

Genoa: Inteligência artificial muda mercado e força gestores a reverem estratégias

A inteligência artificial já deixou de ser uma promessa distante e passou a ser vista como uma das maiores revoluções da produtividade global – e isso está mexendo profundamente com as teses de investimentos mundo afora. A avaliação é dos gestores José Luiz Torres e João Vitor Julião, sócios da Genoa Capital, durante participação no programa Stock Pickers.

Para eles, a chegada massiva de soluções baseadas em IA tem o potencial de mudar a estrutura de custos de empresas inteiras, redefinir curvas demográficas e até influenciar a trajetória dos juros globais.

Essa aceleração da AI também está mudando hábitos pessoais. Julião confessa que abandonou por completo os antigos métodos de pesquisa e depende agora exclusivamente da IA. “Poucos meses atrás, isso não era realidade para mim”, admitiu.

Apesar desse dinamismo global, o Brasil ainda opera em outro ritmo. O mercado doméstico não carrega o mesmo apelo de crescimento exponencial, mas isso não significa que esteja sem oportunidades. Pelo contrário: o cenário técnico favorável e a liquidez elevada de algumas ações têm atraído o interesse de grandes fundos – ainda que isso gere concentração de apostas e uma sensação incômoda de “consenso”.

Para os gestores, essa concentração hoje não é um problema. O universo de ativos realmente “investíveis” no Brasil continua pequeno, e o que há de bom está, naturalmente, nos radares de todos.

Ações brasileiras

Nas últimas temporadas, os fundos de ações vinham se concentrando em papéis com características semelhantes à renda fixa – como utilities e concessões públicas com receitas ajustadas pela inflação. Agora, o jogo começa a virar. Empresas ligadas diretamente à atividade econômica doméstica – e fora do setor de infraestrutura – vêm surpreendendo na performance, mesmo em um ambiente macro desafiador para gigantes como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3), pressionadas pela queda das commodities em reais.

O movimento não passou despercebido pela Genoa Capital. Os gestores estão ampliando a exposição a empresas mais sensíveis ao ciclo econômico local, ainda que com parcimônia. “As oportunidades no Brasil aparecem e desaparecem muito rápido”, avalia Torres.

Com uma longa trajetória no mercado brasileiro, ele destaca a necessidade de agilidade e diferenciação para capturar valor em um mercado competitivo, onde eventos setoriais que antes reuniam meia dúzia de pessoas hoje lotam salas com mais de uma centena de analistas.

Mesmo assim, nem tudo mudou. A Genoa continua ancorada em ações de utilities e financeiras, mantendo o perfil mais defensivo. Isso se explica tanto por convicção quanto por estratégia: os gestores gostam de ativos líquidos, que possam ser carregados no longo prazo e que historicamente entregam valor. “Dificilmente vamos fazer de uma tese mais arriscada o coração da nossa carteira”, diz Torres.

Consenso deixou de ser um problema

Diferentemente de outros momentos, estar em posição consensual – ou seja, investido nos mesmos papéis que a maioria do mercado – não incomoda os gestores da Genoa. A explicação está no fluxo de recursos: em vez de uma movimentação de saída, há uma entrada líquida de capital nas ações brasileiras. E quando o dinheiro entra, ele geralmente reforça posições já estabelecidas.

Mesmo em situações pontuais de queda acentuada de determinados papéis – acima de 10%, segundo os gestores –, a perda real para o fundo é diluída, dado que a exposição já havia sido reduzida por motivos específicos. Isso reforça a importância de uma análise micro consistente para evitar sustos e manter uma gestão disciplinada em cenários de volatilidade. Para a Genoa, o maior risco está nos fundamentos das empresas, não em se expor ao consenso de mercado.

A liquidez segue como critério determinante na seleção de ativos. Empresas com maior volume de negociação dão flexibilidade à gestão, sobretudo quando há mudanças rápidas de cenário. Mas o desafio continua presente: manter convicção alta em um mercado emergente como o Brasil é tarefa para poucos.

Valuation mais caro

Outro ponto de atenção levantado pelos gestores é o prêmio de risco da Bolsa brasileira. Alguns setores, como o de utilities, já operam com retornos implícitos menores, o que indica dois cenários possíveis: ou o mercado está atribuindo menos risco aos negócios dessas empresas, ou está precificando um potencial de crescimento mais robusto do que no passado recente.

Essa compressão nos retornos, especialmente quando comparada com os patamares históricos, pode ser explicada também por uma questão técnica – mais dinheiro disponível, menos ações atrativas, e, portanto, múltiplos mais elevados. Para a Genoa, talvez seja hora de o investidor brasileiro se acostumar com um mercado precificando “mais caro” do que nos anos anteriores.

Mesmo assim, o time segue atento a oportunidades específicas de turnaround e valorização estrutural. O cenário ainda exige cautela, mas também oferece janelas pontuais para ganhos expressivos. E, como sempre, no Brasil, é preciso estar preparado para mudar de ideia rapidamente.

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Fonte: InfoMoney

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