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A corrida mais perigosa (e absurda) do mundo tem queijo, tombo e hospital

A corrida mais perigosa (e absurda) do mundo tem queijo, tombo e hospital

Na encosta íngreme de Cooper’s Hill, na vila de Brockworth, Inglaterra, um grupo de corajosos — ou inconsequentes — se lança ladeira abaixo atrás de uma roda de queijo de três quilos. É a tradicional e insana “cheese rolling”, considerada por muitos como a corrida mais perigosa (e, sem dúvida, uma das mais ridículas) do mundo, segundo reportagem da CNN.

A prova é simples no papel: quem cruzar primeiro a linha de chegada após perseguir o queijo por cerca de 200 jardas vence. Mas na prática, trata-se de uma queda coletiva. A ladeira tem inclinação média de 45 graus, com trechos que beiram os 60. Poucos corredores permanecem em pé nos primeiros segundos.

“Você só precisa ter um desrespeito pela sua própria segurança”, afirmou Chris Anderson, recordista da prova com 23 vitórias, em entrevista à CNN. Anderson começou a competir em 2005 — quebrou o tornozelo logo na primeira corrida — e, em 2007, cruzou a linha de chegada desacordado. “Isso foi um pouco confuso”, contou.

A origem do evento remonta ao século 19 e pode ter raízes em rituais pagãos para celebrar a colheita. O que era uma tradição local virou um fenômeno internacional. Vencedores vêm de países como Austrália, Egito e Estados Unidos. Mas são os moradores da região que conhecem cada irregularidade do terreno.

“Costumávamos acampar na colina, beber e nos jogar no chão”, disse Anderson, relembrando sua juventude.

As quedas fazem parte do espetáculo. As imagens, ano após ano, mostram corpos desgovernados, saltos involuntários, pernas torcidas e rostos expressando dor e adrenalina. Fraturas, luxações e concussões são comuns. Em 2023, a canadense Delaney Irving desmaiou antes da linha de chegada e só soube que havia vencido enquanto recebia atendimento médico. Já a tetracampeã Flo Early revelou ter ficado com uma deformidade permanente no ombro por conta de uma clavícula quebrada durante a prova.

Por segurança (ou tentativa dela), os organizadores — ou melhor, os “não-oficiais”, já que ninguém assume formalmente o risco do evento — afixam placas que alertam: “Você participa por sua conta e risco.” Em 2013, a polícia local chegou a advertir a fabricante do queijo, Diana Smart, então com 86 anos, de que ela poderia ser considerada responsável por facilitar o evento.

Mesmo com os riscos, muitos corredores precisam apenas de uma desculpa — ou uma dose de coragem líquida. “Hoje corro sóbrio. Sempre achei que, se você se machuca bêbado, não vão poder te dar muita coisa pela dor”, explicou Anderson, que se limita a uma lata de cerveja antes da prova.

Aos 37 anos e com uma lesão no quadril, o veterano diz que deveria estar aposentado, mas admite: se o filho de 16 anos decidir correr, talvez ele volte à colina. “Falei pra ele: ou você se compromete ou nem tente. Ir devagar é o mais perigoso — você pode ser atropelado por trás. Espero que ele seja rápido o suficiente pra escapar da carnificina.”

E o queijo? Anderson confessa: “Na verdade, não gosto. Tem um sabor bastante forte”, resumiu à CNN.

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Fonte: InfoMoney

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