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Suportar provas não está na força mas na capacidade de relaxar, diz atleta de Ironman

Suportar provas não está na força mas na capacidade de relaxar, diz atleta de Ironman

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No episódio 11 da 3ª temporada do programa Mapa Mental, no canal GainCast, Daniel de Oliveira, considerado o atleta mais resistente das Américas, relembrou sua trajetória de transformação – do bullying na infância à conquista de um dos feitos mais extremos do esporte mundial: o Double Deca Ironman.

Infância marcada pelo medo

Daniel nasceu no Rio de Janeiro, mas passou a maior parte da infância em Blumenau, Santa Catarina. Cresceu como um jovem retraído e inseguro. “Eu era muito travado, sofria bullying, era descoordenado. Eu ria da minha própria limitação”, contou. Segundo ele, era “a imagem da desgraça”, e conviveu com o medo e a vergonha até a adolescência.

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A virada aconteceu aos 14 anos, quando um conhecido o convidou para treinar musculação. Na academia, ouviu algo que mudou sua vida: “Você leva jeito. Se começar a treinar, pode virar atleta.” Aquilo foi um estalo. “Sempre fui ruim em tudo, principalmente em esporte, e agora o cara vem dizer que poderia virar atleta? Como assim?”, lembrou.

A resposta positiva do professor foi o estopim para uma transformação física e mental. “Eu entendi o que é o limite. O limite não era o meu corpo, era a minha crença sobre o que eu estava fazendo”, afirmou.

A partir dali, começou a treinar seis vezes por semana. Enquanto moldava o corpo com treinos intensos, mergulhava em bibliotecas, lia poesia, filosofia oriental e respirava meditação. “Se eu vou desenvolver o meu físico, eu quero desenvolver o meu intelectual também”, ressaltou.

Aos 16 anos, já dominava técnicas mentais que hoje usa para atravessar as maiores provas de resistência do planeta. “Quando você controla a respiração, você controla os pensamentos. Quando controla os pensamentos, você controla as emoções”, pontuou.

Do exército à praia

Daniel chegou ao exército com desempenho físico acima da média. “Eu fazia 30 barras fixas sem parar, 100 flexões de braço numa pegada só”, recordou. Mas a frustração com a estrutura e a rotina o levou a pedir baixa. “Saí estressado, frustrado, e fisicamente tinha engordado”, disse.

Na sequência, adotou uma vida alternativa como hippie, vendendo artesanato na praia. “Felicidade, liberdade e amor sempre foram os temas que mais tiveram significado para mim”, destacou.

Desafiado por um desconhecido a sustentar esses valores na vida real, Daniel decidiu voltar à cidade e cursar Educação Física. Foi nessa fase que decidiu treinar triatlo.

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Da ultramaratona ao Ironman

Inspirado por um livro sobre ultramaratona, correu 100 km apenas 10 semanas após a leitura.  Sete meses depois, já estava competindo na Espanha em uma prova mundial.

Em 2016, venceu o quíntuplo Ironman (equivalente a cinco provas de Ironman consecutivas) que são 84 horas de prova. “Eu tenho mais de 100 Ironman na minha vida. A maioria foi horrível, uma desgraça. Quanto mais você faz, mais chance de dar errado. E ainda bem-vindo à condição de ser humano”, comentou.

Já em 2019, se tornou recordista pan-americano do Double Deca Ironman, a prova de ultratriatlo mais longa do mundo, que equivale a 20 provas de Ironman, que consistem em 76 km de natação, 3.600 km de ciclismo e 844 km de corrida.

Durante o Double Deca, no México, Daniel correu 400 km com o pé inchado e uma ruptura parcial no tendão. Mesmo com o tornozelo travado e sangrando pelos pés, seguiu em frente. “Meu mantra era: só está doendo. Não tem nada de errado”, dizia para si.

Quando questionado sobre como conseguia continuar, respondeu: “Quem é você? Por que está aqui? Quando se responde isso, você lembra de todas as vezes que levantou depois de cair”.

O segredo para suportar provas que duram até 10 dias sem descanso, segundo Daniel, não está na força bruta, mas na capacidade de relaxar sob pressão.

“Relaxar o máximo. Então, a minha respiração é lenta e longa. O meu foco, minha atenção, está sempre na expiração, porque é no momento que a gente espera que a frequência cardíaca diminua, que os músculos relaxam, e a tempestade de pensamentos vira uma garoa”.

Do impossível ao extraordinário

A mentalidade que desenvolveu com a literatura oriental, aplicada ao esporte extremo, o mantém vivo e lúcido mesmo diante do caos: “Nos momentos mais caóticos da vida, a gente precisa escolher como agir. Reagir é atributo de instinto primitivo. Um ser humano deveria escolher como agir”.

Daniel reforça que o comportamento — e não o domínio técnico — é o que separa os resultados extraordinários dos medianos. “O comportamento humano diante das adversidades que surgem é o que separa quem vai para a frente e quem vai para trás”, afirmou.

Hoje, Daniel é referência mundial em ultra triatlo. Seu maior feito, segundo ele, não foi completar as provas mais longas do mundo, mas transformar uma infância limitada em uma vida de propósito, superação e disciplina.

“Nem todo dia é dia de medalha de ouro. Tem dia que é horrível. Mas esses treinos horríveis fazem parte da tua jornada. Os fracassos diários constroem o sucesso.”

— Daniel de Oliveira, recordista pan-americano do Double Deca Ironman

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Fonte: InfoMoney

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