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Ele foi executivo de empresa com mais de 1 mil funcionários, mas decidiu ser trader

Ele foi executivo de empresa com mais de 1 mil funcionários, mas decidiu ser trader

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Trader e mentor, José Mograbi foi o convidado do episódio 236 do GainCast. Ele detalhou como transformou uma carreira marcada por estresse e excesso de trabalho em uma rotina equilibrada, pautada por regras, gestão de risco e foco em ativos de qualidade.

Estresse, fé e transição

A história de José Mograbi no mercado começou em 2012, quando ainda atuava no mundo corporativo. Formado em Administração, com mestrado pela FGV, ele construiu uma carreira de 13 anos, sendo 11 deles em uma grande empresa de catering, onde chegou ao cargo de diretor.

“Com 27 anos cheguei a uma posição importante. Virei diretor de operações dessa empresa que eu fiquei 11 anos. Era uma empresa na época de 1.100 funcionários e eu era o principal executivo”, disse.

A rotina intensa o levou a um colapso físico: perdeu temporariamente a visão do olho esquerdo por conta de uma retinopatia serosa central causada por estresse extremo. O episódio se repetiu três meses depois, no outro olho.

“Minha vista esquerda apaga. Fiquei cego do olho esquerdo. Não tem cura, não tem remédio, não tem tratamento, não tem cirurgia. A fé é para quem acredita, e eu acredito. Fui curado 100%. Três meses depois eu tive no olho direito. Fiquei bom de novo. Um milagre”, recordou.

Mesmo após os episódios, seguiu por mais três anos no cargo. A virada definitiva veio quando percebeu o desequilíbrio entre trabalho, saúde e família. Com apoio da esposa, criou um plano de transição e traçou um “número mágico” para poder viver do mercado. “A gente fez conta. Acho que temos que chegar num número aqui ‘x’ que realmente a gente tenha combustível necessário no barco deixar o porto”, citou.

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Longo prazo com lógica

Mograbi começou a operar ações no gráfico diário, mas encontrou no semanal o ponto de virada. “Eu opero ações em gráfico semanal há 12 anos”, explicou. Com operações mais longas e fundamentadas, o trader defende a combinação de análise técnica com fundamentos sólidos. “Eu opero papéis que têm fundamento”, pontuou.

Com foco em ativos sólidos e gestão de risco rigorosa, Mograbi adota critérios objetivos para filtrar as ações que opera. “Seleciono papéis que fazem parte do índice IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada). Dessa forma, papéis em recuperação judicial já nem entram ali”, comentou.

Entre os exemplos de sucesso, citou uma operação com UNIP6 que rendeu 30% em quatro meses. “30% é mais do que 200 vezes o CDI hoje. A gente está falando de quatro meses. É visceral”, ressaltou.

Mograbi revelou uma prática pouco comum entre os investidores, mas poderosa: quando atingido o alvo ele zera parte da sua posição para retirar o capital investido. “Eu realizo o lucro pegando meu capital inicial investido de volta, e o ganho fica como ações residuais no papel para a vida. Tenho posição de PRIO3 desde 2017 e WEGE3 desde 2016”.

Menos trades

Apesar do foco em gráficos semanais, Mograbi também opera day trade — exclusivamente em índice futuro e com forte disciplina. Ele restringe suas operações entre 10h e 13h, e sua plataforma bloqueia novos trades após atingir o risco diário. “Minha plataforma bloqueia se eu atingir minha perda máxima diária. Não faço trade todo dia, e quando faço, é apenas um no dia”, explicou.

Ele é categórico ao afirmar que operar tempo gráfico curto é um dos maiores erros dos iniciantes. “30% do problema de trading não dar dinheiro está intimamente ligado ao uso de tempos gráficos de 5 minutos. Quanto menor o tempo gráfico, menos confiável o sinal”, disse.

Segundo ele, ao atingir o primeiro nível de risco, move o stop para o ponto de entrada. “Trade é matemática. Esse negócio de mindset… eu acho que a parte mental pesa, mas a parte mental pesa pela parte operacional”, analisou.

Mercado na medida certa

Mograbi é também mentor de traders e lidera turmas pequenas. Mais de 70% dos seus alunos chegam com histórico de operações de curto prazo, mas sem lucro. “Meu primeiro mês e meio [de mentoria] é trash. Você sente que está segurando a galera na clínica de reabilitação”, brincou.

Ele defende que a consistência não nasce da emoção, mas da técnica estruturada. “O mindset é 15% a 20%. O resto é risco, técnica e clareza operacional”.

Com um sistema disciplinado e bem definido, Mograbi estruturou sua rotina para que o mercado se encaixe na vida — e não o contrário. “Eu tenho paz. Nunca tirei férias de trade. Às 13h minha plataforma bloqueia. Eu não tenho mais o que fazer. Pego meu filho no colégio, jogo tênis, toco meus negócios”. Para ele, viver de trade não é viver para o trade.

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Fonte: InfoMoney

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