O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior afirmou nesta terça-feira (21) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que os chefes das Forças Armadas chegaram a discutir, em reuniões com Jair Bolsonaro (PL), a possibilidade de prender o ministro Alexandre de Moraes, que era presidente do TSE na época. A declaração foi feita durante o último depoimento de testemunhas de acusação no processo que apura a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Segundo Baptista Junior, a hipótese foi cogitada em um “brainstorm” com os demais comandantes e Jair Bolsonaro, mas logo foi descartada. “Eu lembro que houve essa cogitação de prender o ministro Alexandre de Moraes. E alguém comentou: ‘Amanhã o STF vai dar habeas corpus e soltá-lo. Vamos prender os outros?’. Isso foi o suficiente para encerrar o assunto”, afirmou o militar.

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Baptista Junior relatou que participou de cinco encontros com o então presidente Jair Bolsonaro no mês de novembro de 2022, após a derrota eleitoral de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As reuniões ocorreram nos dias 2, 12, 14, 22 e 24, com a presença dos comandantes das demais Forças Armadas e do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. Ele afirmou não se lembrar se o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, participou dessas reuniões.
Segundo ele, o objetivo inicial dos encontros era discutir medidas de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) diante da escalada de tensão no país, como os bloqueios nas estradas e os acampamentos golpistas. No entanto, afirmou que, a partir de 11 de novembro, ficou claro que a intenção de Bolsonaro era impedir a posse de Lula, e não garantir a segurança até a transição presidencial.
“A preocupação inicial era a paz social, evitar radicalizações e manter a estabilidade. Mas depois percebi que havia um objetivo político: evitar a posse do presidente eleito”, afirmou.
A declaração do ex-comandante reforça a tese apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta Jair Bolsonaro e seus aliados como articuladores de um plano para subverter o resultado das eleições e perpetuar o ex-presidente no poder.
Com o fim da fase de oitivas das testemunhas de acusação, o STF deve avançar nas próximas semanas para a oitiva das testemunhas de defesa e a análise da instrução processual.
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Fonte: InfoMoney