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Perigo ou oportunidade? O que muda na tese do dólar após rebaixamento dos EUA

Perigo ou oportunidade? O que muda na tese do dólar após rebaixamento dos EUA

Após mais de um século com nota máxima de crédito soberano, a Moody’s rebaixou a classificação dos Estados Unidos de AAA para AA+, citando o crescimento da dívida pública e dos gastos com juros. A medida derrubou os índices acionários do país e gerou dúvidas sobre o investimento em dólar.

Segundo o JPMorgan, os principais fundamentos que sustentaram a moeda americana nos últimos anos – o “excepcionalismo” dos EUA e a confiança estrutural nas instituições do país – começaram a se desgastar com o cenário atual, o que pode indicar uma queda do dólar no futuro frente a outras moedas, algo já perceptível nos dados recentes.

O DXY, índice que rastreia a força do dólar frente a uma cesta de outras seis moedas, caiu 1,30% nos últimos cinco dias e acumula recuo de 7,49% de no ano. Na comparação com o real, o dólar caiu para a mínima de sete meses na semana passada (R$ 5,60) – e passou a ser negociado a R$ 5,64 nesta segunda-feira (19).

Apesar das incertezas, a recomendação predominante entre analistas é manter a exposição ao dólar. Isso porque a moeda segue forte por ser amplamente usada no comércio global, enquanto os EUA continuam uma das maiores economias do mundo. Além disso, alegam, cerca de 15% dos produtos e serviços no país sofrem com a variação cambial.

Leia mais: EUA rebaixado pela Moody’s: saiba o que é a nota “AAA” e por que clube vem diminuindo

Sempre faz sentido ter dólar

Felipe Sant’Anna, especialista de investimentos da Axia Investing, disse que sempre faz sentido comprar dólares, já que a moeda americana é ativo de proteção histórico. ”Quando você dolariza, você tira o seu dinheiro do risco Brasil e protege, pelo menos um pouco, o seu poder de compra. O dólar está longe de ser um ativo perfeito e também está sujeito à riscos globais, mas não podemos esquecer que, na hora da crise, é para o dólar que o dinheiro do mundo corre”.

Luis Ferreira, CIO para Américas do EFG Capital, falou que a moeda norte-americana permanece como a principal reserva de valor global e que o juro médio dos ativos em dólares é superior ao observado em moedas como o euro, franco suíço e iene japonês. Quanto ao real, falou, a a moeda brasileira acumula uma expressiva desvalorização nos últimos 15 anos, impactada por episódios como impeachment, recessão e pandemia.

”Tais eventos reforçam a importância de diversificar e proteger o patrimônio em outras moedas, uma vez que são difíceis de antecipar”

O rebaixamento da nota de crédito acendeu sim um alerta, falou Gustavo Trotta Mendonça, especialista da Valor Investimentos, mas não mudou drasticamente a tese de investimento no país. “Os EUA seguem tendo capacidade de pagamento e uma economia extremamente resistente. Portanto, para o investidor, continua fazendo sentido manter certa exposição no mercado americano, com atenção, de certa forma redobrada ao tipo de ativo escolhido.”

Renda fixa global segue atrativa

Há diversas formas de investir em dólar, e os títulos públicos americanos continuam como destaque, segundo o UBS Group. Os atuais níveis, de acordo com o banco, oferecem oportunidades para garantir renda estável no portfólio, mesmo com o risco de alta nas taxas. A preferência é por papéis com vencimento em cerca de cinco anos, mas prazos mais longos também podem apresentar boas chances, dependendo da reação do mercado, afirmou a casa.

O rendimento do Treasury de 30 anos subiu para 5,02%, o maior nível desde novembro de 2023, enquanto os títulos de 10 anos alcançaram 4,55%.

Os títulos do Tesouro americano seguem sendo o ativo mais seguro e líquido do mundo, lembrou Rodrigo Aloi, da HMC Capital. ”Eles são amplamente usados como colateral em operações financeiras globais e, mesmo com a nota rebaixada de AAA para AA+, continuam dentro do patamar de ‘baixo risco’ nas regras do Comitê da Basileia, que regula o sistema financeiro internacional”,

Leia mais: Treasuries – o que são e como funcionam os títulos do governo norte-americano

Mudança na diversificação global

Caio Athié Teruel, economista sócio e gestor de portfólio da Cimo Family Office, concorda que o rebaixamento não muda de forma relevante o panorama geral para os investimentos. No entanto, falou, o acirramento recente da guerra tarifária alimentou um cenário global mais nacionalista, que incentivou uma maior diversificação dos investimentos internacionais, reduzindo a concentração histórica de capital nos EUA.

“Com o tempo, isso pode afetar o papel do dólar como principal moeda global em transações comerciais e reservas internacionais. Isso não significa, no entanto, que o investidor brasileiro deva voltar seu foco exclusivamente para o mercado local. O que se observa é uma mudança no padrão de diversificação: se antes o destino principal era os ativos americanos, agora cresce o espaço para ativos globais e de outros mercados emergentes.”

Um pouco de cautela

Apesar da tese de investimento na moeda da terra do Tio Sam continuar em alta, vale ter cautela na hora de investir, segundo Fernando Siqueira, head de research da Eleven Financial, especialmente quem pretende fazer a alocação nesse momento na moeda gringa.

”O maior risco é que o dólar se valorizou bastante nos últimos anos. Apesar da correção que estamos vendo esse ano, acreditamos que a tendência ainda é do dólar perder valor frente à outras moedas em função dos juros baixos, desaceleração do crescimento, piora da situação fiscal, incerteza com a politica econômica’’, disse. 

O JPMorgan, em relatório recente, também recomendou atenção para os investidores. “À medida que a trajetória do dólar americano toma uma nova direção, os investidores devem refletir cuidadosamente sobre suas exposições cambiais, especialmente considerando que a exposição ao dólar americano aumentou significativamente em diversos benchmarks globais nos últimos anos. Reduzir a exposição ao dólar por meio de sobreposições de moedas na carteira ou adicionar estratégias de hedge cambial pode ajudar a mitigar parte desse risco cambial”

Leia mais: Aprenda a investir em dólar e entenda vantagens e riscos

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Fonte: InfoMoney

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