Com a possibilidade de novos casos de gripe aviária no radar, o governo estima perdas de até US$ 200 milhões por mês com a suspensão das exportações de carne de frango para 10 países, após a confirmação de um caso da doença em uma granja comercial no Rio Grande do Sul — um dos principais estados exportadores da proteína no Brasil.
Segundo Luis Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), “ainda é difícil dizer quanto tempo durará” a crise sanitária no país, afirmou ele à EXAME.
O cálculo preliminar do governo indica que o Brasil pode deixar de exportar entre 50 mil e 100 mil toneladas de carne de frango por mês. Considerando um valor médio de US$ 2 mil por tonelada, o impacto pode alcançar até US$ 200 milhões mensais.
O secretário informou que, ao longo do fim de semana, o Mapa e seus adidos agrícolas — funcionários que representam o ministério em embaixadas e consulados — enviaram informações adicionais aos países importadores para reforçar a transparência do Brasil na condução do caso. “A medida reforça a confiança no sistema sanitário do Brasil”, afirmou Rua.
Na sexta-feira (16), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou um caso de gripe aviária em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
A confirmação levou a China — um dos principais compradores de carne de frango do Brasil — a suspender as importações por 60 dias, conforme prevê o protocolo para esse tipo de ocorrência.
Até o momento, apenas Japão e Emirados Árabes Unidos foram os dois países, entre os nove que impuseram restrições, a flexibilizar os embargos às exportações brasileiras.
Segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, há negociações avançadas com outras nações, com novos anúncios previstos ainda para esta semana, sobre a flexibilização das suspensões.
O último país a embargar as exportações foi a África do Sul.
Exportações de frango para a China
Em 2024, o Brasil exportou cerca de 4,4 milhões de toneladas de carne de aves, tendo a China como principal destino.
De janeiro a abril deste ano, o país asiático importou 140 mil toneladas da proteína brasileira, um aumento de quase 20%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), analisados pela Datagro Consultoria.
“A interrupção temporária das compras chinesas pode provocar reconfigurações pontuais nos fluxos comerciais, pressionando momentaneamente os preços internos e exigindo maior direcionamento para outros mercados — o que deve incluir esforços diplomáticos e comerciais para mitigar eventuais perdas”, afirma a Datagro em relatório.
Segundo a consultoria, a suspensão parcial dos embarques pode ser revertida, “o que reduziria de forma significativa os impactos sobre a cadeia produtiva e exportadora”.
Fonte: Exame