De olho na assembleia do 23 de maio sobre dupla listagem, o JPMorgan destacou as suas perspectivas para as ações da JBS (JBSS3) e quais operações podem ser feitas para “proteger” o investidor do evento.
O JPMorgan manteve a recomendação overweight (OW, exposição acima da média do mercado) para JBSS3, com um preço-alvo de R$ 52, destacando um potencial de valorização, apesar da recente pressão sobre as ações.
O banco continua a gostar da ação, pois (1) ainda vê um sólido momentum de alta nos lucros (e potencial de alta em relação ao consenso), já que a maioria dos negócios tem um bom desempenho em 2025 (exceto carne bovina), (2) a listagem nos EUA deve impulsionar novas reclassificações, já que a ação pode acessar bolsas de maior liquidez e é negociada a preços baixos em comparação com seus pares nos EUA.
No entanto, a ação tem apresentado desempenho inferior ao Ibovespa nos últimos dias, e o JPMorgan atribui a maior parte desse movimento a um relatório recente do consultor de procuração da Institutional Shareholders Services (“ISS”) que expõe preocupações de governança sobre o formato de listagem de ações de classe dupla (e poderes de voto de 10-1 para as ações ilíquidas, que serão detidas principalmente pelos controladores).
As ações da JBS subiram desde que a empresa anunciou um acordo privado entre seu acionista controlador e o BNDES no contexto da votação sobre a dupla listagem nos EUA, mas caíram desde que, além da ISS, a Glass Lewis divulgou suas recomendações contra a estrutura proposta.
O banco recomenda uma operação de proteção em relação a uma possível recusa dos acionistas em relação à listagem nos EUA, comprando puts (opções de venda) com vencimento em 30 de maio, diretamente ou financiadas pela venda de calls (opções de compra) fora do dinheiro.
Uma opção call dá ao titular o direito de comprar o ativo subjacente pelo preço de exercício dentro do prazo estabelecido, enquanto uma opção put confere o direito de vender o ativo pelo preço de exercício. Cada tipo serve a diferentes estratégias de mercado e previsões de movimento de preços
“Quando a JBS anunciou seu plano de listagem nos EUA em meados de março, as ações subiram 28% (de cerca de R$ 33 para R$ 42) nos quatro pregões subsequentes. Se os acionistas votarem contra essa medida em 23 de maio, vemos o risco de as ações devolverem os ganhos de meados de março”, avalia. Na última sexta-feira, a ação fechou a R$ 38,90.
Assim, recomenda o uso de opções para proteger esse risco binário e observa que os mercados de opções precificam com prêmio de risco limitado para esse evento. Por exemplo, os investidores podem comprar puts com preço de exercício de R$ 36 com vencimento em 30 de maio por R$ 0,44 (cerca de 1,1% do preço de referência de R$ 38,62).
Essa opção retornaria cerca de 7 vezes o prêmio pago se a ação fosse vendida ao seu nível pré-anúncio de listagem nos EUA. Além disso, essa put pode ser totalmente financiada com a venda de calls com preço de exercício de R$ 41,50 (recebendo um prêmio líquido de R$ 0,01), ressalta o banco.
Como a aprovação da listagem nos EUA provavelmente continua sendo o cenário base dos investidores, se isso for confirmado em 23 de maio, o banco espera apenas uma valorização moderada para a ação e se sentiria confortável em limitar os ganhos ao nível de R$ 41,50 no curto prazo, vendendo calls com esse preço de exercício.
Cabe destacar que, na última semana, o Goldman Sachs destacou ver a queda das ações após relatório da ISS e da Glass Lewis como uma boa oportunidade de entrada nos ativos.
Atualização das projeções
O JPMorgan atualizou seu modelo e reduziu a projeção de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para 2025 em uma pequena margem de 2%, para R$ 38,4 bilhões, agora 4% acima do consenso.
Para o ano de 2025, o banco estima um FCFE (Fluxo de Caixa Livre para o Patrimônio Líquido) de R$ 9,8 bilhões, um rendimento de 11,2%.
The post JBS: JPMorgan recomenda operação para se “proteger” de evento sobre dupla listagem appeared first on InfoMoney.
Fonte: InfoMoney