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BTG rebaixa ações do BB (BBAS3): ‘As coisas ainda podem piorar’

Mesmo após uma queda de 13% das ações do Banco do Brasil (BBAS3) na sexta-feira, 16, o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME) não vê um bom ponto de entrada no papel e decidiu reduzir sua recomendação de ‘compra’ para ‘neutra’.

A mudança veio após a divulgação de resultados considerados “piores do que o temido” no primeiro trimestre de 2025 e diante de sinais de que o pior pode ainda não ter passado.

“As coisas ainda podem piorar antes de melhorar”, escreveram os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura.

Eles destacaram que o balanço do banco já não apresenta a mesma robustez de anos anteriores e que a correção de 13% nas ações após o resultado foi menor do que esperavam, o que limita o potencial de valorização de curto prazo.

Agronegócio em xeque

O principal ponto de atenção segue sendo a carteira de crédito ligada ao agronegócio — que representa quase um terço de todos os empréstimos do banco.

O relatório do BTG aponta que a inadimplência nesse segmento continua subindo e já supera o que o próprio BB projetava. Parte dos produtores, segundo o banco, estaria postergando pagamentos na expectativa de medidas de alívio, como programas de renegociação.

Além disso, a aplicação da nova resolução 4.966 do Banco Central — que mudou regras de provisionamento — penalizou ainda mais o banco, justamente por conta da alta exposição ao agro. Um dos efeitos práticos foi uma redução de R$ 1 bilhão na receita, com a nova norma impedindo o reconhecimento de juros em determinados contratos.

Revisão forte nos lucros

Com os novos números em mãos, o BTG reduziu suas estimativas de lucro líquido para 2025 em 25%, projetando R$ 29,4 bilhões no ano (queda de 22% em relação a 2024).

Para 2026, a estimativa também foi cortada em 19%, para R$ 33,1 bilhões — um valor 21% abaixo do consenso de mercado.

A previsão é de que os resultados do segundo trimestre ainda venham fracos antes de alguma recuperação na segunda metade do ano.

A instituição manteve a projeção de retorno sobre o patrimônio (ROE) em torno de 17% a 18% no curto prazo, ainda assim abaixo dos anos anteriores.

Alívio pode vir do BC — ou de preços mais baixos

Segundo o BTG, a administração do BB já conversa com o Banco Central sobre a possibilidade de um tratamento diferenciado para a carteira do agro, por se tratar de uma exposição muito específica do banco e com características únicas. Caso isso aconteça, a recuperação poderia ser mais rápida.

Enquanto isso, o banco de investimentos prefere esperar. “Dado o forte desempenho recente das ações e nossa menor confiança nas estimativas de curto prazo, optamos por ficar de fora até que haja melhor visibilidade ou uma nova correção de preços.”

O novo preço-alvo foi ajustado de R$ 34 para R$ 30 — o que ainda representa um potencial de valorização de cerca de 17% frente à cotação atual.

Com um payout estimado em 40%, o dividend yield projetado para 2025 segue atrativo: 7,4%. Mas, para o BTG, isso por si só já não basta.

Fonte: Exame

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