As autoridades do Rio Grande do Sul instalaram barreiras sanitárias nas sete rodovias que dão acesso a Montenegro, município onde na sexta-feira foi confirmado o primeiro surto de gripe aviária em uma granja comercial no país, o maior exportador mundial de frango.
A medida visa isolar totalmente o foco da doença e evitar a propagação do vírus H5N1, que levou diversos países, incluindo grandes compradores como China e União Europeia (UE), a suspenderem as importações de frango provenientes do Brasil.
As barreiras, operadas pelo Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, funcionam 24 horas por dia com apoio de agentes da polícia regional e da prefeitura de Montenegro.
Os controles, distribuídos em raios de três e dez quilômetros ao redor da granja afetada, realizam a desinfecção de veículos que transportam animais vivos, ração e leite, ou que circulam por propriedades rurais. No raio de três quilômetros, até veículos particulares são desinfetados.
“Operamos com dois raios: um de três quilômetros, com duas barreiras de desinfecção e uma de bloqueio, e outro de dez quilômetros, com quatro barreiras adicionais”, explicou Francisco Lopes, diretor adjunto do Departamento de Vigilância, citado em comunicado.
As autoridades sanitárias também inspecionaram 94 propriedades de subsistência e uma granja de criação na região, de um total de 540 propriedades que pretendem visitar para avaliações e ações educativas.
As autoridades sanitárias ativaram já na sexta-feira um protocolo de emergência, que incluiu o abate de todas as aves da propriedade, a inspeção de granjas em um raio de 10 quilômetros e a declaração de emergência zoossanitária por 60 dias.
O surto gerou preocupação internacional, e países como China, União Europeia, Argentina, Chile, México e Uruguai anunciaram a suspensão das importações de frango de qualquer região do Brasil.
China suspendeu as importações
A China, principal destino do frango brasileiro — com 562.200 toneladas importadas em 2024, o equivalente a 10,5% do total —, suspendeu as compras por 60 dias.
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os mercados que suspenderam as compras representaram 26% das exportações brasileiras de frango e ovos em 2024, totalizando US$ 2,2 bilhões.
Por outro lado, países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Filipinas — importantes importadores de frango brasileiro e que reconhecem o princípio de regionalização da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) — restringiram o veto apenas aos produtos provenientes de Montenegro ou do Rio Grande do Sul.
A suspensão das importações por mercados-chave impõe desafios ao setor avícola, especialmente no Rio Grande do Sul, responsável por 15% da produção nacional e o estado mais afetado pelas fortes chuvas e enchentes de março do ano passado.
Fonte: Exame