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Israel anuncia ‘amplas operações terrestres’ e emite ordem para evacuar áreas de Gaza

O Exército de Israel anunciou o início de “amplas operações terrestres no norte e no sul da Faixa de Gaza”, onde pelo menos 50 palestinos, incluindo crianças, morreram em novos bombardeios neste domingo, segundo os serviços de emergência do enclave. Logo após o anúncio, soaram sirenes antiaéreas em Kissufim, no sul de Israel, próximo da fronteira.

Mais tarde, as forças armadas emitiram ordem de evacuação para várias áreas de Gaza por conta de “um ataque iminente”. Dirigindo-se em árabe aos habitantes de Gaza “na zona de Al Qarara, no município de Salqa e ao sul de Deir al Balah, e nos bairros de Al Ja’farawi, Al Suwar, Abu Hadab e Al Satar”, o exército anunciou: “Este é um aviso preliminar e final antes do ataque. Para sua segurança, devem se deslocar imediatamente para o oeste, aos abrigos conhecidos de Al Mawasi”.

O anúncio e a ordem de evacuação ocorrem um dia após o Exército intensificar sua campanha aérea e terrestre em Gaza, que, segundo as autoridades israelenses, visa garantir a libertação de reféns mantidos pelo Hamas e derrotar sumariamente o grupo terrorista.

Com as 50 mortes registradas neste domingo pela Defesa Civil de Gaza, já passa de 340 o número de mortos por bombardeios israelenses desde a última quarta-feira.

Também neste domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou estar aberto a um acordo que inclua o fim da ofensiva, embora tenha declarado que ele deve prever o “exílio” do Hamas e o “desarmamento” do território — devastado por mais de 19 meses de guerra — exigências, até agora, rejeitadas pelo grupo palestino.

Enquanto Tel Aviv intensificava suas operações, representantes israelenses e do Hamas iniciaram conversas indiretas no Catar, com o objetivo de pôr fim ao conflito.

O gabinete de Netanyahu informou que “a equipe de negociação em Doha está se esforçando para todas as possibilidades de acordo (…), seja no âmbito do plano Witkoff ou de um cessar dos combates”, em referência ao enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que participou de rodadas anteriores.

Uma fonte do Hamas próxima às negociações afirmou que “as posições de ambas as partes estão sendo apresentadas numa tentativa de aproximar perspectivas” e que o grupo islâmico entrou nesse diálogo com “grande flexibilidade”.

A intensificação dos bombardeios coincide com o aumento da pressão internacional devido às condições humanitárias extremas em Gaza, agravadas pelo bloqueio imposto por Israel desde 2 de março.

‘Não restou ninguém’

A Defesa Civil da Faixa de Gaza relatou neste domingo um balanço preliminar de “pelo menos 50” mortos, levados a diferentes hospitais, “devido aos contínuos bombardeios israelenses desde as primeiras horas do dia”.

Segundo o porta-voz dos socorristas, Mahmud Basal, 22 dessas vítimas morreram em um bombardeio antes do amanhecer que atingiu tendas de deslocados em Al Mawasi, no sul da Faixa de Gaza.

Ali, entre os escombros, Warda al Shaer, visivelmente abalado, disse que “todos os meus familiares se foram e não restou ninguém”.

— As crianças morreram, assim como seus pais. Minha mãe também morreu, e minha sobrinha perdeu um olho — contou al Shaer.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que todos os hospitais públicos do norte do território palestino estão “fora de serviço”, após forças israelenses cercarem o Hospital Indonésio.

Pressão sobre Israel

A intensificação da ofensiva israelense gerou críticas internacionais no sábado. O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu a necessidade de “um cessar-fogo permanente, agora”, durante uma cúpula da Liga Árabe em Bagdá.

Na declaração final, os líderes pediram financiamento para a reconstrução de Gaza e mais pressão internacional para “parar o derramamento de sangue” no território palestino.

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, pelo menos 3.193 pessoas morreram no território desde 18 de março, elevando o número total de mortos para mais de 53.300. A ONU considera esses dados confiáveis.

Fonte: Exame

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