A Marfrig anunciou nesta quinta-feira, 15, uma oferta para comprar integralmente a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão. A união cria uma empresa de receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões nos últimos 12 meses e com 38% do portfólio de produtos processados.
A oferta veio acompanhada de um anúncio de uma enorme distribuição de dividendos: a BRF vai pagar R$ 3,5 bilhões aos acionistas e os proventos da Marfrig somarão R$ 2,5 bilhões. A transação prevê a incorporação das ações da BRF pela Marfrig em uma relação de troca de 0,8521 ação da Marfrig por cada ação da BRF detida, considerando a distribuição máxima de proventos.
Atualmente, a empresa é dona de 50,5% do capital social da empresa. A dona da Sadia e da Perdigão garantiu à Marfrig acesso a outro mercado, o de aves e suínos, e a uma geração de caixa robusta, no momento em que os negócios de proteína bovina sofrem com a escassez de gado.
Desde o avanço da Marfrig na BRF, as empresas extraíram diversas sinergias. Para uma próxima etapa de capturas adicionais, a combinação de negócios é essencial. O conhecimento entre Marfrig e BRF permite uma visão clara das oportunidades existentes e mitiga o risco da execução. As sinergias já mapeadas foram agrupadas e somam um total de R$805 milhões de reais por ano, sendo entre R$400 e R$500 milhões previstos para os primeiros 12 meses e o restante no médio e longo prazo.
Na frente de receitas e custos, por meio de iniciativas de cross-selling e sinergias na cadeia de suprimentos, devemos atingir R$ 485 milhões de reais por ano. Estima-se uma redução de despesas na ordem de R$ 320 milhões de reais anuais, com iniciativas como a unificação de estrutura comercial e logística, consolidação de um sistema operacional único e otimização da estrutura corporativa.
Seguindo as regras tributárias vigentes, a companhia também poderá se beneficiar de otimização fiscal, como por exemplo, a aceleração da monetização de créditos tributários nas esferas federal e estadual. Com base em nossas estimativas atuais, essa frente deve gerar R$3 bilhões de reais a valor presente.
O movimento consolida uma fusão especulada desde 2021, quando a Marfrig avançou com apetite voraz na BRF chegando a uma participação de 25% comprada em bolsa em poucos pregões, mas prometendo uma posição ‘passiva’, o que deixou muitos investidores à época coçando a cabeça.
Ao longo daquele ano, ele foi aumentando sua participação até superar os 30% e ficar perto da barreira de um terço do capital que dispararia a necessidade de uma oferta pelo controle da companhia.
A poison pill só foi abandonada em julho de 2023, quando a BRF chamou um cheque de R$ 4,5 bilhões para reduzir seu endividamento, com boa parte bancada pela empresa de Marcos Molina, que chegou a 40%. (A Salic, dos Emirados Árabes entrou na operação e ficou com uma fatia de 16%.)
O controle inconteste veio em dezembro daquele ano, quando a Marfrig voltou às compras e gastou mais R$ 300 milhões para chegar a 50,5% do capital.
*A matéria está em atualização
Fonte: Exame