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Sete novos projetos brasileiros ganham apoio global para acelerar descarbonização

Com investimentos superiores a R$ 42 bilhões, o Brasil selecionou sete novos projetos para acelerar a descarbonização de setores industriais estratégicos e intensivos em emissões como o químico, aviação, cimento e alumínio.

O anúncio foi feito na quarta-feira, 14, pelo Acelerador de Transição Industrial (ITA), uma iniciativa global multissetorial fruto da COP28 e financiada pela Bloomberg Philanthropies e pelos Emirados Árabes Unidos.

O governo brasileiro foi o primeiro a aderir no mundo, em uma parceria do ITA com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), e colaboração com a recém-lançada Plataforma de Investimento em Transformação Ecológica e Climática do Brasil (BIP)

A nova rodada de aportes eleva para 11 o total de iniciativas apoiadas no país, representando um potencial de US$ 17,5 bilhões voltados à transição para uma economia de baixo carbono.

Segundo o ITA, todos receberão assistência técnica e estratégica para identificar desafios conectar parceiros na cadeia de valor e mobilizar soluções financeiras para visibilizar financiamento, impulsionando a implementação de tecnologias verdes.

Em dezembro de 2024, o ITA já havia anunciado European Energy, Fortescue H2V e o Green.

Novos projetos apoiados

Entre os projetos mais ambiciosos está o Solatio H2 Piauí, que prevê a construção de uma estrutura verticalizada com 14 GW de energias renováveis para abastecer uma planta industrial de hidrogênio e amônia verde.

Com capacidade de produção projetada de 2,2 milhões de toneladas por ano de amônia verde até 2030, a expectativa é posicionar o Nordeste brasileiro como potencial fornecedor global de combustíveis limpos.

No setor de aviação, a Acelen Renováveis apresentou o produto “da semente ao combustível” baseado no óleo de macaúba, planta nativa brasileira. A iniciativa prevê a implementação de um centro de pesquisa e desenvolvimento com capacidade para produzir 10,5 milhões de mudas anualmente, plantação de 180 mil hectares, cinco usinas de moagem e uma biorrefinaria.

Ao entrar em operação, o complexo deve produzir 1 bilhão de litros anuais de combustíveis renováveis, incluindo o de aviação sustentável (SAF) e diesel renovável.

“O Brasil está pronto para liderar a transição energética global, aproveitando suas vantagens comparativas em recursos naturais e potencial renovável”, disse em nota Faustine Delasalle, diretora executiva do ITA. Segundo a executiva, a organização está comprometida em mobilizar toda a cadeia de valor nacional e internacional para torná-la financiável e acelerar as decisões de investimentos.

Descarbonização profunda

No setor de cimento, responsável por aproximadamente 8% das emissões globais de CO₂, outros três projetos foram selecionados para implementar tecnologias complementares de descarbonização:

  • A Votorantim Cimentos planeja reativar uma linha de produção de argila calcinada em sua fábrica em Nobres (MT), permitindo substituir parte do clínquer (componente de alta emissão) e reduzir em até 16% as emissões do cimento produzido.
  • A Mizu Cimentos implementará unidades de pirólise em sua fábrica de Aracaju (SE), para gerar energia a partir de biomassa residual e substituir combustíveis fósseis, com potencial de redução de até 32% nas emissões.
  • O consórcio Eco Fusion, formado pelas empresas Argo Tech, Apodi Cimentos, CTEC e Self Energy, instalará gaseificadores na fábrica da Apodi em Quixeré (CE) para produzir energia a partir de resíduos, com redução inicial estimada de 10% nas emissões por tonelada de cimento.

Já na indústria de alumínio, onde o Brasil já possui uma das menores pegadas de carbono do mundo, dois projetos buscam reduzir ainda mais as emissões:

  • A Alcoa planeja eletrificar as caldeiras da Alumar, em São Luís (MA), potencialmente reduzindo as emissões da refinaria para apenas 0,6 tonelada de CO₂ por tonelada de alumínio.
  • A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) desenvolve uma tecnologia pioneira de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) para sua fundição em Alumínio (SP), visando reduzir as emissões para menos de 2 toneladas de CO₂ por tonelada do produto.

Laboratório de inovação

Rodrigo Rollemberg, secretário de economia verde, descarbonização e bioindústria do MDIC, destacou que os projetos selecionados demonstram a ambição e o progresso da neoindustrialização verde em curso no Brasil.

Segundo o secretário, a parceria com o ITA, estabelecida em julho de 2024, foi a primeira do tipo no mundo e segue inspirando acordos similares com países do Oriente Médio e Norte da África.

O ITA ressalta que a diversidade de setores, localidades e tecnologias abrangidos irá permitir o desenvolvimento de uma compreensão profunda dos desafios enfrentados pela indústria brasileira na transição para uma economia verde, possibilitando a criação de soluções personalizadas que poderão ser replicadas em escala.

Fonte: Exame

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