O Uruguai iniciou nesta quarta-feira (14) três dias de luto nacional em homenagem ao ex-presidente José “Pepe” Mujica, que faleceu na terça-feira (13), aos 89 anos, após uma batalha contra o câncer de esôfago. As cerimônias de despedida ocorrem no Parlamento uruguaio, em Montevidéu, onde milhares de pessoas já se reúnem para prestar suas últimas homenagens ao líder que se tornou um símbolo de simplicidade, resistência e compromisso social.
O velório de Mujica no Parlamento transformou o centro de Montevidéu em um ponto de peregrinação, com filas que se estendem por quarteirões. Cidadãos de todas as idades, portando flores e bandeiras, aguardam para se despedir do ex-presidente. O governo uruguaio informou que o cortejo fúnebre será realizado na manhã do dia 16 de maio, quando o corpo de Mujica será sepultado no Cemitério Central de Montevidéu.
O presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, acompanhou o traslado do corpo de Mujica desde sua residência na zona rural da capital até o Parlamento. Em uma mensagem emocionada nas redes sociais, Orsi destacou o legado do ex-presidente: “Sentiremos muito a sua falta, velho querido.”
Mujica vinha recebendo cuidados paliativos em casa, onde era assistido por sua esposa, Lucía Topolansky, também ex-vice-presidente. Diagnosticado com câncer de esôfago em 2024, Mujica optou por não seguir com tratamentos agressivos, priorizando o controle da dor e o conforto ao lado da família.
O velório de José Mujica segue até o dia 16 de maio no Parlamento uruguaio, com a presença esperada de líderes políticos, representantes internacionais e cidadãos que o consideram um exemplo de ética e simplicidade na política. O cortejo fúnebre ocorrerá na manhã de quinta-feira, encerrando uma despedida marcada por emoção e respeito.
Uma vida de luta e simplicidade
Nascido em 20 de maio de 1935, nos arredores de Montevidéu, José Mujica cresceu em uma família humilde e ingressou na política ainda jovem. Na década de 1960, tornou-se membro dos Tupamaros, um movimento guerrilheiro que combatia a ditadura militar no país. Foi preso quatro vezes e passou cerca de 14 anos na prisão, muitos deles em solitárias e sob tortura.
Após o fim do regime militar, em 1985, Mujica foi libertado graças à anistia e tornou-se uma das principais vozes da esquerda uruguaia. Em 2009, foi eleito presidente do Uruguai, derrotando o conservador Luis Alberto Lacalle, e assumiu o cargo em 2010. Durante seu mandato, adotou políticas progressistas, como a descriminalização do aborto, a regulamentação da maconha e a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O presidente mais humilde
Conhecido como o “presidente mais pobre do mundo”, Mujica recusou-se a morar no palácio presidencial e viveu em sua modesta chácara, Rincón del Cerro, com sua esposa Lucía e seu cachorro de três patas. Mesmo como presidente, doava grande parte de seu salário para instituições sociais.
“Quando estou no campo, às vezes paro para ver como um passarinho constrói seu ninho. Ele nasceu com o programa. Ele já é arquiteto. Ninguém o ensinou”, disse Mujica em uma entrevista ao New York Times, refletindo sobre sua visão simples e filosófica da vida.
Após deixar a presidência em 2015, foi eleito senador, mas renunciou ao cargo em 2020 devido a problemas de saúde. Mesmo afastado da política ativa, permaneceu uma referência ética e moral para a esquerda latino-americana e um exemplo de liderança marcada pela simplicidade e pelo compromisso social.
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Fonte: InfoMoney