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Supernova pode ser resquício de galáxia devorada pela Via Láctea

Uma nova análise dos movimentos de uma das explosões estelares mais famosas já registradas revela que ela pode não ser nativa da Via Láctea e sim ter vindo de outra galáxia. Trata-se da chamada Estrela de Kepler, uma supernova observada no céu em 1604. 

Na época, o fenômeno foi tão brilhante que pôde ser visto a olho nu – mesmo a 20 mil anos-luz de distância. O astrônomo Johannes Kepler estudou a estrela por um ano, dando a ela seu nome. Séculos depois, cientistas descobriram que se tratava de uma supernova (a morte explosiva de uma estrela).

Em poucas palavras:

  • A Estrela de Kepler, vista pela primeira vez em 1604, pode ter vindo de fora da Via Láctea;
  • Ela se move em direção à Terra, o que é incomum para estrelas originárias da galáxia;
  • Cientistas analisaram sua trajetória nos dados do telescópio espacial europeu Gaia;
  • O movimento diferente sugere origem em uma galáxia que se fundiu com a nossa no passado;
  • Supernovas “invasoras” como essa podem ocorrer a cada 60 mil anos.

Nos anos de 1970, astrônomos perceberam que os restos da explosão estavam se afastando rapidamente do centro da galáxia. Isso indicava que algo incomum havia ocorrido. A supernova parecia estar “fugindo” da galáxia em direção à Terra, o que já levantava suspeitas de sua origem.

Supernova pode ser resquício de galáxia devorada pela Via Láctea
Imagem infravermelha do Telescópio Espacial Spitzer, da NASA, mostra os restos em expansão da Supernova de Kepler, vista pela primeira vez há 400 anos. Crédito: NASA / ESA / R. Sankrit e W. Blair (Universidade Johns Hopkins)

Supernova de Kepler se move de forma diferente das vizinhas

Agora, uma equipe liderada pela pesquisadora Ping Zhou, da Universidade de Nanjing, na China, retomou a pesquisa. Eles analisaram a trajetória da Supernova de Kepler (ou SN 1604) e compararam com o movimento das estrelas vizinhas, usando dados do telescópio Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), que observa bilhões de estrelas na galáxia.

A análise mostrou que a SN 1604 se move muito mais rápido e em uma direção diferente das estrelas ao redor, o que pode significar que ela não nasceu ali. A hipótese mais provável é que o objeto tenha vindo de uma pequena galáxia engolida pela Via Láctea em uma colisão no passado.

Com base nesse estudo, disponível no repositório de pré-impressão online arXiv, onde aguarda revisão por pares, os cientistas estimam que supernovas de origem externa podem acontecer na Via Láctea a cada 60 mil anos. Isso corresponde a cerca de 1% de todas as explosões estelares observadas por aqui.

13 de maio de 2025 - 20:22
Supernova de Kepler observada pelos telescópios espaciais Chandra, Hubble e Spitzer, da NASA. Crédito: NASA / ESA / R. Sankrit e W. Blair (Universidade Johns Hopkins)

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Para o astrônomo Ofer Graur, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido (que não esteve envolvido na pesquisa), a ideia é plausível – com ressalva. Em entrevista ao site New Scientist, ele concorda que galáxias menores podem deixar estrelas para trás ao se fundirem com a Via Láctea.

No entanto, pondera que os dados antigos usados no estudo têm pouca confiabilidade. “Você pode ver a enorme diferença de precisão que vem da mudança das medições da década de 1970 para as da década de 1990”.

Zhou reconhece que os dados são antigos e com mais margem de erro, mas defende seu valor. “Mesmo com incertezas, esses registros ainda trazem informações importantes sobre o passado da nossa galáxia”.

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Fonte: Olhar Digital

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