Após registrar prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, os Correios anunciaram aos empregados, nesta segunda-feira, um pacote de medidas para reduzir despesas com pessoal.
Além do corte de gastos nessa área, a estatal adotará ações operacionais e administrativas para melhorar a eficiência e o resultado. A meta é economizar neste ano R$ 1,5 bilhão.
Entre as medidas de corte de gastos estão a prorrogação de inscrição para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) e diminuição de jornada, com redução de salários.
Fazem parte do pacote de medidas administrativas a devolução de imóveis alugados e o compartilhamento de unidades.
Veja medidas:
- Prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV);
- Incentivo à redução da jornada de trabalho, com ajuste proporcional de remuneração, em unidades administrativas;
- Incentivo à transferência voluntária e temporária de carteiros e atendentes comerciais para centros de tratamento;
- Suspensão temporária da fruição de férias, com retomada a partir de janeiro de 2026;
- Revisão da estrutura da sede da empresa, com corte de pelo menos 20% no orçamento de funções;
- Retorno ao regime de trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025;
- Lançamento de novos formatos de planos de saúde, com economia estimada de 30% para a empresa e para os empregados.
Na sexta-feira, os Correios anunciaram o prejuízo bilionário de 2024, o equivalente a mais de três vezes a perda registrada em 2023, que chegou a R$ 633 milhões, de acordo com números atualizados pela própria estatal.
O resultado negativo também superou o prejuízo de 2016, que foi de R$ 1,5 bilhão, ou R$ 2,3 bilhões em valores atualizados pela inflação.
Privatização dos Correios
O governo de Jair Bolsonaro tentou privatizar os Correios, mas a proposta foi engavetada na atual gestão de PT. As despesas com pessoal são o principal fator do problema de caixa dos Correios, que enfrenta também concorrência com gigantes estrangeiras no mercado de encomendas e entregas.
Em nota divulgada na sexta-feira, os Correios afirmaram que a sua frustração de receita observada em 2024 decorre exclusivamente dos efeitos do novo marco regulatório das compras internacionais, ou seja, a cobrança de Imposto de Importação em mercadorias. Esse imposto ficou conhecido como “taxa das blusinhas”.
Na nota, a estatal afirma que investiram R$ 830 milhões no último ano, renovando frota, modernizando a infraestrutura e ampliando sua capacidade tecnológica.
Citou também medidas como o lançamento de um marketplace próprio e a ampliação do market share internacional.
Além disso, os Correios firmaram parceria com o New Development Bank (NDB) para captar R$ 3,8 bilhões em investimentos. O processo está em andamento.
“A estatal reafirma seu papel como braço logístico do Estado, presente em mais de 5 mil municípios e essencial em momentos críticos, como o apoio à população do Rio Grande do Sul. Os Correios seguem focados em garantir sua sustentabilidade, sem abrir mão de sua missão pública de integrar o Brasil”, afirma.
Fonte: Exame