O papa Leão XIV prometeu, neste sábado, 10, dar continuidade ao “valioso legado” de Francisco e enfatizou a importância do “cuidado amoroso com os fracos” e do diálogo “corajoso e confiante com o mundo contemporâneo”.
Leão XIV fez essas declarações durante um encontro com os cardeais presentes no Vaticano após o conclave da última quinta-feira que o elegeu como o 267º pontífice da Igreja Católica.
O novo pontífice também fez, neste sábado, uma visita ao túmulo de Francisco, na igreja de Santa Maria Maior, em Roma.
Origem do nome
No encontro com os cardeais, o papa confirmou que adotou seu nome seguindo o exemplo de Leão XIII, autor da “histórica” Encíclica Rerum novarum, na qual abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial.
A reunião, realizada a portas fechadas e anunciada pela Santa Sé em um comunicado, serviu também como fórum de diálogo, solicitado por “muitos cardeais”, segundo Leão XIV, para que lhe fornecessem “conselhos, sugestões e propostas concretas”, algumas das quais já haviam aparecido nos dias anteriores ao conclave, nas congregações dos cardeais.
Leão XIV disse que estes últimos dias foram “dolorosos” devido à morte de Francisco e passou aos cardeais que eles são os “mais próximos colaboradores” do papa, o que o leva a aceitar “um fardo claramente muito superior às minhas forças, como seria para qualquer um”, referindo-se à sua eleição.
Um papa – afirmou Robert Francis Prevost – é um humilde servo de Deus, como demonstrado por seus predecessores, incluindo Francisco, “estilo de plena dedicação no serviço e de sóbria essencialidade na vida”.
“Recolhemos essa preciosa herança e retomamos o caminho” do pontífice anterior, disse Leão XIV, enfatizando que nos últimos dias sentiu “a força desta imensa comunidade que, com tanto carinho e devoção, se despediu e chorou” Francisco.
Nesse sentido, expressou seu desejo de renovar juntos “nossa plena adesão, neste caminho, à via que há décadas a Igreja universal tem trilhado na esteira do Concílio Vaticano II”.
A este respeito, recordou que Francisco atualizou o conteúdo daquele Concílio através da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, destacando alguns aspectos do mesmo.
Especificamente, mencionou “a conversão missionária de toda a comunidade cristã; o crescimento na colegialidade e na sinodalidade; a atenção ao sensus fidei, especialmente em suas formas mais próprias e inclusivas, como a piedade popular; o cuidado amoroso pelos últimos e pelos descartados; o diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo em suas diversas componentes e realidades”.
Ele explicou que, sentindo-se chamado a continuar naquele caminho, pensou em adotar o nome de Leão XIV.
“Há várias razões, mas a principal é que Leão XIII, com a histórica Encíclica Rerum novarum, enfrentou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial; e hoje a Igreja oferece a todos o seu patrimônio de doutrina social para responder a uma nova revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”, disse.
Em seu discurso aos cardeais, o papa evocou Paulo VI quando iniciou seu pontificado em 1963 e declarou que confia que “uma grande chama de fé e amor se espalhará pelo mundo, iluminando todas as pessoas de boa vontade, abrindo caminho para a colaboração mútua”
Fonte: Exame