O governo da África do Sul está em contato com as autoridades dos EUA sobre o plano do governo Trump para reassentar afrikaners brancos, a fim de garantir que o programa não ofereça uma oportunidade para fugitivos escaparem.
Um grupo de cerca de 100 afrikaners, um grupo étnico descendente principalmente de colonos holandeses e franceses, está programado para viajar para os EUA em um voo fretado na próxima semana, de acordo com dois oficiais do governo sul-africano.
A África do Sul ainda não foi informada sobre quem são essas pessoas, e as autoridades locais querem garantir que nenhum indivíduo procurado deixe o país, segundo as autoridades que pediram para não serem identificadas, pois não estão autorizados a falar com a mídia.
“Refugiados”
“Há engajamentos diplomáticos em andamento sobre essa questão em particular, bem como sobre outras questões-chave relacionadas de interesse bilateral e mútuo”, disse o porta-voz da presidência sul-africana, Vincent Magwenya, por mensagem de texto. As discussões devem continuar ao longo do fim de semana.
Conversas ocorreram nesta sexta-feira entre o vice-ministro de Relações Exteriores e Cooperação da África do Sul, Alvin Botes, e o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, informou o ministério das Relações Exteriores em um comunicado na capital, Pretória. A África do Sul buscou informações sobre o status das pessoas que viajarão para os EUA e garantias de que foram devidamente verificadas, segundo o comunicado.
Os porta-vozes da Casa Branca e do Departamento de Segurança Interna não responderam imediatamente a pedidos de comentário.
As conversas fazem parte de um esforço mais amplo do governo do presidente Cyril Ramaphosa para reparar as relações com os EUA, seu segundo maior parceiro comercial, que se tornaram cada vez mais tensas desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo em janeiro.
Trump acusou o governo de desapropriar terras de afrikaners brancos e ofereceu reassentá-los como refugiados nos EUA. Elon Musk, o bilionário sul-africano que apoia o presidente, espalhou uma teoria da conspiração de que há um “genocídio” de brancos no país.
O governo não desapropriou terras desde o fim do apartheid em 1994. Estatísticas de crime da África do Sul mostram que o maior número de pessoas assassinadas no país são jovens homens negros.
Ramaphosa disse em 24 de abril que teve uma conversa com seu homólogo dos EUA para discutir as relações entre os dois países. Durante essa conversa, Ramaphosa transmitiu a Trump que ele havia recebido informações falsas sobre o país, disse Magwenya.
“Nossa posição é que não há cidadãos sul-africanos que possam ser classificados como refugiados em qualquer parte do mundo, incluindo os EUA”, afirmou. “Pelo contrário, a África do Sul tem sido e continua a ser um lar para refugiados de todo o mundo.”
Cerca de 7% dos 63 milhões de habitantes da África do Sul são brancos, e 11% da população fala afrikaans como língua materna.
O grupo de lobby Afrikaner, Solidarity, anteriormente recusou a oferta de Trump para reassentar seus membros em fevereiro e confirmou na sexta-feira que sua posição não mudou. O grupo também não esteve envolvido na facilitação do movimento das pessoas programadas para serem reassentadas na próxima semana, disse o porta-voz Flip Buys.
A Solidarity se opõe a cotas raciais impostas pelo governo, incluindo metas obrigatórias para a contratação e promoção de pessoas dentro de grupos raciais específicos como uma forma de corrigir os desequilíbrios econômicos causados pelo apartheid, quando os sul-africanos negros foram excluídos da economia.
Em uma carta a Ramaphosa em fevereiro, a Solidarity negou ter contatado a administração dos EUA sobre um suposto genocídio contra brancos ou que fosse responsável pela “atitude negativa” dos EUA em relação ao Congresso Nacional Africano, o maior partido da coalizão governamental da África do Sul.
O New York Times informou anteriormente na sexta-feira sobre o reassentamento planejado dos primeiros Afrikaners brancos na próxima semana
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Fonte: InfoMoney
