Com uma estratégia de menor cessão de carteira de crédito e forte controle de despesas, o Banco PAN (BPAN4) deu um salto de rentabilidade no primeiro trimestre do ano.
O retorno sobre patrimônio (ROE, na sigla em inglês) ficou em 13,8%, ganho de 2,5 pontos percentuais sobre o fim do ano passado e de 1,6 p.p. sobre o três primeiros meses de 2024.
O banco, controlado pelo BTG (também do mesmo grupo controlador de EXAME), registrou lucro líquido de R$ 230 milhões, alta de 6% na comparação anual.
A receita subiu 19%, para R$ 2,44 bilhões. “Neste trimestre reduzimos muito as cessões de crédito. Nosso objetivo é ficar com mais carteira, para ‘acruar’ mais receita nos resultados”, diz o CEO André Calabro, que assumiu o cargo este ano.
A carteira de crédito subiu 19% no ano contra ano, chegando a R$ 55 bilhões. Em relação ao fim do ano, o avanço foi de 4% – um aumento de R$ 3 bilhões.
A inadimplência, contando os atrasos acima de 90 dias, avançou no período, chegando a 8,1%, uma piora em relação aos 7% do trimestre anterior.
O aumento, diz Calabro, tem a ver tanto com mudanças trazidas por uma nova resolução do Banco Central.
“A grande diferença é a cessão de carteiras vencidas de atraso longo. Pela alteração trazida pela Resolução 4966, não fizemos nenhuma cessão desse tipo para entender como as coisas vão se comportar”, explica o executivo. “Inadimplência é uma coisa super relevante para nós, monitoramos de perto, mas para os próximos trimestres não espero nenhum aumento considerável.”
Um oceano no consignado privado
Forte no financiamento a veículos e principalmente motos, bem como no consignado tradicional, o PAN está vendo uma avenida de crescimento no consignado privado.
Um ranking divulgado hoje pelo Banco Central mostra a instituição uma das que mais teve créditos aprovados na nova modalidade.
Dos R$ 10,1 bilhões em créditos aprovados até agora, o PAN foi responsável por R$ 745,3 milhões – a sexta maior, atrás de Banco do Brasil, PicPay e Caixa e mais duas financeiras: Parati e Facta.
“Começamos muito bem no consignado privado”, aponta o executivo. “O PAN é um dos cinco maiores em termos de produção e estamos tateando isso de maneira importante.”
Os resultados ainda não aparecem no balanço do primeiro trimestre, dado que a nova modalidade começou a valer apenas no fim de março.
Num mercado bastante competitivo, no primeiro mês, o diferencial para ganhar destaque neste mercado era a resposta rápida às simulações feitas por meio do marketplace disponibilizado pelo governo, diz Calabro. Até 25 de abril essa era a única forma de simular e mostrar interesse pelo novo tipo de crédito.
Desde então, os bancos têm oferecido a modalidade pelos seus canais próprios, o que mudou a dinâmica.
“Agora, de fato é uma estratégia de ativação de CRM [programa de relacionamento com o cliente], de chegar nesse cliente com uma boa abordagem e uma boa condição, em termos de prazo e taxa”, diz.
Ele aponta ainda que, do lado dos reguladores, o produto está funcionando muito bem.
“Todas as conexões com o DataPrev estão funcionando. Tem uma segunda parte que [e a conexão das empresas em relação ao script de repasse, que ainda está acontecendo. Mas a primeira parte, de oferta, público, elegível está acontecendo sem nenhum percalço.”
Num cenário de juros mais altos, a aposta do PAN segue em empréstimos com garantia. Apesar de a carteira de cartão de crédito e empréstimo pessoal – com maior risco, mas maior retorno – ser hoje maior do que era há anos no banco, a postura agora é de cautela, ressalta o CEO.
“Para créditos clean, o apetite está de fato menor. O cartão de crédito é o primeiro que sofra, assim como empréstimo pessoal. Então, nesses produtos, estamos com lupa ainda maior.”
Fonte: Exame