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Excesso de canela pode alterar o efeito de medicamentos, dizem cientistas

Excesso de canela pode alterar o efeito de medicamentos, dizem cientistas

A canela é um dos temperos mais populares mundialmente, utilizada em alimentos e também na medicina tradicional de diversas culturas. No mundo moderno, a canela é empregada para ajudar a combater condições inflamatórias e até mesmo em tratamentos de doenças mais sérias, como diabetes.

Por outro lado, o consumo excessivo pode afetar a forma como o corpo absorve certos medicamentos, de acordo com uma nova pesquisa realizada pela Universidade de Mississippi, nos EUA.

O estudo foi publicado em abril na revista científica Food Chemistry: Molecular Sciences, analisando como o tempero e alguns de seus principais componentes causam esse efeito.

Segundo os pesquisadores, pequenas quantidades de canela são benéficas para a saúde, mas o consumo frequente ou em grandes quantidades pode levar a interações medicamentosas.

Para entender como esse processo funciona, os cientistas investigaram como o óleo de canela e seus principais compostos, como o cinamaldeído e o ácido cinâmico, atuam no organismo.

Um dos autores do estudo, Bill Gurley, cientista-chefe do Centro Nacional de Pesquisa de Produtos Naturais da Universidade do Mississippi, afirmou que há um potencial para o cinamaldeído ativar receptores que aumentam o risco de interações medicamentosas.

Porém, vale frisar que nem toda canela é igual.

Segundo Amar Chittiboyina, diretor associado do centro, o óleo de canela — muito usado topicamente como antifúngico ou antibacteriano, além de aromatizante em alimentos e bebidas — não apresenta quase nenhum risco de interações entre ervas e medicamentos.

O estudo, por exemplo, mostra que a canela cássia, uma variedade mais comum no Sul da China, possui níveis mais altos de cumarina. A cumarina atua como um anticoagulante, e há pesquisas que indicam uma interação entre esse composto e o fígado, que, com o uso prolongado, pode causar doenças hepáticas.

Ou seja, se uma pessoa já utiliza medicamentos anticoagulantes, o consumo de cumarina pode ser perigoso. “Em contraste, a canela verdadeira do Sri Lanka apresenta menor risco devido ao seu conteúdo reduzido de cumarina,” afirmou Chittiboyina.

O que o estudo descobriu

O novo estudo investigou o principal composto ativo da canela, o cinamaldeído. Os pesquisadores analisaram como ele é absorvido pelo organismo, examinando os fluidos gástricos e intestinais. Eles descobriram que o composto é totalmente bioacessível em ambos os casos; ou seja, independentemente de a pessoa estar em jejum ou alimentada, o organismo consegue absorvê-lo.

Os cientistas também observaram que o cinamaldeído é rapidamente transformado em outro composto, o ácido cinâmico, e que este é capaz de ativar diversos receptores envolvidos no metabolismo de medicamentos.

Essa potencial interferência no processamento de medicamentos levou os autores a concluir que o consumo excessivo de canela pode causar interações entre ervas e medicamentos.

Por isso, eles destacam a necessidade de mais estudos para entender melhor esses efeitos. Enquanto essas pesquisas não forem concluídas, a recomendação permanece: consultar um médico antes de iniciar o consumo de suplementos de canela.

Sobre a canela

A canela é um tempero que vem da casca seca das árvores do gênero Cinnamomum. O tipo mais comum de canela vendido na América do Norte é a canela cássia, proveniente das árvores Cinnamomum aromaticum, segundo o Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa (NCCIH), que faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. Já a canela-do-ceilão, às vezes chamada de “canela verdadeira”, é originária das árvores Cinnamomum verum.

Embora alguns estudos tenham sugerido que a suplementação com canela poderia ser útil no tratamento do diabetes, são necessárias mais pesquisas para investigar esses benefícios.

Da mesma forma, embora pesquisas preliminares indiquem um possível papel do spray nasal com canela-do-ceilão no auxílio à rinite alérgica, são necessários mais estudos para confirmar se isso poderia ser um tratamento eficaz.

O NCCIH afirma que “as pesquisas não apoiam claramente o uso da canela para nenhuma condição de saúde”. Além disso, a canela não é aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para o tratamento de nenhuma condição médica.

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Fonte: InfoMoney

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