Robert Francis Prevost é o novo papa Leão XIV. A decisão do conclave aconteceu nesta quinta-feira, 8. Prevost, de 69 anos, é o primeiro pontífice da história recente a reunir em sua trajetória a formação nos Estados Unidos, a cidadania peruana e uma longa atuação pastoral na América Latina. Embora tenha nascido nos EUA, ele passou grande parte da vida fora do país e subiu na hierarquia da Igreja atuando no Peru, onde também se naturalizou.
“Ele é o menos americano dos cardeais americanos”, afirma o professor brasileiro Lucas Souza Martins, que leciona na Villanova University, universidade católica da Pensilvânia onde o Papa Leão XIV se formou.
Martins destaca que o novo Papa tem um perfil discreto e conciliador.
“Ele não era o preferido do Trump, mas também não representa a ala mais progressista da Igreja. Consegue transitar entre os dois lados”.

Villanova University, universidade católica da Pensilvânia onde o Papa Leão XIV se formou. (aimintang/Getty Images)
Formação acadêmica e perfil social
A Villanova University, localizada no subúrbio da Filadélfia, é conhecida por ser uma instituição católica com forte presença no estado da Pensilvânia. Segundo o professor, trata-se de uma universidade tradicionalmente frequentada por estudantes de maior poder aquisitivo — uma vez que está situada numa área nobre e tem mensalidades acima da média americana —, mas que sempre manteve um olhar social aguçado.
“Não é à toa que um Papa como ele tenha saído de lá. A Villanova combina estrutura, valores católicos e uma preocupação histórica com as causas sociais, o que se refletiu na atuação dele no Peru”, comenta Martins.
Continuidade com o legado de Francisco
Leão XIV foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco, com quem manteve forte proximidade nos últimos anos. Defensor de uma Igreja mais próxima dos pobres e das pessoas comuns, ele tem um histórico de compromissos com causas sociais — embora, simbolicamente, tenha adotado na primeira aparição pública um vestuário mais próximo ao de Bento XVI, sinalizando certa moderação estética em comparação ao antecessor.
“O que vemos é uma espécie de continuidade do Francisco, mas com uma leve inflexão. Como se fosse um pêndulo: não volta completamente para trás, mas ajusta o movimento mantendo a essência do pontificado anterior”, afirma o professor.
Reservado e avesso a holofotes, o novo Papa tende a manter o foco em questões estruturais da Igreja, conciliando posturas sociais com um tom mais contido — traço que pode ser chave para pacificar as tensões internas entre conservadores e progressistas dentro do Vaticano.
Fonte: Exame