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Os países mais e menos desenvolvidos do mundo em 2025, segundo a ONU

O mundo segue diante de incertezas profundas. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2025, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) global atingiu um novo recorde. Mas, por trás desse avanço, esconde-se um dado preocupante: o crescimento do IDH é o mais lento desde o início da série histórica, há 35 anos. A desigualdade entre os países mais e menos desenvolvidos, que havia diminuído por décadas, voltou a aumentar desde 2020.

“As feridas geradas pelas quedas no IDH global entre 2020 e 2021 ainda não cicatrizaram, e a recuperação desde então pode estar perdendo fôlego. Poucos anos atrás, estávamos no caminho para viver em um mundo com IDH muito elevado até 2030”, diz trecho do relatório. “Esse mundo foi adiado por alguns anos com base na tendência de 2021 a 2024. Agora, projeta-se que será adiado por décadas.”

A reversão no progresso não é uniforme, mas afeta todas as regiões do mundo. O relatório aponta que os impactos acumulados da pandemia de covid-19, da inflação global, das guerras e das mudanças tecnológicas estão dificultando a recuperação de países em desenvolvimento.

“Embora o valor global do IDH esteja projetado para atingir um recorde em 2024, o aumento será o mais baixo desde o início dos registros há 35 anos”, afirma o relatório.

Segundo a ONU, As disparidades entre países com IDH muito alto e países com IDH baixo — que vinham diminuindo há décadas — têm aumentado nos últimos quatro anos. A desaceleração dramática no progresso do IDH atinge todas as regiões em desenvolvimento.

Para o Brasil, houve avanço de cinco posições no ranking deste ano.

Inteligência artificial e novos desafios para o desenvolvimento

A edição deste ano faz um mergulho e reflete sobre o papel da inteligência artificial (IA) no futuro do desenvolvimento humano.

Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a IA representa um ponto de inflexão tecnológico. Em uma pesquisa global realizada para o relatório, cerca de dois terços das pessoas disseram esperar usar IA nas áreas de saúde, educação e trabalho já nos próximos 12 meses.

“A IA pode tanto ampliar as capacidades humanas quanto aprofundar desigualdades já existentes”, diz trecho do relatório. Sua adoção e impacto dependerão menos da tecnologia em si e mais das escolhas sociais e políticas feitas agora — sobre onde, como e por quem ela será usada.

Os economistas da ONU focam em um aspecto pouco explorado: o lado da demanda da IA. Isto é, como as pessoas estão usando essa tecnologia e como ela pode ampliar ou enfraquecer a autonomia humana.

“O valor da IA para o desenvolvimento humano não está em saber se máquinas computacionais são inteligentes, mas em como elas podem ampliar a inteligência humana”, destaca o relatório.

O potencial transformador da IA, diz a ONU, só será alcançado se governos, empresas e indivíduos forem capazes de reorganizar suas instituições e práticas, adotando políticas públicas que favoreçam a complementaridade entre humanos e máquinas, e não a substituição.

“A principal razão para considerar o lado do usuário da inteligência artificial é que, historicamente, o impacto da inovação tecnológica na melhoria da produtividade e no aumento do padrão de vida dependeu de mudanças complementares na organização da atividade econômica — e não simplesmente da substituição de tecnologias antigas por novas”, diz o relatório.

As transformações na organização da produção econômica durante a transição da energia a vapor para a eletricidade, defendem os economistas da ONU, são um exemplo bem documentado e frequentemente usado para explicar o intervalo entre a adoção de tecnologias digitais e os ganhos de produtividade.

“Além disso, apenas uma pequena fração do valor social da inovação foi apropriada pelos inovadores. Por uma estimativa, os empreendedores digitais do final dos anos 1990 apropriaram-se de apenas cerca de 7% do valor adicional criado pelas novas empresas digitais nos Estados Unidos. A contabilização do valor dos bens digitais em 13 países acrescentou US$ 2,5 trilhões em bem-estar do consumidor (ou 6% do PIB combinado desses países), com ganhos de bem-estar proporcionalmente maiores para países e indivíduos de renda mais baixa”, aponta o documento.

Narrativas distorcidas sobre a IA

O relatório também alerta para os riscos de se adotar narrativas distorcidas sobre a IA, que sugerem que ela pode substituir integralmente a inteligência humana.

“Aproveitar o poder da IA para ampliar o poder dos humanos exige questionar narrativas enganosas de que a IA pode replicar e substituir a inteligência humana”, defende a ONU.

Para eles, focar apenas na automatização é reduzir o potencial tanto das máquinas quanto das pessoas e pode resultar em perdas de empregos, práticas laborais exploratórias e impactos ambientais consideráveis devido à alta demanda energética.

A abordagem mais promissora, portanto, é a que aliar o capital humano com IA na personalização de serviços, no estímulo à criatividade e no acesso ampliado ao conhecimento acumulado pela humanidade. Ainda assim, o relatório lembra: “Apesar de todas as utilidades da IA, sua incapacidade de assumir responsabilidade a torna inapta para desempenhar muitos papéis na sociedade”.

O relatório termina com um alerta: nenhum caminho futuro está escrito nas estrelas, e a tecnologia por si só não garantirá o desenvolvimento. Para que a inteligência artificial seja uma aliada e não um vetor de desigualdade, é preciso adotar políticas que estimulem a colaboração entre humanos e máquinas, que valorizem a educação crítica e inclusiva e que protejam trabalhadores e instituições sociais.

“A IA pode ser vista como uma nova página em branco no manual do desenvolvimento. Cabe às sociedades decidirem como escrevê-la”, conclui o PNUD.

O novo ranking de IDH: os países mais e menos desenvolvidos

O ranking do desenvolvimento humano, que avalia 193 países e territórios com base em expectativa de vida, educação e renda per capita, foi atualizado com dados referentes a 2023. Quanto mais próximo de 1 for o valor do IDH, mais desenvolvido é o país.

Os 10 países mais desenvolvidos do mundo:

PosiçãoPaísIDH
1Islândia0,972
2Noruega0,970
2Suíça0,970
4Dinamarca0,962
5Alemanha0,959
5Suécia0,959
7Austrália0,958
8Hong Kong (China)0,955
8Países Baixos0,955
10Bélgica0,951

Fonte: HDR 2025, Statistical Annex, Table 1 / Os dados dizem respeito ao ano de 2023, embora o relatório seja de 2025

Os 10 países menos desenvolvidos do mundo:

PosiçãoPaísIDH
184Iêmen0,470
185Serra Leoa0,467
186Burkina Fasso0,459
187Burundi0,439
188Mali0,419
188Níger0,419
190Chade0,416
191República Centro-Africana0,414
192Somália0,404
193Sudão do Sul0,388

Fonte: HDR 2025, Statistical Annex, Table 1 /Os dados dizem respeito ao ano de 2023, embora o relatório seja de 2025

Fonte: Exame

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