Por Agapito Sobrinho, CEO da BBM Logística.
Com o avanço da inteligência artificial (IA), empresas em todo o mundo estão revolucionando suas operações, automatizando processos e melhorando a experiência do cliente. Contudo, ao mesmo tempo que a IA oferece soluções como rastreamento em tempo real e previsão de atrasos, ela ainda não consegue substituir completamente o valor de uma interação humana em momentos críticos.
A transformação no atendimento ao cliente
A IA está transformando o atendimento ao cliente com a promessa de melhorar eficiência, rapidez e personalização. Muitas empresas já colhem os frutos dessa revolução tecnológica, mas será que a automação total é realmente o caminho ideal?
Eu diria que, apesar dos avanços, a interação humana continua sendo um pilar insubstituível para um atendimento de qualidade.
A empatia e a automação: a verdade inconveniente
Na corrida desenfreada para implementar inteligência artificial no atendimento ao cliente, as empresas não podem esquecer de uma “verdade inconveniente”: robôs não têm empatia.
É tentador deixar-nos seduzir pelos impressionantes números da automação mundo afora. Segundo estudos de mercado, empresas que adotam IA reduzem custos operacionais em até 40%.
Exemplos de empresas que utilizam IA
O Bank of America, por exemplo, economizou milhões com sua assistente virtual Erica. Já a Delta Airlines usa IA para auxiliar passageiros em reservas, rastreamento de bagagens e atualizações de voo, proporcionando um serviço mais ágil e reduzindo filas nos balcões físicos.
Iniciativas como essas acima mencionadas mostram como a IA pode otimizar processos e melhorar a experiência do cliente. Contudo, é preciso questionar: estamos realmente melhorando a experiência do cliente ou apenas cortando custos?
O papel do atendimento humano na experiência do cliente
Enquanto as planilhas financeiras brilham, uma estatística é frequentemente ignorada: 64% dos consumidores ainda preferem atendimento humano, conforme estudo do Gartner. Por quê? Porque problemas complexos exigem uma certa compreensão que algoritmos ainda não dominam.
Apesar dos benefícios claros, há situações em que a IA simplesmente não dá conta. Imagine um cliente corporativo enfrentando um atraso crítico em uma entrega de alto valor ou um consumidor frustrado porque seu pedido foi extraviado. Nessas ocasiões, respostas genéricas de chatbots podem agravar o problema. É por isso que o ideal é contar com sistemas híbridos: enquanto a IA prevê atrasos e oferece alternativas automaticamente, humanos entram em ação para resolver questões mais sensíveis.
A visão das empresas sobre IA no atendimento ao cliente
As empresas verdadeiramente visionárias não enxergam a IA como substituta, mas como amplificadora do potencial humano.
O cliente não quer saber da sua IA
Sejamos honestos: seu cliente não está impressionado com seu avançado sistema de IA. Ele quer respostas rápidas para perguntas simples e um ser humano compreensivo para questões complexas.
A maioria das pessoas tolera chatbots para consultas básicas, mas quando o problema é sério, a frustração com respostas genéricas pode destruir a lealdade à marca.
O equilíbrio entre IA e atendimento humano
Apesar dos avanços, a interação humana continua sendo um pilar insubstituível para um atendimento de qualidade. A verdadeira inovação está no equilíbrio. Use IA para o atendimento 24/7, respostas instantâneas e triagem eficiente, mas mantenha humanos acessíveis e capacitados para momentos cruciais. Porque no fim do dia, enquanto algoritmos processam dados, são pessoas que constroem relacionamentos.
Tecnologia com humanidade
A inteligência artificial no atendimento ao cliente é uma ferramenta poderosa quando usada corretamente. Ela pode acelerar processos, reduzir custos e até melhorar a experiência do consumidor. No entanto, as empresas precisam lembrar que tecnologia sem humanidade é apenas eficiência vazia.
O verdadeiro diferencial está no equilíbrio: usar a IA para tarefas simples e garantir que humanos estejam disponíveis para momentos críticos.
No mundo hiperconectado de hoje, onde as interações digitais são cada vez mais comuns, talvez o maior luxo seja algo surpreendentemente simples: ser ouvido por outro ser humano.
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Fonte: Exame