A troca no comando do Ministério da Previdência, com a saída de Carlos Lupi e a nomeação de Wolney Queiroz, acirrou divergências internas no PDT e levou o ex-presidenciável Ciro Gomes a criticar publicamente o partido. Em comentário nas redes sociais da legenda, Ciro classificou a substituição como uma “indignidade inexplicável” e disse estar “muito envergonhado”.
Lupi deixou o ministério na sexta-feira (3), após desgaste gerado por operação da Polícia Federal que investiga irregularidades em descontos previdenciários desde 2019. Embora não seja alvo da investigação, Lupi teve sua posição enfraquecida após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir substituir o diretor do INSS, indicado por ele.
Segundo o jornal O Globo, a escolha de Wolney partiu diretamente de Lula, sem consulta à bancada pedetista na Câmara, o que foi mal recebido por parlamentares do partido, que consideraram o gesto uma desconsideração à sigla. “Wolney tem amizade muito forte com Lula há muito tempo (…), mas a indicação dele não passou pelo partido”, afirmou o deputado André Figueiredo (PDT-CE) ao jornal.
Ainda de acordo com O Globo, Wolney é visto com reservas por Ciro Gomes, que já havia se queixado da falta de apoio do novo ministro à sua candidatura em 2022. À época, o ex-deputado demonstrou simpatia pela campanha de Lula e participou do gabinete de transição do governo petista.
A demissão também ocorre em um momento de fragilidade do PDT. O partido, que viu sua representação na Câmara cair de 28 para 17 deputados entre 2018 e 2022, corre o risco de não superar a cláusula de barreira em 2026. Para se manter competitivo, a legenda negocia uma federação com siglas da base de Lula, como o PSB e o Cidadania.
Carlos Lupi reassume agora a presidência do PDT, cargo que ocupa desde 2004, e liderará as negociações para fortalecer a posição do partido nas eleições. De acordo com o jornal, internamente, integrantes do PDT avaliam que Ciro, apesar de ter descartado nova candidatura à Presidência, segue ativo na tentativa de influenciar os rumos da legenda.
Ainda assim, o PDT enfrenta pressões por desfiliações. No PSB, partido que já abrigou Cid Gomes, irmão de Ciro, cerca de 40 prefeitos e vários ex-parlamentares do PDT já migraram nos últimos meses, acentuando a crise interna da legenda.
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Fonte: InfoMoney
