Uma molécula produzida por um fungo que vive na pele humana pode ajudar a criar um antibiótico contra um patógeno responsável por meio milhão de hospitalizações anualmente nos Estados Unidos.
De acordo com o estudo da Universidade do Oregon publicado na Current Biology, a levedura conhecida como Malassezia devora óleo e gorduras da pele humana para produzir ácidos graxos que eliminam seletivamente o Staphylococcus aureus.
Uma em cada três pessoas tem Staphylococcus aureus inofensivamente alojado no nariz, mas a bactéria pode causar complicações em feridas abertas, escoriações e cortes. É a principal causa das chamadas infecções estafilocócicas, que ocorrem em tecidos moles.

Como foi feita a pesquisa?
- Os pesquisadores analisaram amostras de pele humana de doadores saudáveis e realizaram experimentos com células da pele em laboratório;
- Eles descobriram que a espécie fúngica Malassezia sympodialis transformava lipídios do hospedeiro em ácidos graxos hidroxilados antibacterianos;
- Esses ácidos graxos agiram como detergentes, destruindo as membranas do Staphylococcus aureus e causando o vazamento de seu conteúdo interno;
- O ataque impediu a colonização do Staphylococcus aureus na pele e, por fim, matou a bactéria em apenas 15 minutos.
Leia Mais:
- Infecções por bactéria comedora de carne mais que dobraram nos EUA
- Fungo Negro: conheça a doença rara que afeta o sistema imunológico e pode até ser fatal
- Diabetes pode acelerar surgimento de bactérias resistentes a antibióticos

Fungo não é solução mágica
Após um longo período de exposição, no entanto, as bactérias estafilococos se tornam tolerantes ao fungo — como geralmente acontece quando há excesso de antibióticos clínicos.
Os pesquisadores, então, analisaram a genética do patógeno e descobriram uma mutação no gene Rel, que ativa a resposta bacteriana ao estresse. Isso evidencia que o ambiente hospedeiro de uma bactéria e as interações com outros micróbios podem influenciar sua suscetibilidade a antibióticos.
“Há um interesse crescente na aplicação de micróbios como terapêutica, como a adição de bactérias para impedir o crescimento de um patógeno”, disse Caitlin Kowalski, pesquisadora de pós-doutorado na UO que liderou o estudo. “Mas isso pode ter consequências que ainda não compreendemos completamente. Embora saibamos que os antibióticos levam à evolução da resistência, isso não tem sido considerado quando pensamos na aplicação de micróbios como terapêutica.”
O post Fungo que vive na nossa pele cria antibiótico poderoso apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: Olhar Digital