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Como a revolução das bicicletas elétricas está mudando o transporte urbano no Brasil

Nas paisagens urbanas brasileiras, uma transformação silenciosa ganha espaço: a ascensão da bicicleta elétrica, ou e-bike. A mudança surge como uma resposta aos desafios da mobilidade moderna, como os altos custos dos combustíveis, os engarrafamentos e a crescente demanda por alternativas de transporte sustentáveis e eficientes.

Este veículo que anda com assistência de um motor elétrico conquista ruas, ciclovias e até trilhas, impulsionando um mercado nacional em expansão.

Exploramos em detalhes esse fenômeno, analisando os números, os protagonistas desse mercado, obstáculos e as perspectivas futuras.

O mercado brasileiro de bicicletas elétricas

  • Os dados do mercado nacional de bicicletas elétricas revelam um crescimento exponencial.
  • Em 2022, foram comercializadas 44.833 unidades, um aumento de 10,5% em relação a 2021, ano que já havia registrado o maior volume até então.
  • Financeiramente, o setor movimentou R$ 304,9 milhões no mesmo ano, um acréscimo de 5,4% em relação ao ano anterior.
  • Em 2024, estima-se que foram vendidas entre 56.005 e 60.612 bicicletas elétricas no Brasil — que pode ter ultrapassado em 2025 a marca de 300 mil e-bikes comercializadas desde 2016.
  • As informações são da Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas).
Como a revolução das bicicletas elétricas está mudando o transporte urbano no Brasil
Brasil pode ter ultrapassado este ano a marca de 300 mil e-bikes comercializadas desde 2016. (Imagem: Spic/Shutterstock)

Seja atraindo novos usuários para o ciclismo ou substituindo outros meios de transporte, o crescimento brasileiro acompanha uma tendência global promissora, que pode alcançar 49 milhões de unidades vendidas até 2029.

Além dos benefícios aos ciclistas que são inerentes ao uso da bicicleta, há também as vantagens diretas para as cidades, inclusive orçamentárias, no estímulo a este meio de transporte saudável e não poluente

Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike

Quem produz e vende e-bikes no Brasil?

O mercado brasileiro de e-bikes é alimentado por duas frentes: a produção local e importação. Marcas nacionais como Caloi e Sense Bike, com produção no Polo Industrial de Manaus (PIM), dividem espaço com importadoras de renome internacional, como Giant, Merida, Trek e Specialized.

A produção local, focada na montagem de componentes importados, responde por uma parcela significativa do mercado, mas ainda depende da importação de componentes, especialmente baterias e motores.

e-bike
Marcas nacionais dividem espaço com importadoras. (Imagem: Microgen / Shutterstock)

Uma análise recente da Aliança Bike revela que 54% do valor do mercado de e-bikes (excluindo modelos autopropelidos) é gerado por bicicletas urbanas, enquanto 44% provém das e-MTBs (mountain bikes elétricas), focadas no uso esportivo e recreativo.

As mountain bikes elétricas, apesar de representarem uma menor parcela, possuem um preço médio notavelmente mais alto, impactando o faturamento total do setor.

Quanto custa uma e-bike no Brasil?

O preço de uma bicicleta elétrica no Brasil varia de modelos básicos a partir de R$ 5.000 até opções premium importadas que podem ultrapassar os R$ 70.000. Fatores como marca, capacidade da bateria, potência do motor, materiais do quadro e componentes influenciam essa variação.

Apesar do investimento inicial, o custo operacional de uma e-bike é consideravelmente baixo, especialmente em comparação com veículos a combustão. A manutenção, similar à de bicicletas convencionais na parte mecânica, exige atenção ao sistema elétrico, com a bateria sendo um componente de custo significativo para uma eventual substituição.

Bicicleta elétrica
Predominância de modelos urbanos indicam que a grande motivação de compra do brasileiro é a utilidade das e-bikes como meio de transporte. (Imagem: Halfpoint/Shutterstock)

A alta carga tributária é frequentemente apontada como um fator que encarece as e-bikes no país. Reduzir essa carga poderia tornar as bicicletas elétricas acessíveis a uma parcela maior da população, argumentam especialistas.

Onerar excessivamente o setor de bicicletas não faz jus aos benefícios diretos que o uso da bike traz para a sociedade

Rodrigo Coelho, presidente do Conselho Deliberativo da Aliança Bike

O mercado de bicicletas elétricas usadas acaba surgindo como uma alternativa mais acessível, democratizando o acesso a essa tecnologia. Em 2024, por exemplo, as vendas de e-bikes de segunda mão registraram um aumento de 12% em 2024 no Brasil, segundo levantamento da OLX.

A bicicleta se consolida como um meio de transporte prático e ecologicamente correto. A economia circular e o prolongamento da vida útil dos produtos são cada vez mais valorizados pelos consumidores

Flávio Passos, VP de Autos e Bens de Consumo da OLX

O perfil do brasileiro que prefere andar de e-bike

A busca por alternativas ao trânsito e aos altos custos de transporte impulsiona muitos trabalhadores urbanos a adotarem a e-bike para deslocamentos diários. A assistência elétrica, por sua vez, atrai pessoas que considerariam o ciclismo tradicional mais exigente, como idosos e aqueles que buscam uma forma de exercício mais suave.

A economia no uso diário, os benefícios à saúde e a crescente preocupação com a sustentabilidade também são fatores cruciais.

1 de maio de 2025 - 15:58
Assistência elétrica atrai idosos e aqueles que buscam uma forma de exercício mais suave. (Imagem: PeopleImages.com – Yuri A/Shutterstock)

Regulamentação e infraestrutura: em que pé estamos?

A Resolução nº 996 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), publicada em junho de 2023, representou um marco regulatório importante para o setor, buscando uniformizar as regras para bicicletas elétricas e outros veículos de mobilidade individual.

  • A resolução define a bicicleta elétrica como um veículo de propulsão humana com motor elétrico auxiliar de até 1000 Watts, funcionando apenas com o pedal assistido e com assistência limitada a 32 km/h.
  • Para serem consideradas bicicletas elétricas, os veículos devem possuir indicador de velocidade, campainha, sinalização noturna, espelhos retrovisores e pneus em boas condições, dispensando emplacamento, registro, licenciamento e CNH/ACC.
  • A circulação deve ocorrer preferencialmente em ciclovias, ciclofaixas ou acostamentos, seguindo as regras do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) para bicicletas. O uso de capacete é obrigatório.

A regulamentação foi um passo importante para dar segurança jurídica ao setor, avaliou Daniel Guth, da Aliança Bike, em entrevista ao Estadão.

Paralelamente à regulamentação, a expansão da infraestrutura cicloviária nas cidades brasileiras é crucial para o crescimento seguro e eficiente do uso de e-bikes. No entanto, a escassez de locais seguros para estacionamento e recarga ainda são obstáculos.

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Os desafios para o futuro

A popularidade crescente das e-bikes no Brasil se justifica por uma série de benefícios: ausência de emissões poluentes, baixo custo operacional, promoção da saúde e bem-estar, conveniência na mobilidade urbana e potencial para redução do tráfego.

O mercado nacional de bicicletas elétricas vive um momento de grande potencial. O crescimento expressivo, impulsionado por diversos fatores, indica uma tendência que veio para ficar. No entanto, a consolidação desse segmento dependerá da superação de desafios como o alto custo inicial, a infraestrutura inadequada e a segurança no trânsito.

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