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Incerteza nos EUA impulsiona fluxo para emergentes e fortalece real, aponta XP

Incerteza nos EUA impulsiona fluxo para emergentes e fortalece real, aponta XP

O temor crescente com a sustentabilidade da dívida dos Estados Unidos está levando investidores a repensarem a ideia de que os títulos do Tesouro americano são um “ativo livre de risco”. Em evento da XP com gestores em Washington, durante as reuniões do FMI e do Banco Mundial, a percepção foi clara: há um receio crescente com os rumos da economia americana. “O excepcionalismo americano pode estar se tornando um isolacionismo até perigoso”, afirmou Caio Megale, economista-chefe da XP.

Com uma dívida pública equivalente a 150% do PIB e juros próximos a 4% ao ano, os Estados Unidos enfrentam uma pressão crescente sobre sua credibilidade fiscal. Para Megale, essa combinação mina a confiança no dólar como porto seguro e gera impacto nos fluxos de capital ao redor do mundo. A consequência é um ambiente mais volátil, onde os investidores buscam alternativas fora do radar tradicional.

Brasil surpreende e atrai investidores

Apesar do cenário de incerteza global e da tendência histórica de fuga de capital em tempos turbulentos, o Brasil tem se beneficiado da conjuntura. Victor Scalet, estrategista macro da XP, destacou que o real teve desempenho surpreendente após o chamado “Liberation Day” — marco simbólico para a nova fase protecionista dos EUA —, com valorização cambial e recuo na curva de juros.

“Todo mundo esperaria um efeito negativo, mas o câmbio se fortaleceu e os gringos voltaram a apostar no Brasil”, explicou Scalet. Segundo ele, fatores como os juros reais elevados (na casa de 14% a 15%) e a baixa volatilidade do real no curto prazo tornaram o país mais atraente, mesmo com incertezas fiscais domésticas.

Protecionismo brasileiro vira trunfo temporário

A natureza fechada da economia brasileira, geralmente vista como obstáculo ao crescimento, acabou funcionando como escudo neste momento. “É horrível no longo prazo, mas protege no curto. Somos menos sensíveis a tarifas globais”, disse Scalet, referindo-se à guerra comercial instaurada pelos Estados Unidos. O Brasil, por ser menos integrado às cadeias globais, sofre menos com as medidas protecionistas adotadas no exterior.

Isso se reflete no fluxo de capitais. Investidores estrangeiros voltaram a aplicar em ativos locais, como juros e moeda, sem realizar hedge cambial — ou seja, assumindo risco duplo em real e nos títulos. “Eles estão se financiando a 4% e ganhando 14% no Brasil. Mesmo com volatilidade, o prêmio compensa”, explicou.

Fatores locais perdem influência no curto prazo

Apesar das preocupações internas — como a situação fiscal brasileira e decisões de política econômica —, o movimento recente de apreciação do real e compressão dos juros tem sido guiado mais pelo contexto internacional do que por fatores domésticos. “Estamos sendo operados pelo mundo, não por Brasília”, avaliou o estrategista.

Segundo Scalet, isso explica por que decisões locais que antes geravam reações imediatas nos preços de ativos estão passando praticamente em branco. “O cenário global está tão peculiar que neutraliza, ao menos no curto prazo, os riscos idiossincráticos do Brasil.” Para a XP, esse ambiente cria uma janela de oportunidade para investidores internacionais, mesmo que os riscos internos permaneçam latentes.

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