A WEG cai mais de 10% no pregão de hoje em reação aos resultados do primeiro trimestre, marcando um ajuste nas expectativas do mercado em relação à rentabilidade que vem abaixo do esperado já há alguns trimestres.
A correção vem em cima de um rali que tinha valorizado os papéis em mais de 10% no último mês, contra apenas 2% do Ibovespa, ressalta o JP Morgan em relatório, onde já atencipava uma reação negativa expressiva nesta sessão.
Impactada tanto pelo mix de receitas – com crescimento forte no segmento de geração solar centralizada, de menores margens – quanto pelo aumento dos custos de matérias-primas, especialmente o cobre, a margem bruta da companhia ficou em 32,9%, chegando ao menor nível desde o terceiro trimestre de 2023.
SAIBA ANTES: Receba as notícias do INSIGHT no seu Whatsapp
O retorno sobre capital investido (ROIC) ficou em 33,2%, 5,7 pontos percentuais abaixo dos primeiros três meses de 2024.
Outro ponto de atenção do mercado foi o aumento nas despesas gerais e administrativas, um reflexo em grande parte de uma dificuldade maior que o esperado para integrar os ativos da Regal, adquiridos em setembro de 2023.
“Como esse é o terceiro trimestre seguido com margens abaixo do esperado, acreditamos que o mercado definitivamente vai reduzir suas projeções para rentabilidade”, escreveram os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) em relatório.
Nos três primeiros meses do ano, a companhia reportou um lucro de R$ 1,55 bilhão, alta de 16,4% na comparação anual, mas 10% abaixo do consenso de mercado.
Disparada na demanda por geração solar
Boa parte da queda das margens tem a ver com o perfil das vendas voltadas para o segmento de geração solar.
A receita com a área mais do que dobrou na comparação com o primeiro trimestre de 2024, refletindo tanto a forte demanda por geração distribuída, mas principalmente a entrega de alguns projetos de geração centralizada, que são de maior porte e tem menor margem.
Em teleconferência com analistas, o CFO da WEG, André Luís Rodrigues afirmou que as entregas de geração centralizada previstas para o ano estavam mais concentradas no primeiro trimestre do ano, com parte delas também segundo prevista para o segundo.
REVISTA EXAME: O triunfo da energia verde: A WEG começa a fase mais ambiciosa da sua história
Mas afirma que a composição deve mudar a partir do segundo semestre. “Isso pode mudar, mas com a carteira que temos hoje, esperamos uma desaceleração dessas entregas na segunda metade do ano”, afirmou.
Olhando a carteira de pedidos, a avaliação é que a geração descentralizada ainda deve continuar com desempenho forte.
Outro ponto que chamou atenção dos analistas foi o aumento das despesas gerais e administrativas, que subiram 37%, acima do crescimento da receita, de 14% em reais no período – o que reduziu a margem EBITDA.
De acordo com a companhia, esse aumento tem a ver com a integração dos ativos de motores elétricos e geradores da Regal, feita em setembro de 2023, bem como da turva Volt, comprada um ano depois.
“A WEG continua a carregar o peso da aquisição da Regal, que ainda não está performando nos níveis da companhia”, destaca o BTG.
O CFO ponderou ainda que há um efeito de mix nessa conta, pois o segmento de geração solar tem despesas maiores, incluindo frete internacional.
Tarifas
No call, a WEG também deu algum norte sobre sua leitura a respeito da guerra tarifária.
Uma das maiores multinacionais de origem brasileira, a WEG afirmou que sua diversificação tanto em mercados de atuação quanto em geografias é uma vantagem neste momento.
“Por enquanto não mudamos absolutamente nada no nosso plano estratégico. Ainda tem muita incerteza, mas não vimos necessidade de reestruturação”, afirmou Rodrigues.
Hoje, a empresa tem seus principais polos industriais no Brasil, no México e na China. “O México segue abastecendo América do Norte; Brasil, América do Sul e um pouco América do Norte também; enquanto China e Índia atendem mercados domésticos e região.
Os investimentos em ampliação de capacidade em transformadores e motores no México seguem como previsto, bem como a entrada no mercado de tintas industriais no país.
A companhia disse que ainda não sente efeitos de uma eventual desaceleração global ou da parada de investimentos das empresas na sua carteira de pedidos.
“Não mudou nada na nossa expectativa em relação a crescimento”, disse o CFO.
Os negócios de ciclo mais curto de pedidos, como de motores e equipamentos eletroeletrônicos industriais (EEI) já tiveram uma demanda menos aquecida nos Estados Unidos no último trimestre por conta das incertezas em relação à eleição.
Mas, apesar da desaceleração da receita com esse segmento no primeiro trimestre, a carteira de pedidos tem evoluído bem, o que sinaliza alguma retomada à frente, segundo o executivo.
Apesar da reação negativa, os analistas mantêm sua recomendação de compra para o papel. O JP Morgan tem preço-alvo de R$ 50,47, potencial de alta de 11% em relação à cotação atual.
“Apesar dos riscos de recessão trazidos pelas tarifas, a demanda por equipamentos eletroeletrônicos industriais e transmissão e distribuição continua forte no Brasil e no mercado internacional, o que dá força para a receita e a expansão de margens nos próximos trimestres”, destacou o BTG.
“Mais importante que isso, a longa carteira de pedidos da WEG nos dá conforto para os números de curto prazo.”
Ir para o conteúdo original: https://exame.com/insight/weg-cai-10-com-frustracao-de-margens-empresa-nao-ve-grande-impacto-de-tarifaco/p/