A federação União Progressista, resultado do União Brasil com o Progressistas (PP), foi lançada nesta terça-feira (29) com disputas internas ainda não resolvidas e sinais de afastamento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as eleições de 2026, embora conte com quatro ministérios na gestão petista.
Primeiro foi selada a federação, para depois acabarem de resolver disputas internas. No entanto, há quem cite divergências irreconciliáveis nos estados, e rixas até hoje entre quem era do PSL e do DEM, que resultaram no União. Por isso, tem quem não descarte migrar para outros partidos, como o PSD, na próxima janela partidária.
Apesar da possibilidade de uma debandada, a perspectiva é que o tamanho da federação a cacife para ocupar um papel central nas eleições de 2026.
Se por um lado o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem carta branca no momento para seguir com a pré-candidatura ao Planalto — ele era um dos mais sorridentes no evento desta terça –, o cenário está em aberto. Depende de conversas e costuras com Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, além da própria viabilidade eleitoral dos postulantes.
A tendência é que a federação se afaste do governo Lula, embora mantenha ministros na gestão petista. Titulares de pastas estavam presentes no lançamento da federação, embora alguns a tenham criticado antes em privado. A minoria governista nem ficou tanto na frente do palco montado.
A intenção da federação é ainda emplacar pelo menos 70% dos candidatos a governador em 2026. Algumas pré-candidaturas estão sendo desenhadas. No Paraná, Sergio Moro (União Brasil) deve concorrer internamente contra Cida Borghetti (PP), por exemplo. Na Paraíba, o líder do União no Senado, Efraim Filho, e o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) são pré-candidatos ao governo estadual.
Ao longo deste ano, a federação vai monitorar quem tem o projeto eleitoral mais viável nos estados, para então definir os candidatos, o que pode gerar novos descontentamentos.
Até mesmo o comando da federação sofreu disputas pesadas. A solução foi que, de início, a direção da federação vai ser compartilhada entre Ciro Nogueira, do PP, e Antonio Rueda, do União Brasil. O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP) é um dos que almejam sucedê-los.
O lançamento da federação nesta terça em Brasília foi concorrido, ainda mais às vésperas de um feriado. Encheu o salão negro do Congresso, inclusive com caciques do PL, MDB e Republicanos.
Na prática, PP e União Brasil vão ter que atuar de forma unificada em todo o país por pelo menos quatro anos.
Os números da nova federação são superlativos. Serão 109 deputados federais, a maior bancada da câmara à frente do PL, que tem 91 deputados, e mais de um quinto da casa. No Senado, fica com 14 cadeiras, empatando com o PL e o PSD.
A federação também vai abrigar seis governadores, quase 1,4 mil prefeitos, e cerca de 12 mil vereadores.
O discurso oficial é de uma união em prol da responsabilidade fiscal e da diminuição do tamanho do estado, além de uma reforma administrativa. Um conjunto de medidas que chamam de ‘choque de prosperidade’.
Apesar do festejo em público, nos bastidores, tem parlamentar mais reticente, mais preocupado. Uma ala pondera que uma federação pode ser benéfica para salvar siglas pequenas, mas não para dois dos maiores partidos do país que disputam o mesmo espaço político da centro-direita.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Federação União-PP nasce com disputas internas e afastamento de Lula no site CNN Brasil.
Ir para o conteúdo original: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/federacao-uniao-pp-nasce-com-disputas-internas-e-afastamento-de-lula/