Como em clima de campanha eleitoral, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou nesta terça-feira em Warren, no estado de Michigan, estado decisivo que ele conquistou nas eleições passadas, para comemorar seus primeiros 100 dias de mandato.
Para uma acalorada plateia, o mandatário reafirmou por uma hora e meia as suas principais políticas, especialmente sobre imigração, tratando imigrantes como “monstros”, disse que está eliminando “a loucura woke e a ideologia transgênero” do governo, defendeu sua agenda tarifária e ainda usou vários minutos para atacar o ex-presidente Joe Biden.
— Nós apenas começamos, vocês ainda não viram nada — disse Trump logo no início de seu discurso, sob aplausos da plateia do Macomb County Community College Sports Expo Center. — Vocês finalmente têm um presidente que defende as nossas fronteiras e a nossa nação. Em vez de pôr a China em primeiro lugar, estou pondo Michigan e a América em primeiro lugar.
A imigração foi um dos temas mais abordados pelo presidente americano.
— Os piores dos piores estão sendo enviados para uma prisão em El Salvador — disse Trump, antes de exibir uma montagem de vídeo mostrando migrantes deportados sendo presos no país centro-americano.
Com uma música sombria, o vídeo mostrava supostos membros de gangues sendo deportados e tendo as cabeças raspadas, o que levou a multidão a aplaudir incessantemente.
Trump então acusou a administração de seu antecessor de permitir que imigrantes “cometessem crimes contra americanos”, e acrescentou que seu governo bateu recordes de menor número de entradas ilegais e que até a “mídia mentirosa” reconhece isso.
Também afirmou que os EUA eram uma “nação de terceiro mundo” antes de seu governo e continuariam assim se a “esquerda radical” tivesse vencido as últimas eleições. Repetiu, ainda, a alegação sem provas de que os democratas fraudaram eleições anteriores e disse que, desta vez, “a eleição era grande demais para ser manipulada”.
Embora Trump continue a afirmar que não perdeu as eleições para Biden em 2020, não há evidências de fraude no pleito e inúmeras recontagens e processos judiciais refutam tais alegações.
Biden como alvo
Nos primeiros 100 dias de seu segundo mandato, Trump tem repetidamente atacado Biden, usando-o como alvo frequente de piadas e críticas em quase todas as suas aparições públicas, como fazia durante a campanha eleitoral de novembro passado. Segundo o Washington Post, Trump já mencionou o ex-presidente mais de 430 vezes desde que voltou à Casa Branca.
— Perdemos bilhões e bilhões de dólares por dia. Bilhões, não milhões, bilhões de dólares por dia, sob o comando do sonolento Joe Biden — disse Trump a seus apoiadores, instigando-os a votar no “melhor apelido” para o democrata em seguida: — O que é melhor, “Joe Corrupto” ou “Joe Sonolento?”
Ele continuou:
— Eu meio que adorava “Joe Sonolento”, sabe? Soava bem. Porque ele tinha uma habilidade que eu não tenho. Ele vai à praia, né? E ele conseguia dormir… babando pelo canto da boca, e estaria dormindo em minutos.
Os diversos ataques de Trump também foram direcionados a juízes que já barraram decisões do governo, sobretudo em relação à imigração.
— Não podemos permitir que um punhado de juízes comunistas e de esquerda radical obstruam a aplicação das nossas leis e assumam os deveres que pertencem exclusivamente ao presidente dos Estados Unidos — disse Trump. — Os juízes estão tentando tirar o poder dado ao presidente de manter nosso país seguro.
Por outro lado, Trump também teceu vários elogios em seu discurso, sendo um deles ao seu secretário de Defesa, Pete Hegseth, chamando-o de “cara durão” e dizendo ter “muita confiança nele”. Mais cedo, o nova-iorquino fez declarações semelhantes em visita a uma base da Guarda Nacional, também em Michigan.
Ao final do discurso, Trump encerrou como fazia em campanha, evocando seu famoso slogan “Make America Great Again” (“Torne a América grande novamente”, em tradução livre), saindo do palco dançando ao som da música “YMCA”, do Village People.
Aprovação em queda
A viagem aconteceu em um momento crucial para a Presidência de Trump. Suas tarifas expansivas prejudicaram o mercado de ações e contribuíram para a queda de seu índice de aprovação. A maioria dos americanos aprovou o desempenho de Trump no cargo durante janeiro e fevereiro, mas ele agora enfrenta mais pessoas que o desaprovam.
Em uma pesquisa recente do New York Times/Siena College, os eleitores disseram que ele “foi longe demais” em questão após questão: suas tarifas, sua fiscalização da imigração, seus cortes na força de trabalho federal.
Nesse contexto, a viagem teve o objetivo de enviar a mensagem de que ele está comprometido em trabalhar pelos americanos que foram deixados para trás pela globalização.
— Acho que ele está fazendo um grande trabalho — elogiou à AFP o enfermeiro aposentado Steve Camber, 60, antes de um comício de Trump em Warren, Michigan.
Já o caminhoneiro Shah Mahdi, 40, elogiou o republicano, que “honra a sua palavra”, afirmou:
— Ele disse que a fronteira seria segura, e o é.
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