Um apagão de grandes proporções atingiu a maior parte da Espanha e de Portugal nesta segunda-feira, 28. A população, assustada e sem acesso a informações devido ao problema que também derrubou os sinais de celular, se dirigiu aos mercados para estocar alimentos, água, papel higiênico e outros itens essenciais.
Algumas lojas de Alvalade, Portugal, que se mantiveram abertas durante o apagão, receberam muitos compradores. Os produtos procurados variaram entre pilhas, lanternas, velas, rádios portáteis… mas o estoque rapidamente se esgotou. Em outros mercados, o preço dos itens foi inflacionado devido à grande procura. Rita, em entrevista ao Observador, afirmou estar atrás de um rádio e de pilhas para sua mãe.
— Estou preocupada com a minha mãe. Ela é idosa e está nervosa. Uma pessoa dependente de televisão 24 horas por dia fica mais ansiosa. O rádio é sempre uma boa companhia para ir se atualizando.
Em Lisboa, muitas pessoas encontraram os mercados fechados e procuraram lojas menores. Comerciantes tiveram dificuldade para reabastecer as prateleiras devido ao grande fluxo de vendas e funcionários precisaram realizar os atendimentos usando papel e caneta, já que o sistema depende de energia para funcionar, de acordo com o New York Times.
— É como quando eu era mais jovem, há 50 anos. É um lembrete de quão dependentes somos de coisas fora do nosso controle — disse Francisco Garcia, restaurador de barcos, de 61 anos, ao The New York Times.
A volta para casa na Espanha também foi conturbada, onde muitos buscavam ônibus e táxis para agilizar o deslocamento na avenida principal de Madri. Sem eletricidade desde o início da tarde, os trens do país pararam e as estações de metrô foram fechadas. Na espera para retornar a sua residência, que já dura três horas, Lucía Romo pensa em outras soluções.
— Fecharam (o metrô) e não disseram nada, como se dissessem “se virem”. Estamos vendo a possibilidade de pegar um táxi, mas os táxis também estão superlotados.
A maioria dos ônibus, abarrotados de passageiros, exibia cartazes avisando que não podiam aceitar mais ninguém e os pontos formavam longas filas. Rosario Pena, funcionária de uma rede de fast food, começou a se desesperar após “uma hora e meia” esperando para entrar no ônibus.
— E ainda falta tudo isso para chegar em casa.
Alguns metros à frente, Jordi Poch também buscava alternativas. O analista de sistemas de 45 anos, morador de uma cidade ao sul de Barcelona, normalmente usa o trem para se deslocar até a capital e não sabe como fará para retornar.
— Como não costumo pegar ônibus, não sei direito onde ficam os pontos, e como não há internet, também não consigo me informar.
Diante da situação, alguns empreendimentos aproveitam para receber os clientes, mesmo sem luz, e aliviam um pouco os efeitos de um dia caótico. A sorveteria Dolce Fina ofereceu produtos gratuitamente e atraiu uma longa fila em frente à loja.
— Vocês estão fazendo muita gente feliz. Contra tempos ruins, sorriso no rosto! — exclamou uma cliente.
Um bar decidiu abrir apenas a parte externa e, como resultado, recebeu uma dezena de trabalhadores. Entre eles, está Camilo Andrés García, um analista de sistemas de 38 anos. Ele, que já é cliente habitual, afirma que demorará até duas horas para chegar em casa, mas decidiu aproveitar com seus colegas no local.
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