Em tempos de incerteza econômica, o ouro sempre volta aos holofotes como um tradicional porto seguro. Na semana passada, bateu recorde cotado a mais de US$ 3.500 por onça, antes de um recuo após Donald Trump suavizar seu tom em relação a guerra comercial e à independência do Federal Reserve.
Diante da volatilidade crescente e das mudanças tectônicas no mercado, já há quem diga que o metal possa superar os US$ 4.000 por onça ainda este ano. Mas depois de uma alta de 41% nos últimos doze meses, é compreensível que alguns investidores estejam com medo de ter perdido a maior parte do rali.
Há sinais, contudo, de que outro metal precioso pode assumir parte do protagonismo: a prata.
Uma análise feita pelo Wall Street Journal mostra que a prata tende a seguir o desempenho do seu primo mais rico – ainda que com alguma defasagem.
Assim como o ouro, a prata é vista como reserva de valor em cenários de inflação, instabilidade social e guerras (qualquer semelhança com o momento atual não é mera coincidência).
A questão é que ela também tem ampla aplicação industrial, como na produção de eletrônicos e painéis solares, o que a torna mais sensível ao ciclo econômico.
Por isso, quando a aversão ao risco domina o mercado, o ouro costuma sair na frente. Mas, conforme a economia começa a reagir, a prata ganha tração.
Menos popular, a prata já subiu 23% nos últimos doze meses – um desempenho inferior ao ouro, mas ainda bem superior aos 6% do S&P 500.
Razão entre preços
Um indicador acompanhado de perto por quem investe em metais é a razão entre os preços do ouro e da prata.
De acordo com o jornal, na quarta-feira, uma onça de ouro custava 98 vezes mais que uma de prata, abaixo do pico de mais de 100 vezes registrado dias antes — bem acima da média histórica de 68 vezes nos últimos 30 anos.
A última vez que esse desvio foi tão acentuado foi durante o pânico inicial da pandemia, em março de 2020, quando a razão chegou a 113. Se a história serve de guia, o prognóstico para a prata é bem positivo: nos 12 meses seguintes, o metal disparou 73%, enquanto o ouro subiu apenas 8%.
Cenário semelhante ocorreu durante a crise de 2008: nos doze meses subsequentes, a prata subiu 81%, enquanto o ouro teve alta de 44%.
O que poderia quebrar esse padrão? Um colapso prolongado no comércio global, por exemplo, poderia penalizar a prata por conta de sua ligação com a atividade industrial. Ainda assim, mesmo na recessão provocada pela crise de 2008, o metal conseguiu se recuperar com a retomada da economia e os estímulos monetários.
Em resumo, para cenários muito extremos, o ouro segue como a escolha mais segura. Mas, para situações menos dramáticas, a história mostra que a prata pode ter espaço para brilhar.
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