O preço do ouro superou pela primeira vez os US$ 3,5 mil por onça. O DXY, índice que mede o desempenho do dólar americano frente a uma cesta de moedas, por outro lado, caiu tanto que voltou a níveis vistos em 2022. Isso é resultado do temor de desaceleração econômica nos Estados Unidos após o “tarifaço” do presidente Donald Trump.
Além disso, o republicano também flertou com a ideia de demitir Jerome Powell, atual presidente do Federal Reserve, fazendo com que o mercado largasse mais um pouco a mão do dólar — e fechasse com o ouro.
Para analistas do J.P. Morgan, o metal tem potencial para crescer ainda mais, ultrapassando o recorde visto hoje.
Até onde o ouro vai chegar?
O banco prevê um aumento significativo nos preços do ouro, antecipando que ultrapassarão os US$ 4 mil por onça até o segundo trimestre de 2026.
“Espera-se que os riscos de recessão e estagflação impulsionados por tarifas continuem a superalimentar a corrida de alta estrutural do ouro”, afirmam os analistas, que veem os preços do ouro atingindo uma média de US$ 3,6 mil por onça já no quarto trimestre de 2025.
A previsão de preços é baseada nos ganhos já obtidos no primeiro trimestre, e os analistas apontam para a forte demanda contínua de investidores e bancos centrais como os principais impulsionadores.
O J.P. Morgan não acredita que a diversificação de reservas esteja esgotada, e acreditam que a atual incerteza política e comercial e as alianças geopolíticas mais imprevisíveis e em mudança continuarão a alimentar a compra de ouro. Os analistas também não enxergam um potencial cessar-fogo entre a Rússia e a Ucrânia e o retrocesso das restrições à Rússia como fatores capazes de prejudicar as compras de ouro pelos bancos centrais.
“O potencial de um reengajamento entre a Rússia e o Ocidente não muda o fato de a Rússia ter sido rapidamente excluída do sistema SWIFT em 2022, um elemento chave que desencadeou a onda de compras de ouro pelos gestores de reservas em primeiro lugar”, explicam no relatório.
Quanto o assunto são os investidores, os analistas afirmam que o ouro continua sendo uma das coberturas ideias para o cenário que une estagflação, recessão, desvalorização e riscos de política dos EUA para os próximos anos. “O aumento das probabilidades de uma recessão nos EUA e o potencial para cortes mais rápidos das taxas de juro por parte da Fed em resposta reforçam ainda mais esta narrativa de alta”, opinam.
O que poderia frear a alta do ouro?
Uma queda inesperada na procura dos bancos centrais é o maior risco fundamental à alta do ouro, afirmam os analistas do J.P. Morgan. De uma perspectiva macroeconômica, uma rápida sucessão de acordos comerciais bilaterais, incluindo um acordo com a China em pouco tempo, poderia afetar o preço do metal, à medida que as probabilidades de recessão diminuem.
Mesmo assim, a incerteza comercial e política deve permanecer “extremamente elevada”, e isso não é necessariamente visto como uma mudança radical na tendência da procura de ouro.
O que de fato colocaria o preço do ouro em xeque seria um crescimento econômico dos EUA a despeito das tarifas.
“Caso o país permanecesse extremamente resiliente, permitindo que a Fed se tornasse muito mais proativo no combate aos riscos de inflação, levando os mercados a precificarem aumentos de taxas mesmo antes que a inflação preocupante realmente chegasse. Ainda pensamos que este cenário está longe do nosso caso base agora, mas desencadearia uma rotação acentuada e sustentada dos investidores para fora do ouro”, opinam os analistas.
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