O mercado de trabalho está passando por uma revolução silenciosa — e o setor de Recursos Humanos é um dos protagonistas dessa mudança. Em um cenário cada vez mais marcado pela valorização do tempo, pela força dos dados e por relações mais empáticas entre empresas e funcionários, novas tendências vêm ganhando força e prometem remodelar o jeito de trabalhar nos próximos anos.
Para entender o que vem por aí em 2025, a EXAME ouviu líderes de empresas como Infojobs, Catho, LG lugar de gente e Grupo Top RH, que compartilham insights sobre os principais movimentos de RH em curso.
Chronoworking: flexibilidade que respeita o relógio biológico
A demanda por jornadas mais personalizadas cresce globalmente, segundo a CEO do Infojobs, Ana Paula Prado. “Ter um horário de trabalho flexível tornou-se um fator crucial para profissionais ao redor do mundo”. A tendência, conhecida como chronoworking, permite que cada funcionário organize sua rotina de acordo com seu ritmo biológico, aumentando engajamento e produtividade.
A tecnologia é peça-chave para viabilizar esse modelo. Ferramentas de gestão de desempenho e plataformas inteligentes de controle de jornada ajudam a manter a eficiência mesmo com horários descentralizados.
Para Maria Paula Oliveira, diretora da LG lugar de gente, “essa liberdade é também um gesto de empatia por parte das empresas. “O chronoworking pode fortalecer relações de confiança e culturas organizacionais saudáveis”.
People Analytics 2.0: dados para prever, não só reagir
A evolução do people analytics amplia o papel do RH para além da gestão de métricas. Com o apoio da inteligência artificial, agora é possível prever riscos de desligamento, mapear intenções de saída e antecipar gargalos, como aponta Ana Paula Prado.
Na LG, os dados ajudam a prevenir casos de burnout e agir antes que o engajamento caia. Para Fernando Morette, CEO da Catho, essa abordagem “reforça o papel do RH como um agente de transformação”, além de facilitar contratações mais alinhadas à cultura da empresa.
Liderança regenerativa: o novo líder escuta e cuida
Mais do que resultados, espera-se dos líderes uma postura acolhedora e humana. “As pessoas querem trabalhar com líderes que praticam inclusão e crescem junto com o time”, diz Ana Paula.
Com ferramentas de perfil comportamental e inteligência artificial, é possível identificar lacunas de liderança e desenvolver os profissionais certos para cargos estratégicos. A LG destaca que o reconhecimento interno reforça vínculos emocionais com a empresa — fator essencial para a retenção.
Quiet hiring: olhar para dentro antes de contratar fora
A tendência do quiet hiring — que prioriza mobilidade interna e realocação de talentos — deve ganhar força. Para Daniel Consani, do Grupo Top RH, essa prática “torna o RH essencial para antecipar movimentos do negócio e gerar valor real”.
Na prática, o modelo reduz custos com recrutamento, acelera o tempo de adaptação e fortalece a cultura da empresa, afirma Maria Paula. “Quando o funcionário é desafiado internamente, ele se sente parte de algo maior”.
Workcation: liberdade com responsabilidade
Trabalhar enquanto viaja, o chamado workcation, ainda divide opiniões, mas reflete um desejo crescente de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Segundo a pesquisa Talent Trends Brasil 2023, 75% dos profissionais brasileiros valorizam o modelo híbrido. Para a LG, mais do que produtividade, a tendência representa uma chance de reconexão individual. “Isso gera valor emocional e impacta diretamente no clima do time”.
Remuneração por valor gerado: o fim do salário fixo?
Com ferramentas que integram OKRs, KPIs e plataformas de desempenho, cresce a possibilidade de recompensar funcionários com base em resultados entregues, e não apenas tempo de trabalho.
Para Ana Paula, esse movimento pode atrair talentos, especialmente em áreas altamente disputadas. Daniel, do Grupo Top RH, aponta que ainda não há um modelo consolidado, mas a tecnologia já permite mensurar entregas com mais precisão. E Maria Paula reforça. “Valor também é emocional. Um dia a mais com a família também pode fazer parte da equação”.
Marca empregadora interna (Inside-Out): de dentro para fora
Investir na experiência de quem já está dentro da empresa é um dos caminhos mais eficazes para atrair novos talentos. “Quem vive uma boa experiência compartilha, seja nas redes sociais ou recomendando a empresa”, diz Ana Paula.
Ferramentas de escuta ativa e enquetes internas ajudam a entender o clima e criar um ambiente de confiança. Fernando Morette resume: “uma marca empregadora forte começa com quem já faz parte do time”.
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