A Microsoft é a única das 7 Magníficas — as empresas de tecnologia mais valiosas dos EUA — cujo valor de mercado cresceu desde o início de 2025. Bem posicionada na disputa pela inteligência artificial e em outras linhas de receita, a companhia tem conseguido atravessar a turbulência causada pela guerra tarifária promovida pelo presidente americano Donald Trump.
Desde o início do ano, as ações de Alphabet — controladora do Google — (GOGL34), Meta — controladora do Facebook — (M1TA34), Microsoft (MSFT34), Nvidia (NVDC34), Apple (AAPL34), Amazon (AMZO34) e Tesla (TSLA34) passaram por reajustes em seus preços, o que levou à queda dos valores de mercado nos primeiros meses.
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Por todo esse período, os valores de mercado das principais companhias de tecnologia ficou abaixo daquele de 1º de janeiro. Isso mudou em 1º de maio, quando o market cap da Microsoft fechou em US$ 3,162 trilhões, cante US$ 3,134 trilhões no início do ano, segundo levantamento da Economatica.
Mais: a desenvolvedora do Windows está cada vez mais próxima de se tornar a mais valiosa entre seus pares, diminuindo a distância para a Apple, cujo valor de mercado era de US$ 3,205 trilhões na mesma data.
Temporada de resultados
A temporada de resultados das empresas de tecnologia nas últimas semanas reforçou a vantagem da Microsoft, após a divulgação de uma receita de US$ 70,1 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 13% na comparação com o mesmo período do ano passado.
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“A grande vantagem da Microsoft é que ela conseguiu aumentar receita em todos os seus principais segmentos. Isso não aconteceu com outras companhias”, diz a analista global da XP, Maria Irene Jordão.
Embora o destaque esteja no crescimento da divisão de nuvem — 21% na comparação anual, sinalização positiva para a parceria com a OpenAI e a aplicação de IA generativa em suas soluções — a big tech também parece ter um mix de produtos mais protetivo contra as incertezas do cenário macroeconômico.
O BTG destaca a Microsoft como principal escolha da corretora entre as gigantes da tecnologia. “Com grande parte da receita proveniente do mercado corporativo (B2B), a companhia se beneficia de maior previsibilidade e menor sensibilidade às tarifas, o que sustenta a nossa visão mais construtiva”, diz o analista Marcel Zambello em um relatório.
A receita da companhia com os produtos Office 365 foi de US$ 21,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025, equivalente a 31% do total. Neste grupo entram programas de produtividade corporativos como Power BI, Word e PowerPoint, cujos contratos mais longos e pouca concorrência tornam a companhia menos sensível a voltatilidades.
Efeito das tarifas
Como explica Jordão, os mercados começaram o ano esperando por uma apreciação do dólar no governo Trump. Com o tarifaço, o efeito foi contrário: uma depreciação da moeda americana.
Para companhias com operações globais como as big techs, apreciação do dólar significa perder dinheiro em operações realizadas nas moedas locais e repatriadas para suas sedes nos Estados Unidos. “No final, a depreciação mais aguda do dólar foi um alívio para os resultados deste trimestre”, explica Jordão.
O problema é que agora essas empresas enfrentam o receio global de uma recessão nos Estados Unidos e desaceleração na economia global. Concorrentes como Google e Meta, cujas principais receitas vêm da linha de publicidade, são mais sensíveis aos ciclos econômicos. Devido à natureza da sua linha de produtos para corporações, a Microsoft tende a ser menos impactada pelos mesmos ciclos.
Microsoft se aproxima de Apple enquanto Tesla vive dificuldades
Um levantamento feito por Einar Rivero, da Elos Ayta, calcula que as 7 Magníficas perderam US$ 2,27 trilhões em valor de mercado desde 1º de abril, dia anterior ao anúncio de tarifas de importação dos Estados Unidos feito por Trump.
A Apple, empresa mais valiosa do S&P, sofreu o maior impacto: recuo de 22,9% no valor de mercado até o dia 8 abril. Tesla e Meta chegaram a cair, respectivamente, 21,5% e 17%.
Embora as companhias tenham recuperado valor no decorrer do mês, o movimento aproximou a Microsoft da Apple. O valor de mercado da desenvolvedora do iPhone no início de maio era de US$ 3,2 trilhões, contra US$ 3,16 trilhões da empresa fundada por Bill Gates, valorizada em 13,91% entre 1º de abril e 1º de maio.
A Tesla, do bilionário americano Elon Musk, foi a companhia mais penalizada entre os pares “magníficos” em 2025. Dados da Economatica mostram que ela deixou de ser uma das sete com maior participação no S&P 500: Berkshire Hathaway e Broadcom ultrapassaram a desenvolvedora de carros elétricos entre fevereiro e março deste ano.
O envolvimento do seu CEO na administração federal americana tem sido tratada como um prejuízo à marca da Tesla. Além de lidar com a crescente concorrência de marcas chinesas, a montadora vem enfrentando protestos em algumas de suas lojas nos Estados Unidos e na Europa, além de uma sequência de recalls do seu principal lançamento dos últimos anos, o Cybertruck.
Em abril, as ações da empresa voltaram a reagir positivamente após Musk dizer que passaria a dedicar menos tempo ao Departamento de Eficiência (DOGE) do governo Trump. Os ganhos foram de 16,33% desde o anúncio, no dia 22.
Por enquanto, a Microsoft também tem sido poupada de processos antitruste que atingiram rivais como Alphabet e Meta. A controladora do Google tem respondido a diversos juízes americanos em casos que envolvem seu navegador, o Google Chrome, seu sistema operacional, Android e a plataformas de publicidade online, enquanto autoridades antitruste acusam a Meta de ter utilizado métodos anticoncorrenciais para adquirir as redes Instagram e WhatsApp.
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Fonte: InfoMoney