Você já assistiu a uma cena de ação eletrizante em um filme e se perguntou como os atores conseguem sair ilesos de explosões, quedas ou perseguições perigosas? A resposta está na atuação dos dublês — profissionais altamente treinados para realizar cenas de risco em produções cinematográficas, televisivas e até mesmo em comerciais.
Embora estejam nos bastidores e recebam raramente o devido reconhecimento, os dublês são peças-chave na indústria do entretenimento.
Neste texto, você vai entender o que realmente faz um dublê, como é o dia a dia da profissão, quanto eles ganham, quais são os caminhos para seguir essa carreira e várias curiosidades sobre esse universo repleto de adrenalina e técnica. Vamos lá?

O que é ser um dublê?
Ser dublê é ser um especialista em ação. Esse profissional substitui atores e atrizes em cenas que envolvem riscos físicos, como lutas, quedas, saltos, perseguições, explosões e outras situações perigosas. Seu trabalho é garantir que a cena pareça o mais realista possível, sem comprometer a integridade física do elenco principal.
Mas engana-se quem pensa que a função se resume apenas à ação física. Um bom dublê precisa entender de atuação, seguir direções precisas dos diretores e coreógrafos de ação, saber manipular emoções com o corpo e, muitas vezes, estudar o comportamento do ator que está substituindo para manter a coerência visual e corporal na cena.
Além disso, há diversos tipos de dublês: os especializados em cenas de luta, os que atuam com carros, os que trabalham com fogo, os que fazem parkour e os chamados “body doubles” — que substituem os atores por questões estéticas, como cenas de nudez ou corpo em exibição.
Como é o dia a dia de um dublê?
A rotina de um dublê varia bastante segundo o projeto. Em filmes de ação ou séries com muitas cenas físicas, os dublês costumam ser chamados com bastante antecedência para treinar as cenas em ensaios técnicos. É comum passarem horas praticando coreografias de luta, aprendendo posicionamento de câmera, repassando os movimentos várias vezes para garantir segurança e naturalidade.
No dia da filmagem, o trabalho começa cedo, com caracterização (figurino, maquiagem, próteses, entre outros.) e aquecimento físico. As cenas são rodadas repetidas vezes, sob ângulos diferentes, exigindo resistência e precisão. Muitas vezes, os dublês trabalham em condições desafiadoras, como calor excessivo, chuvas artificiais, equipamentos pesados e uso de cabos ou colchões de segurança.
Fora das gravações, os dublês também precisam manter um treinamento constante. Muitos se dedicam a atividades como artes marciais, acrobacias, escalada, mergulho, hipismo, esgrima e até dança — tudo que possa ampliar sua versatilidade no set.
Quanto ganha um dublê?
O salário de um dublê pode variar bastante dependendo da experiência, da complexidade das cenas, do tempo de gravação, da localização e do tipo de produção (cinema, TV, streaming, publicidade). No Brasil, o valor médio por diária costuma variar entre R$ 300 a R$ 1.500. Dublês mais experientes, que participam de produções internacionais ou cenas de alto risco, podem ganhar valores bem mais altos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, um dublê iniciante pode receber de US$ 1.000 a US$ 2.000 por semana, enquanto profissionais renomados e com especializações em cenas de risco extremo podem ultrapassar os US$ 100.000 por ano. Quando o dublê é associado a sindicatos, como o SAG-AFTRA (Screen Actors Guild), ele tem garantias trabalhistas, adicionais de periculosidade e direitos sobre reprises ou uso da imagem em streaming.
Porém, vale lembrar: a profissão pode ser instável, com períodos de muitos trabalhos intercalados com meses de inatividade. Por isso, muitos dublês diversificam suas atividades, atuando também como coreógrafos de ação, instrutores ou coordenadores de dublês.
Como se tornar um dublê?
Não existe um curso superior específico para quem quer ser dublê, mas é fundamental buscar formação técnica e manter o corpo sempre em boas condições. O primeiro passo é investir em atividades físicas que envolvam coordenação motora, força, equilíbrio e reflexos. Artes marciais, parkour, ginástica olímpica, circo, teatro físico e esportes radicais são grandes aliados.
Alguns cursos livres e workshops especializados são oferecidos por coordenadores de dublês ou escolas de cinema. Neles, o aluno aprende técnicas de quedas, simulação de impacto, combate cênico, uso de cabos, explosões controladas, entre outras habilidades.
Além disso, para entrar no mercado, é necessário montar um portfólio com vídeos de treinos e simulações, buscar oportunidades como figurante em produções audiovisuais e criar uma boa rede de contatos com diretores, produtores e outros dublês.
No Brasil, embora a profissão não seja regulamentada oficialmente, há associações e grupos que buscam dar mais visibilidade e segurança à categoria.
Quais habilidades um bom dublê precisa ter?
Além do preparo físico e da coragem, um bom dublê precisa desenvolver:
- Disciplina e foco: a repetição de movimentos exige concentração e controle.
- Capacidade de improviso: muitas vezes, o dublê precisa adaptar os movimentos ao ambiente ou aos imprevistos.
- Conhecimento técnico: saber como cair corretamente, como reagir a uma explosão ou como simular um golpe sem machucar é essencial.
- Inteligência emocional: é importante manter a calma mesmo sob pressão ou diante de cenas de risco.
- Trabalho em equipe: o dublê está sempre em colaboração com atores, diretores e equipe técnica.
Curiosidades sobre a profissão de dublê
- Oscar para dublês? Apesar da importância da profissão, a Academia de Hollywood ainda não possui uma categoria de premiação exclusiva para dublês — o que gera críticas recorrentes da comunidade cinematográfica.
- Dublês famosos: alguns atores começaram suas carreiras como dublês, como Jean-Claude Van Damme e Jackie Chan. Já outros, como Tom Cruise, preferem dispensar dublês e realizar suas próprias cenas de risco (o que também exige seguros milionários de produção).
- Mulheres dublês: ainda são minoria, mas têm ganhado destaque. Em algumas produções, mulheres chegaram a dublar personagens masculinos, graças à semelhança corporal e à habilidade técnica.
- Tecnologia e dublês: com os avanços do CGI e das tecnologias de captura de movimento, alguns estúdios começaram a misturar performance real com animações digitais. Mesmo assim, o trabalho do dublê permanece insubstituível quando se busca realismo e dinamismo.
A profissão de dublê vale a pena?
Para quem ama ação, movimento, cinema e não se intimida com desafios físicos, a carreira de dublê pode ser extremamente gratificante. Embora seja uma profissão com riscos e pouca visibilidade, ela também proporciona experiências únicas, a chance de participar de grandes produções e o orgulho de entregar cenas memoráveis ao público.
Como toda carreira artística e técnica, exige dedicação, estudo constante e paixão. Mas o brilho nos olhos de quem vive essa profissão costuma falar mais alto do que qualquer reconhecimento formal.
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Os dublês são os heróis anônimos por trás das cenas mais emocionantes do cinema e da televisão. Mesmo longe dos holofotes, eles dedicam suas vidas para levar ao público a emoção do realismo, com muita técnica, coragem e profissionalismo. Se você ficou curioso sobre a profissão, talvez esse seja o empurrão que faltava para conhecer esse universo mais de perto — ou quem sabe, até se aventurar por ele.
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Fonte: TecMundo