Enquanto muitos gamers são apaixonados por faroeste por causa de Red Dead Redemption, a Activision apresentou esse gênero para muitos jogadores com uma franquia esquecida atualmente. Você lembra de Gun, o jogo de ação com a temática no velho oeste lançado em 2005 para a geração 128 Bits?
Em uma época onde o gênero ainda não era tão popular, o game foi um dos responsável por começar a “pavimentar” o caminho para outros títulos com a mesma pegada. Não só isso, o título também expandiu o conteúdo do saudoso estúdio Neversoft, popularmente conhecido por ser o mesmo que lançou a franquia Tony Hawk’s Pro Skater.
O jogo fez sucesso e chegou a receber muitos elogios da crítica especializada, assim como do público. Entretanto, mesmo longe de ser um fiasco, o clássico do PS2 nunca recebeu uma sequência, ou sequer uma versão remasterizada. Mas será que há motivos para isso? Confira a seguir o que aconteceu Gun.
Como era Gun? Relembre história e gameplay
Gun era um jogo de ação em terceira pessoa ambientado no Velho Oeste dos Estados Unidos. Nele, você assumia o controle de Colton White, um pistoleiro fora da lei em busca de vingança após a morte daquele que acreditava ser o seu pai. O enredo empolgava, e tinha até mesmo seus momentos “reviravoltas”, com direito a um final digno de um filme de Clint Eastwood.
Além disso, o jogo contava com uma ambientação bem variada, que mesclava momentos em cidades, florestas e desertos. O mundo aberto limitado, trazia uma série de side quests e outras atividades fora da linha principal da aventura, garantindo uma experiência memorável nos consoles da era PS2.
Já a jogabilidade misturava tiroteios no melhor estilo faroeste, combates a cavalo e um sistema de “concentração”. Nele, era possível desacelerar o tempo para acertar vários inimigos, de uma maneira muito similar ao Dead Eye de Red Dead Redemption e ao slow motion que também ficou popular na franquia Max Payne.
Por fim, Gun também traz um time de dublagem de peso, algo esperado de um projeto bancado pela Activision. O elenco de vozes do jogo inclui o ator Ron Perlman, o primeiro Hellboy nos cinemas, Kris Kristofferson (que fez o Nasce uma Estrela original) e Thomas Jane (protagonista do filme do herói O Justiceiro).
Por que Gun fez tanto sucesso?
Na época de seu lançamento, Gun foi considerado um dos jogos mais completos e ousados do gênero faroeste. Por conta disso, ele ganhou diversos prêmios, como o de Melhor Jogo de Ação no Spike Video Game Awards 2005, premiação que eventualmente foi substituída pelo The Game Awards.
Muito desse sucesso foi por conta do enredo envolvente e pela jogabilidade, que era considerada inovadora para a época, apresentando um sistema de combate preciso, e uma exploração que, mesmo limitada, permitia ao jogador escolher o melhor momento para seguir com a campanha principal, ou cumprir missões secundárias.
Curiosamente, Gun foi lançado dois anos depois de Red Dead Revolver, o primeiro título da franquia da Rockstar. Entretanto, o mesmo não teve tanto sucesso assim, brilhando apenas na sua sequência lançada em 2010, no PS3 e Xbox 360.
Falando em múltiplos consoles, Gun também foi lançado em muitas plataformas, chegando no PS2, Xbox, GameCube e PC. Essa disponibilidade sem amarras certamente ajudou o game a alcançar um público maior.
Além disso, ele foi um dos carros-chefes do lançamento do Xbox 360, sendo um dos primeiros títulos portados para a geração pós-128 bits. Porém, o game não contou com grandes melhorias gráficas, como é comum nos lançamentos de jogos para novas gerações hoje em dia.
As polêmicas de Gun
Apesar do sucesso, Gun também acabou se envolvendo em algumas polêmicas, o que podem ter colaborado para o jogo não ter recebido uma sequência. A principal delas era a violência sem dosagem, principalmente em cenas de tiroteio, brigas e até mesmo de torturas e escalpelamentos. O game não poupava o jogador das cenas explícitas, e trazia até imagens detalhadas e pequenos closes de alguns momentos mais pesados.
Além disso, o game também foi acusado de racismo pela Associação para o Desenvolvimento dos Índios Americanos. O grupo pediu um boicote ao jogo, e até mesmo um recall para que cenas e missões que envolvessem o massacre de índios fossem removidas. A Activision emitiu um pedido de desculpas, alegando que a intenção foi apenas “refletir a dureza da vida na fronteira americana naquela época”.
Por que Gun não recebeu uma sequência?
Oficialmente, Gun nunca teve uma sequência direta. Na época, houve uma especulação em relação a uma aprovação de Gun 2 pela Activision, mas que acabou posteriormente engavetada pela Neversoft para manter o foco na franquia Tony Hawk’s.
Curiosamente, em Tony Hawk’s Proving Ground, que foi lançado em 2007, uma das pistas do jogo contava com um poster de um suposto game chamado Gun – Magruder’s Ghost. Para quem não sabe, Magruder é o vilão de Gun, e sua morte até hoje é contestada por quem zerou o jogo. No entanto, nada foi anunciado oficialmente desde a época.
Gun teria sido engavetado por causa de Tony Hawk’s e Guitar Hero.
Além disso, pouco depois, a desenvolvedora foi direcionada pela Activision para trabalhar exclusivamente na série Guitar Hero, que dominava o mercado musical no fim dos anos 2000. Com o sucesso da franquia musical, os planos para Gun 2 foram engavetados de vez. Depois, a Neversoft acabou sendo absorvida pela Infinity Ward em 2014 e, eventualmente, deixada de lado nas reestruturações internas da Activision, selando o destino da franquia.
Há alguma chance de Gun ganhar um remake, remaster ou uma sequência?
Se você ainda tem fé de que Gun 2 pode ser lançado, saiba que as chances são muito baixas. A Activision Blizzard, atual detentora dos direitos da franquia e que agora faz parte da Microsoft, conta com outras prioridades. A maior delas é a franquia Call of Duty, que rende milhões anualmente e acabou absorvendo grande parte da força de trabalho da companhia.
Além disso, com a Neversoft extinta e o mercado de faroeste atualmente dominado por Red Dead Redemption, seria difícil para a franquia competir ou se reinventar. Sem falar que, o seu “concorrente” é conhecido por ser um dos jogos mais reais de todos os tempos, o que necessitaria de um alto custo de desenvolvimento para chegar ao mesmo nível.
Mesmo com uma base de fãs fiel, e muitos pedidos nas redes sociais por um remake, Gun permanece como uma pérola esquecida dos anos 2000. É um daqueles casos em que o jogo foi à frente de seu tempo, mas acabou ofuscado por mudanças estratégicas da indústria.
Felizmente, o legado da Neversoft ainda segue vivo até hoje. Enquanto a franquia Guitar Hero está guardada nos cofres da Activision ao lado de Gun, a gigante dos games ainda mantém a franquia Tony Hawk’s viva. A série de skate, inclusive, ganhará uma nova coletânea, a Pro Skater 3+4, agora em julho, incluindo a brasileira Rayssa Leal como personagem jogável.
Ainda é possível jogar Gun hoje em dia?
A boa notícia é que, se você ficou com saudade do icônico jogo de faroeste do PS2, ainda é possível jogá-lo atualmente, mas com limitações. Gun está disponível oficialmente na Steam hoje em dia, mas com preço salgado: o jogo custa R$ 109,90, e você pode comprá-lo através deste link.
Vale ressaltar que essa é a mesma versão lançada em 2006, ou seja, quase 20 anos atrás. Sendo assim, ela conta com gráficos datados e uma jogabilidade pouco adaptada para os controles atuais. Entretanto, hoje em dia é possível conferir uma série de mods que ajudam a melhorar a sua experiência com o game.
Já aqueles que possuem os consoles no qual Gun foi lançado, será preciso recorrer às mídias originais, já que o mesmo não está à venda em nenhuma loja digital. No entanto, como a Microsoft é bastante engajada com preservação de grandes jogos, quem sabe o título volte futuramente em um port de retrocompatibilidade para Xbox. No entanto, não temos nenhuma pista sobre esse possível retorno, para a infelicidade de quem cresceu explorando o velho oeste junto com Colton White.
E você, gostaria de um remake ou uma sequência de Gun? Conte para a gente nas redes sociais do Voxel!
Fonte: TecMundo
