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Days Gone Remastered vale a pena pelos recursos de acessibilidade? Veja review

Lançado originalmente em 2019, Days Gone rapidamente conquistou uma base de fãs por sua narrativa envolvente e por um mundo aberto cheio de ação. Agora, com a remasterização para o PlayStation 5, o jogo da Bend Studio ganha gráficos aprimorados e várias melhorias que prometem tornar a experiência ainda mais interessante. Entre as atualizações estão o aumento de performance, tempos de carregamento mais rápidos e uma jogabilidade mais fluida.

Além disso, a versão remasterizada traz três novos modos de jogo: Ataque de Horda, Speedrun e Morte Permanente. Cada um deles oferece um desafio único, atraindo jogadores que buscam experiências variadas.

Mas o grande destaque dessa remasterização, sem dúvida, é o foco em acessibilidade. Com diversas opções voltadas para inclusão, a Bend Studio reafirma seu compromisso em criar uma experiência mais abrangente.

Antes de tudo, vale reforçar: a acessibilidade se aplica de maneira única para cada pessoa. Estas são minhas impressões pessoais como jogador com baixa visão, com o objetivo de destacar os recursos presentes no jogo que o tornam mais acessível.

Aviso de transparência: esta análise foi feita com uma chave do jogo para PlayStation 5, cedida gratuitamente pela equipe da Sony Brasil para produção de conteúdo.

Interface e Legendas

A interface é, muitas vezes, a primeira impressão que temos de um jogo e também um dos pontos centrais de acessibilidade em videogames. Ela envolve principalmente menus, HUDs e a organização geral das informações necessárias para navegar tanto dentro quanto fora do gameplay.

Days Gone Remastered vale a pena pelos recursos de acessibilidade? Veja review
Essa tambem é a tela inicial do game quando aberto pela primeira vez.

Em Days Gone: Remastered, assim que iniciamos o jogo, já somos apresentados a algumas configurações essenciais. Entre elas estão opções de acessibilidade, como o leitor de tela (ligado por padrão) e a possibilidade de ajustar o tamanho das fontes. É ótimo ver o leitor ativado desde o início, já que jogadores que dependem dele não conseguiriam navegar até as opções para ativá-lo manualmente.

20 de junho de 2025 - 19:39
Legendas em Days Gone Remastered.

Essas primeiras impressões criam a expectativa de que estamos diante de um jogo altamente acessível – como The Last of Us. Mas, à medida que avançamos, percebemos que, apesar de haver boas iniciativas, elas são isoladas e algumas estão mal implementadas. A sensação é de algo lançado sem uma finalização adequada.

Interface fora do gameplay

O leitor de tela é funcional para menus e tutoriais, usando o mesmo sintetizador de voz presente em outros títulos da Sony. Porém, a implementação é básica: não há opções para ajustar velocidade, tom ou volume da narração.

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Botão de interação com tamanho máximo.

Além disso, o recurso não lê descrições de missões nem as explicações das opções, limitando-se apenas a anunciar os títulos dos menus. Com isso, muitas informações importantes acabam ficando inacessíveis.

Também não há recursos adicionais, como personalização de cores dos menus ou mais opções de tamanho de fonte – o que seria muito bem-vindo.

Interface dentro do gameplay

Dentro do jogo, encontramos boas opções de legendas. É possível ajustar o tamanho e a cor do texto, exibir o nome de quem está falando e adicionar um fundo para melhorar a leitura. No entanto, senti falta de legendas ocultas com descrição de sons, o que ajudaria a aumentar a imersão de jogadores surdos.

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Autocontraste afetado pela luz durante o gameplay.

O recurso de alto contraste é promissor, permitindo destacar elementos importantes com cores personalizadas ou predefinidas. Porém, há limitações: não é possível reduzir ou remover as cores do cenário, o que compromete a eficácia do contraste, especialmente em ambientes escuros. Uma solução interessante seria oferecer dois níveis de contraste – um mais forte e outro mais imersivo – para atender melhor diferentes necessidades visuais.

Outros recursos incluem:

  • Alto contraste para a HUD;
  • Ponto fixo na tela, pensado para quem tem cinetose;
  • Ajuste do tamanho dos botões nos QTEs.

Por outro lado, filtros para daltônicos e as legendas ocultas estão ausentes. Esses são elementos básicos que, hoje em dia, já deveriam fazer parte do pacote mínimo de acessibilidade.

Controles

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Mapeamento de controles.

As configurações de controle são, sem dúvida, o ponto alto da acessibilidade em Days Gone: Remastered. Há um leque rico de opções, incluindo:

  • Remapeamento completo dos botões;
  • Opção de desligar os QTEs;
  • Ajustes independentes de sensibilidade para mira e câmera;
  • Mira por sensor de movimento;
  • Inversão de eixos;
  • Controle da zona morta dos analógicos.

Faltou apenas algo que já vimos em outros jogos: predefinições para jogar com uma mão só, o que ajudaria jogadores com mobilidade reduzida. Apesar disso, o jogo é altamente recomendável para pessoas com deficiências motoras, graças a adaptações robustas e eficazes.

Áudio

As opções de áudio trazem ajustes comuns, como controle de volume para música, diálogos e ambiente. O recurso mais promissor é o de dicas sonoras para itens colecionáveis, que utiliza o áudio 3D e a vibração do controle para indicar objetos próximos.

Infelizmente, essa ferramenta é subutilizada. Ela serve apenas para localizar itens colecionáveis, o que é frustrante em um jogo de sobrevivência onde a coleta de recursos é essencial. A ausência de suporte sonoro para itens importantes, como munição, kits médicos ou peças, é uma oportunidade perdida.

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Dicas sonoras estão presentes no game.

É impossível não comparar com The Last of Us, que já implementou com sucesso um sistema semelhante – mas voltado para a experiência principal, e não apenas para itens secundários.

Vale a pena?

Days Gone: Remastered tem potencial e boas ideias no campo da acessibilidade. Consegui terminar o jogo mesmo tendo baixa visão, mas não o recomendaria para pessoas com deficiências visuais mais severas, por conta da falta de auxílios de navegação e de recursos básicos durante o gameplay.

O jogo é acessível? Sim, mas com muitas ressalvas.

A interface é funcional, mas simples, e muitas ferramentas parecem inacabadas. Por outro lado, os controles têm o melhor conjunto de personalizações e realmente fazem valer a experiência para quem tem deficiências motoras.

O jogo é acessível? Sim, mas com muitas ressalvas. As boas intenções estão lá, mas a execução é inconsistente. A impressão é de que a equipe não teve tempo de finalizar os recursos com o cuidado necessário. Se você puder esperar por possíveis atualizações, talvez tenha uma experiência mais positiva do que a minha. O que mais frustra é ver o potencial e perceber que ele ainda não foi totalmente realizado.

Fonte: TecMundo

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