O Brasil recebeu nos últimos meses algumas empresas chinesas novas para competir no mercado de smartphones. E essa é uma ótima notícia para o setor, já que muitas preveem investimentos e produção local.
Uma dessas novas marcas é a Jovi. Ela é uma submarca da Vivo, fabricante gigantesca da Ásia que agora chega ao Brasil. Nessa fase inicial eles escolheram dois aparelhos para cá, e um deles é o Jovi V50.
Esse é um celular intermediário com ótimas capacidades, hardware na média e câmeras competentes. Mas será que é o suficiente para brigar com Samsung e Motorola por aqui? O preço de R$ 5 mil cobrado por este aparelho fica longe da realidade entre a concorrência. Confira a seguir:
Design
O Jovi V50 é um smartphone intermediário, mas faz boas apostas no design. Ele tem cantos bem suaves e arredondados, assim como na tela que traz acabamento curvo nos quatro cantos. Isso ajuda na ergonomia e ele é bem confortável mesmo, pesando cerca de 189g.
Você nota que, nessa cor cinza meio azulada, ele tem um acabamento fosco na traseira e mais espelhado nas laterais. Outro grande destaque no design é o módulo de câmeras: ele fica em um módulo que parece uma pílula, mas que traz um círculo só para as câmeras. Inclusive, esse módulo lembra um pouco aquele Motorola Aura lá de 2008.
Esse formato também traz um ring light completo, e não só um flash LED. Ele tem quatro níveis de intensidade e pode ficar bem brilhante ou bem suave. Outra função deixa você escolher a temperatura da cor, o que ajuda nas fotografias.
O celular não foge muito do habitual, não. Ele tem botões aqui na lateral direita que ficam em uma posição confortável e o leitor de digitais óptico (que é bem rápido) fica sob a tela, só que muito próximo da borda inferior — eu, pessoalmente, acho mais confortável os que ficam um pouco mais pra cima.
Mas ele traz outros bons destaques. A certificação IP68 é uma delas, mas ele acrescenta a IP69 contra jatos d’água de alta pressão (esse recurso tem virado uma tendência no mercado).
Um detalhe bem peculiar é que essa cor cinza é a única que traz o corpo todo em plástico, isso pode ser um problema para quem prefere acabamento de vidro. A Jovi vende uma versão vermelha com traseira de vidro, que além de ser 10g mais pesada, traz somente as laterais em plástico.
Tela e som
A tela dele também ajuda nesse design bonito e sem muito exagero. Ela tem 6,77 polegadas de tamanho, tecnologia AMOLED, resolução Full HD+ e taxa de atualização de 120 Hz. É uma tela bem competente e que chega em um brilho de até 1.300 nits — ou de 4.500 nits, que é o pico de brilho, que só é ativado raramente pelo próprio sistema.
Eu gostei bastante dessa tela do Jovi V50. Além das bordas finas, ela tem cores vibrantes, bastante contraste e o brilho não decepciona sob luz solar, o que deixa o conteúdo legível e também inversivo. Ela fica numa faixa boa para competir com o Galaxy A56 e o Motorola Edge 60 Pro.
A Jovi também promete até 50% mais resistência a quedas em comparação com o vidro da geração passada — que, no caso, é o Vivo V40. Mas eu confesso que os quatro cantos curvos, ainda que no padrão 2.5D que é mais discreto, me preocupam um pouco. Tanto que até a própria película que já vem no celular não cobre toda a tela.
Já as saídas de som desse smartphone são boas, mas não estão equiparáveis com outros rivais da mesma faixa. O volume é satisfatório, mas nada muito acima disso. E também há clareza no som, embora ele não seja envolvente.
Desempenho e bateria
O Jovi V50 é um celular que foca mais no dia a dia das pessoas, deixando de lado aquele desempenho mais bruto. E ele realmente não decepciona, o conjunto de hardware e software trabalha bem para esse tipo de uso.
Mas tem uma outra peculiaridade aqui. O V50 traz o chipset Snapdragon 7 Gen 3, que foi anunciado em 2023. Esse é o mesmo processador do Vivo V40 e do V30, ou seja, essa é a terceira geração da linha sem um upgrade nesse ponto. O smartphone chega no Brasil com 12 GB de RAM e 512 GB de armazenamento.
Esse conjunto funciona muito bem e não dá sinais de travamentos, sendo um smartphone bastante fluido mesmo com um chipset que não é recente. Então você consegue navegar na interface sem engasgos, abrir e trocar de apps rapidamente e jogar sem problemas. A multitarefa também se manteve estável comigo, o que é uma boa notícia para quem faz um uso um pouco mais avançado.
Nos jogos o V50 entrega um desempenho bastante satisfatório. Ele não abre muito espaço para você jogar os títulos pesados com gráficos avançados, mas fica em uma média confortável. Eu notei que, mesmo com esse tipo de game, o V50 não perdeu desempenho quando eu joguei por mais tempo e também não teve problemas de superaquecimento. Ele esquenta, é claro, mas sem impactar a performance.
O desempenho fluido pode ser um resultado das otimizações que a empresa fez no software do celular. Ele vem com o Android 15 sob a interface Funtouch OS 15, que tem um grande foco em otimizar o desempenho — reduzindo a carga total em CPU e GPU, melhorando a velocidade para abrir os apps, acelerando a memória para impulsionar a multitarefa e afins.
A interface também é cheia de cores, tem diversas animações e traz muitas opções de personalização. Você pode trocar algumas animações da tela, pode escolher a velocidade da animação para abrir aplicativos e mais.
Ele também traz vários outros recursos interessantes no software. Lá na galeria, você pode usar o AI Erase, que apaga objetos ou pessoas das suas imagens; pode recortar objetos da imagem; tem um recurso que aprimora fotos ajustando luz, foco, iluminação e realce; o gravador de áudio pode transcrever os conteúdos de reuniões, entrevistas e afins; ele conta com um tradutor geral de texto e chamadas.
O celular ainda pode extrair textos de imagens e tem um assistente de notas para organizar e formatar tudo rapidamente. O Jovi V50 também conta com um modo de jogo e a multitarefa deixa você abrir apps em modo de janela ou dividir a tela com facilidade.
Segundo a Jovi, o smartphone será atualizado por três gerações do Android — ou seja, se o Google mantiver a ordem, até o Android 18. Esse é um período “ok” e que coincide, por exemplo, com a Motorola. Mas ainda é pouco se a gente pensar na longevidade do produto.
E por falar em longevidade, o Snapdragon 7 Gen 3 se mantém um chipset bom para celulares intermediários, mas seria mais interessante trazer uma versão mais atualizada. Agora, por exemplo, o desempenho dele é muito bom, mas fica atrás da concorrência. Colocando em perspectiva, o A56 fica um pouco acima em desempenho e o Edge 60 Pro ultrapassa ambos com facilidade.
Bateria
Junto do desempenho bom para um intermediário, a gente tem uma bateria de 6.000 mAh que suporta carregadores de 90W. É um conjunto muito bom mesmo e que me rendeu uma autonomia bem confortável para usar o celular sem preocupação.
Na minha rotina, eu consegui 8h de tela ligada em uso moderado: em alguns dias, por exemplo, eu fui dormir com cerca de 30% da energia sobrando. Eu não diria que dá para usar por dois dias seguidos, mas ele é confiável para um dia inteiro em uso constante.
Com vídeos online, por exemplo, ele descarregou somente -4% por hora — e isso com apps como YouTube, Disney+, HBO Max e outros. Nos jogos, a descarga média por hora foi de -8% a -12%, variando entre títulos offline e online.
Enquanto isso, o carregador rápido tende a devolver quase 40% em 15 minutos e 70% em 30 minutos. Comigo, a carga completa encostou nos 50 minutos, o que fica em um tempo muito bacana para as recargas.
Câmeras
O Jovi V50 apela para as câmeras quando a gente o compara com a concorrência. Todos os três sensores são de 50 MP: o principal, o de ângulo aberto e o frontal para as selfies. Ele não tem um sensor telefoto, então se aproximar dos objetos nem sempre vai render ótimos resultados com o zoom digital — com 2x, pelo menos, as fotos ficam boas. Abaixo, estãõ as configurações das câmeras:
- Câmera principal: 50 MP (f/1,9), 23 mm, OIS, 1/1.55″, Sony IMX921;
- Câmera ultra-angular: 50 MP (f/2), 15mm, 119º, Isocell JN1;
- Câmera frontal: 50 MP (f/2), 21mm];
O grande acerto aqui é a parceria entre a Zeiss, especialista em lentes. Com isso, as fotos do V50 passam por um processamento de imagem com o estilo fotográfico da própria Zeiss, o que garante cores bem naturais e realistas. Você também pode optar por outros estilos mais vívidos, é claro.
A câmera tem um efeito de desfoque natural que fica bem bonito, e faz imagens detalhadas. O modo retrato é um destaque e traz três “distâncias focais” pré-definidas: 23 mm, 35 mm e 50 mm. Você ainda pode ajustar a intensidade e até mesmo o efeito de uma imagem com esse modo.
Você percebe que as imagens ficam mais suavizadas e com menos detalhes quando a luz vai caindo. Ainda que ele faça um bom trabalho para compensar a iluminação ao redor, não é raro encontrar fotos mais medianas em lugares de baixa luz. É aí que entra o ring light que eles colocaram na traseira do celular.
Essa luz, como eu falei, deixa você ajustar a intensidade e temperatura. Ela funciona como um flash LED mais forte, mas também como luz de preenchimento. É uma opção mais razoável e esteticamente mais legal para retratos do que o modo noturno, por exemplo.
Se o seu foco são as fotografias, o V50 não faz feio e não decepciona. Os vídeos também ficaram bem bonitos: ele é capaz de filmar em até 4K com 30 fps em todas as câmeras, e não em 60 fps como alguns concorrentes fazem.
Ainda assim, o celular consegue fazer vídeos bem estáveis e com cores vibrantes, especialmente na câmera principal que tem estabilização óptica. O sensor mais aberto vai perdendo detalhes naturalmente, mas não me rendeu vídeos tremidos. Eu também notei que, com iluminação mais baixa, ele tende a escurecer demais as áreas com sombras em um vídeo.
E aqui vão alguns outros detalhes: o ring light não funciona nos vídeos; as fotografias com modo retrato só funcionam na câmera principal; e as fotos em RAW só extraem arquivos de 12,5 MP, e não de 50 MP.
Vale a pena?
O Jovi V50 tem um conjunto muito bom para essa faixa de intermediários e entrega câmeras competentes, bateria de longa duração e um hardware que não deixa na mão. O software também merece elogios: é tudo muito polido e suave.
Mas ele traz algumas ressalvas. O celular traz acabamento em plástico, não faz filmagens em 4K com 60 fps, não tem carregamento sem fio e seu hardware está desatualizado. Ainda assim, tudo isso não chega a ser um problema gigantesco no seu caminho.
O que faz o Jovi V50 ser um pouco apagado pela concorrência é o preço. A Jovi escolheu o valor sugerido de R$ 4.999 para esse modelo, e por esse preço a gente tem o Galaxy S25, S24 FE, A56, Motorola Edge 60 Pro e 60 Fusion. Todos esses têm vantagens em capacidades de câmeras e desempenho, principalmente, mas também no acabamento.
Na minha visão, esse é o maior impeditivo para o Jovi V50 realmente decolar aqui no Brasil. Esse é um bom smartphone intermediário e que com preços reajustados, com certeza vai chamar atenção no mercado brasileiro.
A Jovi também planeja produzir os seus smartphones localmente, o que é uma ótima notícia. Por enquanto, somente o V50 Lite será produzido por aqui. Por outro lado, apesar do preço alto, a companhia investe no relacionamento com o consumidor: eles oferecem dois anos de garantia.
Existem outras vantagens nesse “pacote de benefícios” com extensão de cinco anos. Eles garantem uma troca de tela gratuita, pagando apenas a taxa de serviço de R$ 300; troca de capinhas e películas; troca de bateria e até revisão anual de hardware e software.
Essa é uma primeira aposta muito boa da Jovi e eu espero que a empresa possa se consolidar rápido aqui no mercado brasileiro. Afinal de contas, bons smartphones não faltam no catálogo chinês da empresa.
Agora, esse é o momento que você me conta aqui o que tem achado da chegada de mais marcas chinesas no Brasil e, principalmente, o que achou do Jovi V50! Não se esquece de seguir o TecMundo nas redes sociais!
Fonte: TecMundo