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Gemini agora lê suas mensagens do WhatsApp, mesmo sem você querer? Investigamos

Desde o dia 7 de julho, o Gemini passou a acessar o WhatsApp, o app Telefone e outros aplicativos mesmo com a função “Atividade nos apps do Gemini” desativada. A mudança, anunciada discretamente no fim de junho, pegou muita gente de surpresa e levantou preocupações legítimas sobre a possibilidade de o chatbot ler conversas pessoais, mesmo com o histórico desabilitado. Mas o que isso significa na prática? O TecMundo investigou.

Gemini já interage com seus apps desde 2024

Desde novembro de 2024, o Gemini é capaz de enviar mensagens, fazer ligações e acessar apps utilitários no celular com base nos seus comandos. Essa integração envolve o WhatsApp, o app de telefone padrão e ferramentas como Câmera, Lembretes e Relógio.

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O Gemini pode enviar mensagens e fazer ligações no WhatsApp seguindo seus comandos. (Imagem: Getty Images)

Assim como outros serviços do Google, essas interações são registradas em um histórico pessoal associado à sua conta, chamado “Atividade nos apps do Gemini” (em inglês, Gemini Apps Activity). Para usar os recursos complementares, era obrigatório manter esse histórico ativado — o que permitia ao Google armazenar seus comandos (incluindo o conteúdo de mensagens) e usá-los no treinamento de seus modelos de IA.

Por exemplo: ao dizer “Gemini, envia uma mensagem para o João avisando que eu vou chegar mais tarde na academia hoje”, o comando seria processado nos servidores do Google. Mesmo sendo uma mensagem inofensiva, seu conteúdo seria armazenado e utilizado para melhorar os sistemas da empresa.

Isso também valia para mensagens com dados sensíveis — o que, obviamente, é um problema.

Um comunicado vago e preocupante

No fim de junho, o Google disparou um e-mail informando uma mudança no comportamento do Gemini: a partir de 7 de julho, o chatbot seguiria acessando o app Telefone, Mensagens (SMS e RCS), WhatsApp e apps utilitários mesmo com a “Atividade nos apps do Gemini” desativada.

Gemini is getting more control on July 7 pic.twitter.com/RLkfd84MCV

— CID (@theonecid) June 24, 2025

O problema? O comunicado era vago e pouco claro, acendendo alertas de privacidade. Afinal, o Gemini poderia ler mensagens no WhatsApp? É possível impedir esse acesso? Como? A comunicação foi tão mal feita que o assunto virou pauta internacional, mobilizou especialistas em segurança digital e causou confusão até na redação do TecMundo.

O que, de fato, mudou?

Desde 7 de julho, o Gemini pode interagir com apps como Telefone, WhatsApp, Mensagens e Utilitários sem a necessidade de manter o log de interações habilitado. Na prática, isso significa:

  • Suas solicitações (como enviar mensagens ou fazer chamadas) continuam sendo processadas remotamente nos servidores do Google — já que a maioria dos celulares não tem processamento local suficiente para lidar com IA generativa;
  • Mesmo com o histórico desativado, esses comandos ficam armazenados na sua conta por até 72 horas. Isso é necessário para o funcionamento do serviço, garantir segurança e processar eventuais feedbacks, segundo a empresa;
  • Esses prompts temporários não são incluídos no log da “Atividade nos apps do Gemini” nem usados para treinar os modelos de IA do Google.

Ou seja: com o histórico desativado, suas mensagens não entram no sistema de aprendizado da da big tech, e nem ficam (pelo menos teoricamente) listadas na sua conta após 72 horas.

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O contrato de privacidade do Gemini reflete a mudança no comportamento do chatbot. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

O que o Gemini realmente pode acessar?

A IA do Google se comunica com os aplicativos em via única: só envia comandos, não lê conteúdos. O único dado que o Gemini acessa é a sua lista de contatos — essencial para identificar destinatários.

Portanto, mesmo com o histórico desligado, o Google ainda processa as mensagens enviadas por meio do Gemini, mas nunca tem acesso ao conteúdo das mensagens recebidas nos aplicativos.

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 O Google Gemini tem ganhado cada vez mais funções nos dispositivos. (Imagem: Getty Images)

Essa restrição é clara: o Gemini não consegue resumir mensagens recebidas por nenhum canal. Mas, se você perguntar “Qual foi a última mensagem que enviei para o João?”, ele pode lembrar do último envio feito por meio dele — desde que o dado ainda esteja dentro do prazo de retenção temporária.

Resumindo: o Gemini não lê suas mensagens recebidas, inclusive, a página de suporte do Gemini explica toda essa questão. Isso é diferente, por exemplo, do Meta AI, que em breve poderá gerar resumos de conversas no WhatsApp

Comunicação confusa, mas uma mudança positiva

Apesar da comunicação falha, a alteração feita pelo Google é positiva para o usuário. Antes, era impossível usar as funções de integração com WhatsApp, Mensagens ou Telefone sem compartilhar seu histórico de comandos com a empresa. Agora, isso é possível.

O TecMundo testou: ao desativar o “Atividade nos apps do Gemini”, o chatbot exibiu esse status claramente nas interações, mas continuou funcionando — inclusive enviando mensagens no WhatsApp normalmente.

Desligar o histórico não apaga seus dados anteriores

Importante: desativar a “Atividade nos apps do Gemini” não apaga automaticamente seus dados já armazenados. Ele apenas impede que novos comandos sejam retidos no histórico.

Para excluir os dados anteriores, siga este passo a passo:

  1. No app Gemini, toque na sua foto de perfil (canto superior direito);
  2. Acesse a opção “Atividade nos apps do Gemini”;
  3. Toque em “Desativar e excluir a atividade”.

Pronto: com isso, o histórico será desativado e todos os dados armazenados até o momento serão excluídos da sua conta.

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Fonte: TecMundo

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