O relacionamento entre Microsoft e OpenAI, que estão juntas no campo da inteligência artificial (IA) há alguns anos, atingiu um momento de turbulência que pode se transformar em rompimento definitivo. A informação é do The Wall Street Journal e envolve discordâncias de ambas as partes sobre termos de um contrato.
De acordo com a reportagem, a dona do ChatGPT quer reduzir a participação da Microsoft em seu controle e a fatia da parceira nos eventuais lucros apresentados. Ao mesmo tempo, ela deseja ter maior liberdade para agir de forma independente e flexibilizar certos acordos já assinados.
Por outro lado, a Microsoft quer justamente o oposto: além de não estar interessada em perder a aliança, a companhia pretende ampliar a participação na OpenAI para aumentar a possibilidade de colher frutos financeiros no futuro, na tentativa de evitar que ela se aproxime de concorrentes.
Se um ponto de equilíbrio não for atingido, a OpenAI cogita até mesmo uma chamada “opção nuclear”: acionar a Microsoft judicialmente, acusando a companhia de comportamentos anticompetitivos de mercado durante a parceria, e tentar forçar na Justiça uma revisão contratual.
Os pontos de discórdia
Segundo o The Wall Street Journal, o atual incêndio na relação entre as companhias foi causado por pequenas discussões que se acumularam ao longo dos últimos meses — até atingir um ponto em que uma análise mais séria seja inevitável.
- A OpenAI supostamente quer acabar com a cláusula de exclusividade do Azure em hospedar modelos da companhia na nuvem. Em maio deste ano, a OpenAI até já teria fechado um contrato de utilização de serviços da Google Cloud para certas atividades de infraestrutura, como treinar e disponibilizar modelos de IA generativa;
- A compra da empresa de modelos de IA para programação Windsurf pela OpenAI também foi vista como um risco. O motivo? O contato direto com o GitHub Copilot, da Microsoft, poderia fazer com que uma rival tivesse acesso ao código da outra;
- Outro ponto em debate é a transformação da OpenAI em uma empresa não com fins lucrativos, mas com a criação de uma corporação de benefício público (PBC) e divisão de ações entre investidores. A OpenAI quer que a Microsoft tenha apenas uma fatia de 33% da nova unidade geradora de receita, em troca de troca de dispensar o direito sob futuros lucros apresentados. Já a parceria deseja uma porcentagem maior;
Em um comunicado enviado para a Reuters, as companhias alegam que “conversas estão em andamento” e que ambas “estão otimistas que continuarão construindo juntas nos anos que estão por vir”.
A relação entre Microsoft e OpenAI
- A aliança entre Microsoft e OpenAI nasce em 2019, quando a empresa dona do Windows investiu US$ 1 bilhão para apoiar o desenvolvimento da então startup de IA, que ainda estava focada no desenvolvimento e treinamento de modelos de linguagem;
- Três anos depois, a participação aumentou e a Microsoft chegou a destinar US$ 13 bilhões para a empresa, que já era responsável pelo fenômeno ChatGPT. No fim de 2023, uma investigação de órgãos reguladores de mercado chegou a ser iniciada, porque a parceria poderia se configurar até como uma fusão;
- Satya Nadella, CEO da Microsoft, e Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI, passaram a dividir palcos de conferências e reforçar a relação amistosa entre as marcas
- A participação cada vez maior da Microsoft e a busca por mudar a própria estrutura para gerar algum lucro foram os tópicos que fizeram Elon Musk sair da OpenAI, que ele ajudou a fundar, e até iniciar processos contra a companhia por supostas ilegalidades;

- A partir deste ponto, os modelos GPT da OpenAI passaram a ser integrados em ferramentas da Microsoft, como o buscador Bing, o GitHub e o Microsoft 365. Tempos depois, o chatbot foi renomeado para Copilot;
- No começo de 2025, a Microsoft começou a ter a participação diluída na OpenAI com uma nova rodada de captação de investimentos. A japonesa SoftBank passou a ser outro nome de peso com uma grande fatia da empresa.
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Fonte: TecMundo