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Inovação com identidade: a contribuição da comunidade LGBTQIA+ na tecnologia

Não é raro ouvir histórias de quem ainda precisa ocultar sua orientação sexual ou identidade de gênero para conseguir uma vaga ou ser aceito no ambiente corporativo. Segundo uma pesquisa da Great Place to Work, apenas 10% das 14 mil pessoas entrevistadas disseram se declarar LGBTQIAP+. Esse cenário evidencia uma dura realidade: a invisibilidade ainda é uma estratégia de sobrevivência para muitas pessoas.

Em contrapartida, diversidade e inclusão são essenciais para criar ambientes profissionais onde todos possam se sentir seguros, respeitados e valorizados. E no setor de tecnologia, essa necessidade é ainda mais urgente. 

Um estudo de 2021 realizado nos Estados Unidos, apenas 4% dos trabalhadores da área de tecnologia se identificavam como parte da comunidade LGBTQIAP+. Isso num setor que, historicamente, é marcado por uma predominância masculina, branca, cisgênera e heteronormativa.

É nesse contexto que entra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado em 28 de junho. A data faz referência à rebelião de Stonewall, em 1969, quando membros da comunidade enfrentaram a repressão policial em um bar de Nova Iorque, marcando o início de um movimento global por direitos e visibilidade. Mais de 50 anos depois, seguimos falando sobre orgulho não como festa, mas como resistência e afirmação de identidade, dentro e fora das empresas.

Neste artigo, quero refletir sobre a importância de estimular o debate e promover a diversidade de pensamentos, experiências e vivências dentro do setor de tecnologia. Porque ambientes mais inclusivos impulsionam não só a inovação, mas também o pertencimento! 

A necessidade de ambientes mais inclusivos no setor tech

A pesquisa “Orgulho no Trabalho”, do LinkedIn (2022), mostra que 21% das pessoas não se sentiam confortáveis para compartilhar quem são no ambiente profissional. A falta de representatividade, combinada a vieses inconscientes nos processos seletivos, resulta em ambientes de trabalho pouco seguros, com desigualdades salariais, estagnação de carreira e microagressões cotidianas disfarçadas de “piadas” ou comentários supostamente inofensivos.

Apesar das barreiras, há mudanças em curso. A área de tecnologia tem atraído cada vez mais pessoas de perfis diversos, impulsionada por uma nova geração que busca ambientes mais acolhedores, justos e abertos ao diálogo. Essa diversidade crescente tem potencial transformador: promove segurança psicológica, amplia o repertório de ideias, aumenta a empatia nos times e impulsiona soluções mais humanas e inovadoras. 

Quando um setor abre espaço para que todas as pessoas possam ser quem são, ele também se torna mais resiliente, criativo e sustentável.

Para tornar esse avanço estrutural e contínuo, não basta boa intenção. É preciso compromisso com políticas claras de não discriminação, benefícios igualitários, treinamentos sobre vieses inconscientes, recrutamento mais diverso e representatividade nos espaços de decisão. 

Grupos de afinidade, linguagem inclusiva e parcerias com instituições da sociedade civil também são ferramentas fundamentais para cultivar ambientes mais seguros, respeitosos e acolhedores. E é nesse contexto que iniciativas como a Intel Pride se destacam.  

Intel Pride: acolhimento que transforma ambientes e vidas

A diversidade só floresce quando existe espaço seguro para que ela se manifeste. É por isso que comunidades internas como a Intel Pride fazem tanta diferença. Para conhecer mais sobre a iniciativa, conversei com Sabrina Barbério, que é Retail Sales & Marketing Manager e Líder de D&I da Intel Brasil.

De acordo com Sabrina, a Intel Pride foi criada para apoiar funcionários LGBTQIA+ e seus aliados: “Ela atua como um tecido de apoio emocional, cultural e institucional dentro da empresa. Ao promover eventos de conscientização, rodas de conversa e campanhas educativas, a Intel Pride ajuda a criar um ambiente onde as pessoas possam ser autênticas, sem medo, sem máscaras”, explica.

Inovação com identidade: a contribuição da comunidade LGBTQIA+ na tecnologia
Empresas com boas práticas de diversidade, impulsiona inovação e o sentimento de pertencimento por parte do colaborador. (Fonte: Getty Images)

Um exemplo tocante dessa transformação está na história de Ivan Ruiz, funcionário da Intel, que encontrou apoio fundamental na Pride ao lidar com a transição de gênero de seu filho. “Em vez de enfrentar o desafio sozinho, ele contou com uma rede empática que fez toda a diferença em sua jornada pessoal e profissional. Isso nos faz refletir: quantas histórias silenciosas precisam apenas de um espaço seguro para florescer?”, questiona Sabrina.

Mais do que uma ação simbólica, a Intel Pride representa o compromisso concreto da empresa em cultivar uma cultura de pertencimento. Porque quando cada pessoa pode ser quem é, sem reservas, ela também consegue entregar o seu melhor, e isso impulsiona a inovação de forma genuína.

Reconhecimento que fortalece o compromisso com os direitos humanos

Ser reconhecida por iniciativas de diversidade não é o fim do caminho, é a confirmação de que ele está sendo trilhado com responsabilidade. Por dois anos consecutivos, a Intel recebeu a pontuação máxima no Corporate Equality Index, elaborado pela Human Rights Campaign, instituição de referência global na defesa dos direitos LGBTQIA+. Também integra o Bloomberg Gender-Equality Index, que destaca empresas com práticas sólidas de inclusão.

Mas esse reconhecimento não surge apenas de ações internas. A Intel tem se posicionado publicamente em defesa de políticas que ampliam a proteção de direitos. Um exemplo disso é seu apoio ao Equality Act, projeto de lei nos Estados Unidos que busca proteger pessoas LGBTQIA+ contra discriminação em áreas como moradia, trabalho e educação. “Incluir é agir”, e a Intel tem feito isso em escala institucional e pública.

Esse engajamento mostra que responsabilidade corporativa não se resume a relatórios. Ela se manifesta na coragem de assumir posicionamentos, mesmo quando não são os mais fáceis. 

Em tempos de retrocessos em diversas partes do mundo, esse tipo de atitude envia uma mensagem potente: tecnologia de verdade se faz com humanidade. 
 

No Brasil, inclusão com foco em equidade racial e de gênero. Por aqui, o compromisso também ganha contornos locais. Em parceria com organizações como a PrograMaria e a TransEmpregos, Sabrina compartilha que Intel tem investido em capacitação profissional de pessoas trans e mulheres negras, dois grupos historicamente excluídos da tecnologia. “O projeto #MaisDiversidadeNaTecnologia, por exemplo, ofereceu 400 bolsas para o curso Eu ProgrAmo, voltado à formação em desenvolvimento web”, explica Sabrina.

Além da formação técnica, Sabrina divide que houve rodas de conversa, mentorias e debates sobre afrofuturismo, carreira e identidade de gênero. O objetivo? Mais do que formar profissionais, formar ambientes onde essas pessoas possam prosperar. Ao todo, a iniciativa já impactou mais de 4.500 vidas. É como plantar sementes de futuro em solo fértil, cada uma germina à sua maneira, mas todas ajudam a transformar o ecossistema todo.

“Diversidade não é só quem entra pela porta da empresa, mas quem consegue permanecer, crescer e ser ouvido lá dentro”, afirma Sabrina. E a Intel tem mostrado, na prática, que entende essa diferença.

Cuidado que respeita identidades

Sabemos que saúde é um dos pilares para o bem-estar no trabalho. E para pessoas trans, o acesso integral a serviços de saúde ainda é um desafio. Por isso, Sabrina detalha que a Intel oferece, por meio do Intel Umbrella Plan, cobertura para tratamentos de transição de gênero, incluindo hormonioterapia, cirurgias e apoio psicológico. É um gesto de respeito, escuta e reconhecimento.

Esse cuidado também se estende à saúde emocional. Treinamentos, políticas de escuta ativa e ações internas visam garantir que cada pessoa se sinta acolhida e segura para ser quem é. Afinal, não basta ter uma vaga na mesa. 

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Empresas que buscam continuar relevantes no futuro e atrair novos talentos, precisam garantir ambientes de trabalho diversos e seguros para todos. (Fonte: Getty Images)

É preciso ter voz, conforto e apoio para participar das decisões com confiança e dignidade. “Quando uma empresa trata sua comunidade interna com esse nível de atenção, ela não está apenas sendo inclusiva. Ela está dizendo, com todas as letras: Sua existência importa. Sua saúde importa. Você importa”, destaca Sabrina.

Diversidade na cadeia de valor: inclusão que movimenta a economia

Diversidade também se constrói com decisões financeiras. Desde 2015, a Intel adotou uma meta clara: aumentar os gastos com fornecedores diversos, como empresas lideradas por pessoas LGBTQIA+, mulheres, negros e pessoas com deficiência. 

A meta inicial, de alcançar US$ 1 bilhão por ano, vem sendo mantida e ampliada, impactando diretamente a economia de grupos historicamente sub-representados.

Esse tipo de escolha mostra que a inclusão pode (e deve) estar presente em todas as dimensões de uma corporação. Quando a Intel prioriza fornecedores diversos, ela está ajudando a redistribuir recursos, gerar empregos e criar novas oportunidades. Essa é uma forma prática de transformar boas intenções em mudanças concretas, afinal, incluir fornecedores diversos é reconhecer que inovação real é feita em parceria.

Conclusão: o orgulho não termina em junho

Junho é um mês simbólico. Mas o verdadeiro compromisso com a diversidade acontece o ano inteiro. Ele está nas decisões estratégicas, nos planos de benefícios, nas salas de reunião e nas oportunidades de carreira. Ele está na forma como ouvimos, como agimos e como escolhemos construir o futuro juntos.

A Intel mostra que é possível unir tecnologia e empatia, performance e cuidado, inovação e justiça social. Ao investir em representatividade LGBTQIA+, ela amplia o campo da tecnologia para que caibam mais histórias, mais vozes, mais vidas.

Porque no fim das contas, diversidade não é só um valor corporativo. É uma forma de dizer, todos os dias: “Você pertence. E seu futuro também importa.”

Fonte: TecMundo

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