O Ibovespa assegurou o quarto mês seguido com sinal positivo, em um período marcado pela queda nos rendimentos dos Treasuries e nas taxas dos DI.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 1,45%, a 138.854,60 pontos. Em junho, o Ibovespa acumulou um ganho de 1,33%, em boa parte apoiado pelo fluxo de capital externo para a bolsa paulista. No primeiro semestre do ano, a alta alcança 15,43%.
Entre as maiores altas, 3 papéis subiram mais de 100% no semestre, todas ligadas às ações domésticas: Cogna (COGN3), Assaí (ASAI3) e Yduqs (YDUQ3). Já entre as maiores baixas, 7 papéis tiveram desvalorização de ao menos 20%, muitas delas relacionadas a commodities.
Confira as maiores altas e baixas do semestre:
Maiores altas
Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3): altas de 165% e 100%
Entre as maiores altas do primeiro semestre, estão duas ações do setor de educação: Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3). Com relação ao macro doméstico, mesmo com os juros subindo na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para 15% ao ano, a visão de um encerramento das altas de juros e cenário de corte de juros para ano que vem (com visões diversas sobre a intensidade) elevam projeções para ações domésticas, como é o caso das duas companhias.
Durante os últimos meses, particularmente em maio, as notícias sobre uma possível fusão entre as gigantes de educação Cogna e Yduqs voltaram ao radar. Na visão do Bradesco BBI, as chances de combinação dos negócios são maiores em 2025 em comparação com setembro, devido aos valuations mais alinhados (rendimento de FCFE, ou fluxo de caixa livre sobre o patrimônio, de 9% e 10% para 2025), melhor visibilidade sobre as novas regulamentações previstas para 9 de maio e uma perspectiva mais clara de lucros para 2025, com a principal captação do ano concluída.
Também no noticiário do setor em geral, esteve o novo marco regulatório para o ensino a distância (EaD). Os presidentes-executivos da Cogna, Roberto Valério, e da Yduqs, Eduardo Parente, elogiaram avaliaram que as novas regras trazem alinhamento nos formatos pedagógicos, embora também devam significar custos maiores.
Entre as novidades do decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva está o veto para a oferta de cursos EaD nas áreas de direito, medicina, odontologia, enfermagem e psicologia. A nova política também cria o formato semipresencial e reduz para 30% o limite do uso do formato EaD nos cursos presenciais. “Tenho uma visão bastante positiva em relação ao novo marco regulatório… Ele traz aspectos que são positivos no sentido de alinhamento”, afirmou Valério na ocasião.
Assaí (ASAI3): avanço de 103%
As ações do Assaí (ASAI3) também avançaram levando em conta o cenário macro, a melhora dos números da companhia guiaram os ganhos na primeira metade de 2025.
Conforme ressaltou a Genial Investimentos, o primeiro trimestre de 2025 foi considerado positivo, com a companhia entregando o melhor 1º trimestre de sua história em termos de rentabilidade.
O destaque do trimestre, avalia a Genial, foi a aceleração das vendas mesmas lojas (SSS), que cresceram +5,5% na base anual — acima da inflação geral e sinalizando uma retomada importante frente aos trimestres anteriores, quando os números estavam bem aquém da inflação alimentar.

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Esse avanço ajuda a diminuir o gap histórico que o Assaí apresentava em relação ao Atacadão (que entregou SSS, ou vendas nas mesmas lojas, de 6,9% no 1T25, ex-calendário) e reforça a resiliência frente a players como o Grupo Mateus, cujo Mix Mateus reportou apenas +1,2% na base anual. O resultado também indica uma melhora de volume mesmo em um cenário de alta de preços, o que é positivo para a tese.
No fim de maio, o Bank of America elevou a recomendação para ASAI3 de neutra para compra, apontando que a companhia continua a apresentar fundamentos sólidos e potencial de valorização.
“A elevação para compra é baseada em valuation atrativo, com o papel sendo negociado a 12 vezes o lucro estimado para 2025, e no progresso contínuo da estratégia de crescimento”, disse. O banco ainda destacou que o Assaí tem conseguido executar bem a conversão das lojas adquiridas do Extra, o que deve impulsionar a geração de caixa ao longo do ano.
CVC (CVCB3): alta de 74%
Queda do dólar, que chegou a abaixo de R$ 5,50, e alívio na curva de juros (como para as outras ações de companhias em alta no semestre) foram fatores a fazer as ações da CVC registrarem fortes ganhos no primeiro semestre de 2025.
O Itaú BBA destacou, no começo do mês, que a CVC é uma história para ficar de olho, ao atualizar as estimativas mantendo recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) e com preço-alvo de R$ 3.
O banco vê o ponto de virada se aproximando, com potencial para retomar o FCF (fluxo de caixa livre) positivo e o crescimento dos lucros. Além disso, reuniu com a administração da CVC Corp para obter insights sobre suas perspectivas para o próximo ano. Como resultado, atualizou o modelo para refletir os resultados mais recentes da empresa e as premissas econômicas mais recentes da equipe macro.
Quando a atual equipe de gestão assumiu no segundo semestre de 2023, delineou diversas prioridades estratégicas: i) aprimorar a governança; ii) retomar a abertura de lojas; iii) reformular a oferta de produtos exclusivos; iv) fornecer soluções alternativas de financiamento; e v) aprimorar a estrutura de capital e reduzir os custos da dívida. Em 2024, apesar dos ventos contrários externos, acredita que a administração fez um progresso sólido em todas essas frentes.
Embora ainda preveja um resultado negativo para 2025, acredita que um forte potencial de crescimento dos lucros a partir de 2026, combinado com uma perspectiva macroeconômica mais favorável, pode sustentar um desempenho sólido das ações no futuro.
Direcional (DIRR3): alta de 69%
O otimismo com as ações da Direcional (DIRR3) guiou a forte alta na primeira metade de 2025 – e ele continua para a segunda metade do ano.
A XP Investimentos, no início do mês de junho, atualizou suas projeções para a construtora após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre deste ano (1T25). O preço-alvo da ação subiu para R$ 50 neste ano, contra R$ 37 antes, e a recomendação de compra foi mantida. A mudança, diz a corretora, leva em conta um maior volume de lançamentos e margens de lucro mais altas, que fundamentam a visão otimista da XP para a companhia nos próximos dois anos.
Entre os principais motivos para essa revisão, a equipe de analistas da XP aponta o crescimento esperado de venda sobre oferta (VSO), que deve ser beneficiado pelas recentes alterações no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) e pela recuperação da atividade econômica prevista para o segundo semestre deste ano.
O Itaú BBA também reiterou neste mês sua recomendação outperform, com preço-alvo de R$ 61 para 2026, sendo a top pick (preferida) para o setor de construção civil de baixa renda.
Após conversa com diretores da companhia, o BBA ressalta que a gestão está otimista sobre as condições do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) e as perspectivas para a Direcional nos próximos meses. A empresa está confiante em relação ao financiamento, demanda e competição.
Com a criação da faixa 4, a gestão planeja aumentar o pipeline de lançamentos para 2025 para R$ 6,7 bilhões (100% participação). Espera-se um lucro líquido de R$ 1 bilhão em 2026 e um crescimento de 23% ano a ano.
Lojas Renner (LREN3): variação de +64,5%
As ações da Renner registram uma disparada no ano, com o preço-alvo para os ativos sendo revisado nas últimas semanas em diversas casas. Na última semana, o Santander elevou o preço-alvo de R$ 18 para R$ 24,30, com recomendação outperform.
Segundo o banco, a recuperação recente dos papéis acompanha a reavaliação dos fundamentos, a reversão de parte do pessimismo que marcou o segundo semestre de 2024 e um ambiente mais favorável para mercados emergentes. O modelo de fluxo de caixa descontado ao acionista (DCFE, na sigla em inglês para Discounted Cash Flow to Equity) elaborado pela equipe indica que os preços atuais ainda não embutem os ganhos projetados de margem nem consideram uma expansão mais ampla no longo prazo.
Já o Bradesco BBI elevou as projeções para a Lojas Renner, elevando o preço-alvo da varejista de moda de R$ 16 para R$ 22 por ação, mas com a recomendação seguindo neutra.
O banco elevou suas projeções de lucro líquido para 2025 e 2026 em 5,8% e 4,8%, respectivamente, para R$ 1,48 bilhão e R$ 1,7 bilhão. “Reconhecemos as melhorias observadas no 1T25 e compreendemos o posicionamento tático no atual mercado de risco, ainda apoiado por uma forte tendência de curto prazo (esperamos um SSS, ou um vendas de mesmas lojas, de aproximadamente 15% no 2T25)”, apontaram.
Veja as altas do Ibovespa no primeiro semestre de 2025:
Ativo | Cotação (R$) | Variação no semestre (%) |
COGN3 | 2,81 | 165,14 |
ASAI3 | 11,26 | 103,07 |
YDUQ3 | 16,49 | 100,7 |
CVCB3 | 2,4 | 73,91 |
DIRR3 | 40,82 | 69,14 |
LREN3 | 19,68 | 64,45 |
TIMS3 | 22,05 | 62,73 |
CYRE3 | 26,14 | 60,96 |
TOTS3 | 42,21 | 58,86 |
PSSA3 | 55,2 | 57,42 |
MGLU3 | 9,85 | 56,17 |
BPAC11 | 42,25 | 56,09 |
HYPE3 | 27,19 | 53,64 |
BBDC4 | 16,83 | 52,51 |
SMFT3 | 24,84 | 47,26 |
AZZA3 | 43 | 45,37 |
VIVA3 | 27,03 | 45,19 |
B3SA3 | 14,58 | 43,18 |
BBDC3 | 14,51 | 42,38 |
CPLE6 | 12,46 | 41,53 |
RDOR3 | 35,42 | 40,74 |
ITUB4 | 36,95 | 39,9 |
CPFE3 | 40,86 | 39,29 |
IGTI11 | 23,19 | 39,01 |
ENGI11 | 48,32 | 38,77 |
SBSP3 | 119,13 | 38,69 |
MOTV3 | 13,79 | 37,28 |
EMBR3 | 77,01 | 37,19 |
VIVT3 | 30,89 | 37,13 |
MRFG3 | 22,9 | 34,47 |
EQTL3 | 35,96 | 34,17 |
ITSA4 | 10,95 | 33,77 |
MULT3 | 27,21 | 33,41 |
EGIE3 | 45,41 | 30,74 |
ENEV3 | 13,65 | 29,63 |
ALOS3 | 22,72 | 29,01 |
RENT3 | 40,52 | 28,63 |
SANB11 | 29,69 | 27,94 |
VBBR3 | 21,66 | 26,72 |
PCAR3 | 3,08 | 20,78 |
ELET3 | 40,22 | 20,31 |
MRVE3 | 6,37 | 19,96 |
BEEF3 | 4,9 | 19,19 |
ELET6 | 44,41 | 17,81 |
AURE3 | 10,17 | 16,78 |
ABEV3 | 13,32 | 15,59 |
UGPA3 | 17,54 | 13,65 |
FLRY3 | 13,02 | 12,43 |
POMO4 | 7,96 | 12,32 |
TAEE11 | 34,93 | 10,39 |
HAPV3 | 36,85 | 10,16 |
ISAE4 | 23,18 | 9,77 |
RAIL3 | 18,53 | 8,15 |
STBP3 | 13,83 | 7,5 |
CXSE3 | 14,69 | 7,47 |
CMIG4 | 10,8 | 6,71 |
IRBR3 | 45,24 | 6,57 |
PRIO3 | 42,4 | 5,6 |
SLCE3 | 17,87 | 5,05 |
BBSE3 | 35,8 | 5,01 |
CMIN3 | 4,96 | 0,79 |
VALE3 | 52,65 | 0,28 |
Maiores baixas
RD Saúde (RADL3): queda de 30,86%
Com a saída da Azul (AZUL4) do Ibovespa, a rede de farmácias RD Saúde (RADL3) se destacou como a maior queda do índice no período.
No início de maio, a RD Saúde viu suas ações caírem quase 15% na sessão logo após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025 (1T25). A RD Saúde apurou lucro líquido ajustado de R$ 177,1 milhões no primeiro trimestre, um declínio de 17% em comparação com o resultado de um ano antes, com margem de 1,6%, contração de 0,6 ponto percentual no comparativo anual. O resultado considera efeitos tributários.
A XP Investimentos ressaltou, em relatório, que a dinâmica ficou pressionada em todas as linhas. O Bradesco BBI também apontou os números como negativos e bem abaixo do estimado pelo BBI (-30% no lucro líquido ajustado; -7% no Ebitda ajustado).
Antes disso, no fim de abril, o Morgan Stanley já havia rebaixado a recomendação para neutra. Segundo o banco, a farmacêutica deve enfrentar um 2025 desafiador, com crescimento limitado nos preços e pressões sobre as margens. Diante desse cenário, os analistas projetam uma queda anual no lucro líquido, o que reduz o potencial de valorização das ações no médio prazo.
Depois da queda pós-resultado, o Bradesco BBI elevou a recomendação dos ativos para compra. Após uma grande decepção no primeiro trimestre de 2025, o Bradesco BBI avalia que os investidores seguem atentos às tendências de ganhos de curto prazo da RD. No entanto, a instituição acredita que o pior provavelmente já ficou para trás e que bases de comparação mais fracas devem sustentar uma recuperação dos lucros em 2026, projetada em +30%.
Na visão do BBI, em um momento em que os investidores buscam oportunidades no mercado brasileiro, qualquer sinal precoce de que uma ação de alta qualidade como RADL3 já atingiu seu piso pode representar um ponto de entrada atrativo.
Brava (BRAV3): baixa de 26%
Em um cenário de queda recente do petróleo, as ações da Brava (BRAV3) também registram perdas significativas. No relativo, a perda é maior uma vez que, em momentos de baixa da commodity, papéis de empresas mais consolidadas, como Petrobras (PETR3;PETR4) e PRIO (PRIO3) aparecem como mais resilientes e registram um desempenho melhor.
O Goldman Sachs tem recomendação de venda para os ativos, com preço-alvo de R$ 18. O banco vê a empresa como a mais sensível frente à variação dos preços do petróleo tanto do ponto de vista do rendimento do fluxo de caixa livre (aproximadamente -13 pontos percentuais para cada queda de US$ 10/barril nos preços do petróleo) quanto do valor justo do patrimônio líquido (-50% para cada queda de US$ 10/barril na curva do petróleo, mantendo-se todos os demais fatores constantes).
“Observamos que a Brava possui uma alavancagem financeira maior do que suas concorrentes, além de estar essencialmente exposta exclusivamente ao segmento upstream (atividades de exploração e produção de petróleo), o que gera maior exposição ao preço da commodity”, aponta.
Raízen (RAIZ4) e São Martinho (SMTO3): baixas de 23,6% e 24,4%
As ações das duas companhias agro registraram baixa no primeiro semestre deste ano.
O período foi bastante volátil para os ativos da RAIZ4, com preocupações sobre a alavancagem da companhia. Conforme destaca o Bradesco BBI, a Raízen atingiu uma alavancagem (Dívida Líquida/Ebitda, ou dos últimos 12 meses) de 3,2 vezes ao final do ano fiscal 2025 (encerrado em 30 de março), devido a: (i) os aumentos das taxas de juros no Brasil, que impactaram fortemente as despesas financeiras da empresa; (ii) o alto consumo de capital de giro relacionado às práticas comerciais; (iii) a compressão do Ebirda, devido aos menores volumes vendidos de açúcar, aos menores preços do etanol e aos fracos resultados comerciais, que contribuíram positivamente durante o ano anterior; e (iv) os pesados investimentos na expansão dos negócios de E2G, bem como nos negócios de Açúcar & Etanol em geral, que são altamente intensivos em capital.
Agora, a nova gestão parece buscar uma recuperação e visa reduzir o consumo de caixa, que totalizou R$ 12 bilhões no ano fiscal de 2025, e busca melhorar a alavancagem por meio de cortes de custos, racionalização de investimentos e desinvestimentos. Na visão do BBI, isso deve incluir:(i) ativos de geração de energia; (ii) usinas de açúcar e etanol, bem como (iii) a operação de distribuição/refinaria de combustíveis na Argentina.
“Acreditamos que esses esforços provavelmente não reduzirão significativamente a alavancagem no curto prazo, como discutiremos a seguir, embora os vejamos como uma pré-condição para melhorar a liquidez e obter eficiência da empresa para, em última análise, desencadear uma injeção de capital dos acionistas no longo prazo”, apontaram, em relatório no início de junho.
Para a São Martinho, o banco também destacou um último resultado ruim. A companhia encerrou o ano safra (4T25) deixando uma percepção mais fraca, apresentando um Ebitda ajustado (ajustes contábeis e excluindo o reconhecimento de R$ 117 milhões em créditos tributários de ICMS) de R$ 655 milhões , 13% abaixo do estimado pelo Bradesco BBI (queda anual de 43%), refletindo os volumes de vendas que foram 11% menor vs. estimativas do BBI (redução anual de 38%) e uma margem de 37,7% (compressão de 0,9pp vs. estimativa do BBI e 10,00pp menor do que o ano anterior).
O lucro líquido de R$ 105 milhões foi abaixo do esperado, apesar dos créditos fiscais pontuais, enquanto a geração de fluxo de caixa livre (FCF) de R$ 283 milhões também foi abaixo no que é um trimestre sazonalmente importante para a geração de caixa.
Para os analistas do banco, o ano fiscal de 2026 está se preparando para ser outro ano desafiador para a companhia, e os resultados e as orientações trouxeram poucos elementos para mudar essa visão. Em última análise, enquanto a São Martinho negociou os hedges de açúcar para 806 mil toneladas (cerca de 52% de sua produção máxima de açúcar), os preços atuais do açúcar (R$ 1.950/tonelada) e do etanol (R$ 2,7/l) estão praticamente alinhados com os custos de produção da empresa no ano fiscal de 2024, trazendo um ambiente difícil para as margens pendentes de uma visão mais otimista sobre as commodities.
“Embora a expectativa de rendimentos mais fortes e o menor investimento anual possam resultar em um custo caixa unitário menor, a geração de FCF provavelmente permanecerá prejudicada”, apontaram os analistas.
Usiminas (USIM5): queda de 22,5%
Depois de uma recuperação nos últimos resultados, as ações da Usiminas também foram alvo de revisões por diversas casas, o que se refletiu também no desempenho dos papéis.
Em abril, o Safra havia rebaixado a recomendação dos papéis para a venda, após uma alta de 13% no acumulado do ano até o dia 24 de abril de 2025.
O Safra passou a ter uma visão mais negativa quanto à melhoria dos lucros da Usiminas após o primeiro trimestre, pois esperavam que os preços do aço doméstico caiam ainda mais e compensem uma redução nos custos, e o banco projeta que essa perspectiva se estenda até 2026.
Já em meados de junho, o Itaú BBA rebaixou a recomendação para a siderúrgica de compra para neutro, refletindo uma deterioração mais rápida do que o esperado nos preços do aço plano no Brasil.
O BBA também incorporou em suas projeções um desempenho de custos inferior ao previsto, com aumento moderado do custo de produção em caixa por tonelada (cash COGS/ton) previsto para o segundo trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior.
O banco mantém uma perspectiva desafiadora para os produtores de aço plano no Brasil, ressaltando a intensa competição de produtos importados, que, somada à recente valorização do real, pode pressionar negativamente os preços internos e a demanda no segundo semestre de 2025.
Braskem (BRKM5): queda de 21,7%
A Braskem recuou no primeiro semestre, com questões sobre o controle da companhia no radar. Os agentes financeiros aguardam o desfecho de negociações envolvendo a aquisição do controle da petroquímica, após oferta feita no mês passado pelo empresário Nelson Tanure.
Tanure é o mais recente interessado na companhia e busca resolver um impasse entre a acionista controladora da Braskem, a Novonor, credores que detêm suas ações como garantia e a Petrobras, que é ao mesmo tempo uma acionista importante e fornecedora-chave da empresa.
Em seus primeiros comentários públicos desde que revelou a oferta pela Braskem no mês passado, Tanure disse que começou a cortejar a Novonor, o grupo empresarial da família Odebrecht, após o colapso de um acordo com a Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC) há mais de um ano.
“Venho pesquisando essa empresa há muito tempo. Em algum momento, após a desistência da Adnoc, comecei a conversar com eles em absoluto sigilo”, disse Tanure à Reuters.
A Novonor permaneceria como acionista no acordo ainda em discussão, disse ele, com a proposta mais recente reduzindo a participação do grupo de 38,3% – e 50.1% no capital votante – para cerca de 3,5%. “Eu não faria um acordo se eles não permanecessem envolvidos”, disse Tanure para a agência.
Apesar do progresso do empresário em relação à Novonor, credores importantes, incluindo o BNDES, veem sua oferta com ceticismo, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Reuters. Os credores da Novonor prefeririam ir adiante com seu próprio plano de reestruturação antes de venderem as ações que são mantidas como garantia.
BRF (BRFS3): baixa de 20,58%
O primeiro semestre foi agitado para a BRF. Em fevereiro, as ações caíram no fim do mês, após um desempenho estelar em 2024 e ganhos que surpreenderam positivamente. Os resultados do 4T24 da BRF foram os primeiros, após um longo tempo, que o BBI acredita terem ficado abaixo das expectativas do mercado.
A receita foi sólida em R$ 16,8 bilhões, com volumes expandindo 6% em base anual. No entanto, segundo BBI, as margens foram a principal decepção, especialmente uma contração de 0,18 ponto percentual (pp) na margem bruta para 25,9%, sustentada por custos mais altos de matéria-prima e mão de obra, levando a uma expansão do custo unitário de 6% no trimestre.
A XP Investimentos, por sua vez, destaca em relatório que a BRF fechou um ano histórico “em uma nota mais suave”, o que poderia ser interpretado erroneamente como uma virada de ciclo.
Em meados de maio, um novo baque, as autoridades brasileiras relataram o primeiro caso identificado de gripe aviária em uma operação comercial. O foco foi registrado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, em uma granja para produção de ovos para recria de aves. No mês seguinte, contudo, o Ministério da Agricultura declarou que o Brasil está oficialmente livre de gripe aviária em granjas comerciais, após um período de 28 dias sem novos surtos. Com isso, as proibições comerciais podem ser revertidas com a recuperação do status de livre da doença.
Nesse meio tempo, no dia 15 de maio de 2025, a Marfrig anunciou uma combinação de negócios com a BRF, sua controlada, visando a sua consolidação como um negócio global de alimentos, com presença em 117 países.
Contudo, a Minerva (BEEF3) entrou com recurso no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pedindo reavaliação da fusão. O frigorífico alega riscos de concentração excessiva em alimentos processados, ampliação indevida do poder de compra e atuação cruzada da Salic (fundo da Arábia Saudita) em ambas as empresas. A empresa também questiona a análise do canal foodservice.
Cabe ressaltar que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) suspendeu a assembleia geral extraordinária (AGE) da BRF (BRFS3), inicialmente marcada para 18 de junho e que discutiria a proposta de fusão com a Marfrig (MRFG3) em resposta a pedidos de acionistas minoritários. Posteriormente, a Marfrig anunciou que a AGE será retomada em 14 de julho de 2025.
Veja as baixas do Ibovespa no primeiro semestre de 2025:
Ativo | Cotação (R$) | Variação no semestre (%) |
RADL3 | 15,12 | -30,86 |
BRAV3 | 17,4 | -26,02 |
SMTO3 | 17,57 | -24,46 |
RAIZ4 | 1,65 | -23,61 |
USIM5 | 4,12 | -22,56 |
BRKM5 | 9,07 | -21,68 |
BRFS3 | 20,14 | -20,58 |
KLBN11 | 18,45 | -19,37 |
WEGE3 | 42,78 | -18,15 |
SUZB3 | 51,21 | -17,11 |
CSNA3 | 7,44 | -16,03 |
CSAN3 | 6,86 | -15,93 |
NTCO3 | 11,05 | -13,4 |
VAMO3 | 4,18 | -12 |
GOAU4 | 8,93 | -11,55 |
GGBR4 | 16 | -10,55 |
PETR3 | 34,09 | -9,29 |
PETR4 | 31,38 | -8,79 |
RECV3 | 14,33 | -6,84 |
BBAS3 | 22,09 | -5,26 |
PETZ3 | 3,91 | -3,93 |
BRAP4 | 15,7 | -0,08 |
(com informações da Reuters e Estadão Conteúdo)
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Fonte: InfoMoney