A marca dos primei, +os 100 dias do governo de Donald Trump trouxe mais perguntas do que respostas aos investidores. Promessas de corte de impostos, desregulamentação e estímulo à economia animaram os mercados no início do mandato, mas a execução e os choques institucionais geraram volatilidade. A administração republicana iniciou sua gestão com discursos agressivos contra a imprensa e o sistema judiciário, medidas unilaterais sobre imigração e um tom protecionista que abalou relações diplomáticas e comerciais. O resultado foi uma montanha-russa nos ativos globais, com a política se sobrepondo à economia em diversas ocasiões — e os mercados reagindo a cada novo sinal vindo da Casa Branca.
Nesse ambiente de incertezas, ativos como o ouro ganharam tração como porto seguro, enquanto o dólar perdeu força frente a outras moedas, diante da falta de clareza sobre o rumo fiscal e econômico dos EUA. Já os índices americanos, apesar da turbulência política, tentam manter parte dos ganhos obtidos nos primeiros meses de euforia pós-eleição. Com investidores agora mais céticos, a leitura técnica dos principais ativos — incluindo Ibovespa, dólar futuro, Nasdaq, S&P 500 e ouro — ajuda a entender como o mercado está digerindo os efeitos práticos (ou a ausência deles) do governo Trump até aqui, e o que esperar das próximas semanas de negociação.
Para entender até onde o preço das ações pode ir, confira a análise técnica completa e os principais pontos de suporte e resistência.
Análise técnica do Dólar futuro
O dólar futuro mantém um comportamento claramente baixista desde o fim de 2024, quando encontrou forte resistência na região dos 6.517 pontos. A partir desse patamar, o ativo iniciou uma trajetória descendente consistente, caracterizada por topos e fundos cada vez mais baixos — padrão técnico clássico de tendência de baixa.
Desde o início do ano, a desvalorização acumulada é expressiva: -11,07%. Somente neste mês de abril, o dólar já recua 2,71%. Na última semana, após uma breve tentativa de recuperação até a faixa dos 6.161 pontos, o ativo voltou a ceder, renovando a mínima do ano na última sessão.
Esse movimento indica fraqueza compradora no curto prazo. Caso o ativo perca a mínima anterior, situada em 5.654,5 pontos, o cenário de continuidade da queda se intensifica. Nesse caso, os próximos suportes técnicos relevantes estão em 5.625 e 5.527 pontos. A perda desses níveis pode abrir espaço para um movimento mais amplo em direção à região de 5.367 a 5.297 pontos — que representa uma zona de suporte mais distante, mas relevante dentro da estrutura atual.
Por outro lado, para que o ativo volte a sinalizar força compradora, será necessário um movimento de recuperação que leve à superação das médias móveis de 9 e 21 períodos, localizadas entre 5.760 e 5.835 pontos. Acima disso, a média de 200 períodos — em 5.932 — se torna o primeiro grande obstáculo técnico para uma reversão de tendência. Um eventual rompimento dessa faixa poderia levar o ativo de volta às resistências em 6.161, e depois nas regiões de 6.300 e 6.435 pontos.
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Análise técnica da Nasdaq
A Nasdaq vem corrigindo desde o topo registrado no fim de fevereiro, na região de 22.222 pontos. A partir desse ponto, o índice iniciou um movimento de baixa que o levou até os 16.542 pontos — queda expressiva, marcada por forte pressão vendedora. Porém, nesta faixa, houve entrada relevante de fluxo comprador, o que desencadeou uma recuperação técnica visível no gráfico diário.
Em abril, essa recuperação já soma 1,38% de alta, embora o índice ainda acumule queda de 6,98% no ano. No gráfico, a estrutura indica que o ativo superou as médias curtas (9 e 21 períodos), o que mostra fortalecimento da retomada compradora no curto prazo. Agora, o desafio é sustentar essa alta e vencer resistências importantes.
A primeira barreira está na máxima da última sessão, em 19.582 pontos. A superação desse nível pode abrir caminho para os próximos objetivos técnicos em 20.290 e 21.070 pontos. A consolidação acima dessa faixa pode reconduzir o índice para o topo anterior, em 22.222 pontos.
Por outro lado, se a força compradora perder tração e o índice romper para baixo a região dos 19.150 pontos, o cenário muda. Abaixo dessa faixa, o movimento corretivo pode ser retomado, com alvos na faixa de suporte intermediária entre 17.590 e 17.000 pontos. Um rompimento mais forte pode levar a Nasdaq de volta à zona de suporte mais relevante, entre 16.540 e 15.760 pontos — onde houve o último grande pivô de reversão.
Análise técnica do S&P 500
O S&P 500 também iniciou um movimento de baixa no fim de fevereiro, após testar resistência em 6.147 pontos. Desde então, o índice recuou até a mínima recente em 4.835 pontos, região que se mostrou um suporte importante. Foi nesse patamar que entrou fluxo comprador, resultando numa recuperação visível ao longo de abril.
Apesar de ainda acumular queda de 5,45% no ano, o índice reduziu bastante as perdas no mês, com baixa de apenas 0,91%. O gráfico diário indica que, assim como na Nasdaq, o ativo superou as médias móveis de curto prazo e começa a sinalizar continuidade da recuperação, desde que consiga vencer as próximas resistências.
O primeiro nível a ser superado é a máxima da última sessão, em 5.572 pontos. A partir daí, o índice pode buscar as resistências em 5.695 e, logo acima, entre 5.786 e 6.009 pontos. Se houver fôlego suficiente, o ativo pode retestar o topo anterior em 6.147 pontos.
Por outro lado, uma reversão de curto prazo pode acontecer se o índice voltar a perder os 5.500 pontos — região que serve como suporte imediato. Abaixo disso, os próximos níveis de atenção estão em 5.300 e 5.100 pontos. Caso o fluxo vendedor se intensifique, o S&P pode retornar para os fundos anteriores, entre 4.835 e 4.678 pontos.
Análise técnica do Ouro
O ouro é um dos ativos que mais se destacam em 2025, com uma alta acumulada de 26,05% no ano e avanço de 5,89% só em abril. O metal renovou recentemente seu topo histórico, ao atingir a região dos US$ 3.500, e desde então iniciou um movimento corretivo, natural e saudável dentro de uma tendência de alta bem estabelecida.
No gráfico diário, essa correção ainda não compromete a estrutura altista. O que vemos é uma desaceleração momentânea do fluxo comprador, com o ouro se ajustando após semanas de forte valorização. A manutenção acima das médias móveis é fundamental para sustentar a tendência.
Para retomar o movimento de alta, o ativo precisa superar as resistências entre US$ 3.345 e US$ 3.430. Rompendo esse intervalo, volta a mirar o topo histórico em US$ 3.500, e pode buscar alvos mais ambiciosos em US$ 3.535/3.595 e, em uma projeção mais estendida, entre US$ 3.685 e US$ 3.800.
Caso a correção se aprofunde, o primeiro ponto de atenção está na região de US$ 3.265 a US$ 3.167. A perda dessa faixa pode desencadear uma queda mais ampla, levando o metal a buscar suportes em US$ 3.000 e US$ 2.953. Um movimento mais agressivo de realização poderia levá-lo até zonas de suporte mais profundas, como US$ 2.832/2.791.
(Rodrigo Paz é analista técnico)
Guias de análise técnica:
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