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100 dias de Trump: aperto contra imigração foi marca do começo de governo

Na campanha presidencial, Donald Trump prometeu ser firme contra a imigração. Nos primeiros 100 dias de governo, essa foi a medida em que ele mais conseguiu avançar.

Enquanto houve recuos e incertezas sobre as tarifas e os esforços para encerrar guerras no exterior não deram frutos, por exemplo, o presidente tem resultados de vulto para mostrar no tema da imigração, tanto numéricos quanto simbólicos.

Nestes primeiros meses, mais de 150 mil pessoas foram detidas e ao menos 139 mil foram deportadas, segundo a Casa Branca.  Com a pressão, as tentativas de cruzar a fronteira com o México caíram, de 15 mil por dia em 2024 para menos de 200, de acordo com os dados da Casa Branca.

O presidente também buscou encerrar a prática de “pegar e soltar”. Imigrantes irregulares eram capturados na fronteira, mas liberados no país enquanto aguardavam o julgamento de seus pedidos de asilo. No ano passado, 184 mil pessoas foram liberadas desta forma, segundo o governo atual. Entre janeiro e abril deste ano, foram apenas 9.

Casos reais

Para acelerar as deportações, Trump fez um acordo com outros países, como El Salvador. O presidente Nayib Bukele concordou em receber estrangeiros e prometeu enviar os acusados de crimes para as mega prisões no país. Ao mesmo tempo, deu mais poderes para agentes do governo decidirem pelas expulsões e passou a implantar de forma mais dura leis que já existiam, mas não eram aplicadas na prática, como a de exigir que imigrantes andem pela rua com documentos que comprovem sua situação.

Felipe Alexandre, advogado de imigração baseado nos Estados Unidos, conta que em estados como a Flórida, policiais passaram a fazer perguntas que antes não faziam. “Tem pessoas que estão em situação regular, mas não estavam com os papéis naquele momento e acabaram detidas. Nos EUA, não era comum ter de mostrar uma identidade na rua”, afirma.

“Estamos passando por um clima de muita incerteza e de fiscalização bem mais intensificada do que antes. Os oficiais do ICE (agentes de controle de imigração) estão fazendo uma pressão adicional e indo atrás de alvos que antes não iam”, diz Alexandre.

Em um dos casos acompanhados por Alexandre, um rapaz imigrante que estudava em uma escola cristã terminou o ensino médio os EUA, abriu um negócio no país, pelo qual pagava os impostos, mas deixou seu visto de estudante vencer. “Agentes ficaram esperando do lado de fora do apartamento dele e o prenderam. Ele não tinha histórico criminal”, conta.

Em outro caso, Alexandre conta que um cliente havia feito um pedido de asilo e, enquanto esperava a resposta, pediu e recebeu uma autorização de trabalho. Ele então começou a trabalhar e foi detido em seu local de emprego, que havia sido comunicado por ele mesmo aos agentes de imigração.

A fiscalização também foi reforçada nos aeroportos. Assim, pessoas que hoje possuem green card (permissão de residência), mas que cometeram erros, como o de trabalhar nos EUA sem ter um visto adequado, podem ser alvo de perguntas adicionais.

Além disso, há relatos de viajantes questionados por terem postado opiniões em redes sociais em temas sensíveis ao governo Trump, como a defesa da Palestina.

“Pessoas que expressaram esse ponto de vista agora estão enfrentando problemas. Tiveram um visto cancelado, e foram colocados em processo de remoção” diz Alexandre.

Apesar das críticas sobre os excessos, Trump segue aumentando a aposta. Nesta semana, o presidente anunciou ainda mais medidas, como ampliar a pressão sobre as chamadas cidades-santuário, como Nova York, onde as autoridades locais costumam evitar checar o status de cidadania das pessoas. O governo fará um levantamento para detalhar as cidades que agem desta forma, e promete cortar recursos federais para elas.

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