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10 adaptações dos animais para sobreviver no deserto

Sobreviver no deserto exige mais do que resistência — exige inovação biológica. Em ambientes onde a água é escassa, o calor extremo é constante e os recursos são limitados, os animais desenvolveram soluções impressionantes para garantir sua sobrevivência.

Cada espécie que habita essas regiões inóspitas carrega em seu corpo as marcas de milhões de anos de evolução, moldadas pela necessidade de adaptação a condições que desafiam os limites fisiológicos.

Essas adaptações vão muito além de mecanismos simples de economia de água. Elas envolvem transformações na estrutura corporal, no comportamento e até no metabolismo.

Dos grandes mamíferos aos pequenos insetos, cada animal encontrou seu próprio caminho para vencer o deserto — seja armazenando gordura de forma estratégica, regulando a temperatura com precisão ou captando umidade do ar.

Dromedário: armazenamento de gordura na corcova

O termo “camelo” refere-se genericamente aos membros do gênero Camelus, que inclui duas espécies distintas: Camelus dromedarius, o dromedário, com uma única corcova, e Camelus bactrianus, o camelo-bactriano, com duas corcovas.

10 adaptações dos animais para sobreviver no deserto
Camelo (Imagem: evaurban/Shutterstock)

O dromedário, especificamente, é a espécie mais comum em regiões desérticas da África e do Oriente Médio. Sua adaptação mais notável está na corcova única, que não serve para armazenar água, como muitos acreditam, mas sim gordura. Essa reserva lipídica funciona como fonte de energia em períodos de escassez alimentar.

Além disso, durante a metabolização dessa gordura, ocorre a liberação de água como subproduto, o que contribui para a hidratação interna do animal sem necessidade de ingestão frequente de líquidos.

Graças a esse mecanismo eficiente, o dromedário é capaz de atravessar vastas extensões de deserto por dias seguidos sem acesso direto à água.

Raposa-do-deserto: dissipação térmica

A Vulpes zerda, ou raposa-do-deserto, possui orelhas desproporcionalmente grandes em relação ao corpo. Essa característica não é apenas sensorial, mas também funcional.

Raposa do deserto
Vulpes zerda, a raposa-do-deserto (Imagem: Stanislav Duben/Shutterstock)

Os vasos sanguíneos superficiais nas orelhas atuam como dissipadores térmicos: o sangue quente circula por essas regiões altamente vascularizadas e, em contato com o ar, perde calor, resfriando o corpo do animal.

Essa troca térmica é essencial para a manutenção da temperatura corporal em um ambiente onde o calor pode rapidamente se tornar letal.

No entanto, a sobrevivência nesse ambiente extremo também exige um controle rigoroso da perda de água.

Para isso, essa espécie possui rins altamente eficientes, que produzem uma urina extremamente concentrada, minimizando a eliminação de líquidos e, ademais, obtém grande parte da água de que precisa diretamente dos tecidos das presas que consome, dispensando a necessidade de beber água com frequência.

Sapo-pé-de-pá: a estratégia da estivação

O Scaphiopus couchii, popularmente conhecido como sapo-pé-de-pá, é encontrado no sudoeste dos Estados Unidos, no sul do Arizona e da Califórnia.

20 de junho de 2025 - 11:08
Espécie Scaphiopus couchii. (Imagem: Viktor Loki/Shutterstock)

Essa espécie adota uma estratégia diferente para sobreviver à seca: enterra-se no solo e entra em estivação, um tipo de dormência que ocorre em resposta ao calor extremo e à escassez de água, diferente da hibernação que acontece no frio extremo.

A estivação reduz drasticamente o metabolismo do animal durante os períodos secos, permitindo que ele economize energia e conserve água.

Enquanto está enterrado, o sapo permanece envolto em uma camada de muco que ajuda a reter a umidade corporal, evitando a desidratação. Quando as chuvas finalmente retornam, ele emerge rapidamente para se alimentar e se reproduzir antes que o ambiente volte a ficar inóspito.

Escorpiões: sobrevivência com o mínimo

Os escorpiões, agrupados em Scorpiones spp., são mestres da economia energética. Eles apresentam um metabolismo basal extremamente reduzido, o que significa que suas necessidades de energia e água são mínimas.

20 de junho de 2025 - 11:08
O escorpião-preto-de-cauda-gorda é uma espécie de escorpião da família Buthidae. (Imagem: RB Punnad/Shutterstock)

Com esse ritmo fisiológico lento, conseguem passar longos períodos sem se alimentar, além de manter perdas de água por respiração e excreção em níveis quase insignificantes. Essa lentidão vital é o que lhes permite sobreviver em habitats tão inóspitos.

Além disso, os escorpiões excretam compostos nitrogenados insolúveis, que não requerem água para sua eliminação, contribuindo para a conservação hídrica.

Seu exoesqueleto é revestido por lipídios e ceras que minimizam a perda de água por evaporação. Essas adaptações permitem que os escorpiões prosperem em ambientes áridos, onde outros organismos teriam dificuldade em sobreviver.

Antílope-saiga: filtragem e resfriamento nasal

O antílope-saiga (Saiga tatarica) habita estepes áridos e semiáridos e desenvolveu narinas altamente especializadas.

Antílope siaga nos estepes
Antílopes-saiga. (Imagem: Yakov Oskanov/Shutterstock)

Suas cavidades nasais contêm dobras mucosas e uma complexa rede de vasos sanguíneos que filtram partículas de poeira e resfriam o ar antes que ele chegue aos pulmões.

Esse sistema não só protege o sistema respiratório em ambientes secos e empoeirados, como também ajuda a conservar água ao reduzir a perda por evaporação durante a respiração.

Além disso, no inverno, as narinas aquecem o ar frio antes que ele atinja os pulmões, protegendo os tecidos internos das temperaturas extremas. Essa multifuncionalidade nasal é crucial para a sobrevivência do saiga em ambientes com variações térmicas acentuadas e escassez de recursos hídricos.

Diabo-espinhoso: coleta de água pela pele

O Moloch horridus, conhecido como diabo-espinhoso, é encontrado nos desertos australianos e possui uma pele altamente especializada para captar água em ambientes áridos.

Lagarto diabo-espinhoso da Austrália, no deserto.
Moloch horridus, o diabo-espinhoso. (Imagem: anjahennern/Shutterstock)

Sua superfície cutânea apresenta uma rede de microcanais entre as escamas sobrepostas, que utilizam a capilaridade para transportar água da superfície até a boca do animal.

Essa água pode ser proveniente de diversas fontes, como orvalho, chuva, poças ou até mesmo da umidade presente na areia úmida.

Um estudo publicado no Journal of Experimental Biology demonstra que o volume de água necessário para preencher esse sistema capilar representa cerca de 3,19% da massa corporal do lagarto, permitindo que ele se hidrate eficientemente mesmo em condições de extrema aridez.

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Canguru-vermelho: resfriamento por evaporação salivar

O Macropus rufus, ou canguru-vermelho, desenvolveu um mecanismo de termorregulação eficaz para enfrentar o calor intenso do deserto australiano. Em altas temperaturas, ele lambe as patas dianteiras, que são altamente vascularizadas, espalhando saliva sobre a pele.

Canguro no deserto
Canguru-vermelho. (Imagem: Michal Pesata)

A evaporação dessa saliva promove o resfriamento do sangue que circula nessas regiões, ajudando a reduzir a temperatura corporal.

O estudo publicado no Physiological and Biochemical Zoology indica que a evaporação salivar nas patas dianteiras pode representar até 40% da perda de calor evaporativo em cangurus vermelhos expostos a altas temperaturas.

Coruja-das-torres: adaptações sensoriais para a caça noturna

A coruja-das-torres, Tyto alba, é uma ave noturna encontrada em todos os continentes, menos na Antártica, ela evita o calor do dia ao restringir sua atividade à noite. Essa estratégia reduz a exposição às temperaturas extremas do deserto.

 Tyto alba, coruja-das-torres, voando
Coruja-das-torres, Tyto alba. (Imagem: Albert Beukhof/Shutterstock)

Essa mudança no ciclo de atividade só é possível por conta da compensação a baixa visibilidade noturna com sentidos hiperdesenvolvidos, a espécie possui adaptações sensoriais notáveis para a caça em ambientes de baixa luminosidade.

Seus olhos são adaptados para visão escotópica, permitindo enxergar em condições de pouca luz, e sua audição é extremamente sensível, capaz de detectar sons de alta frequência emitidos por presas em movimento, como pequenos mamíferos

Besouro-da-namíbia: coleta de água da névoa

O Stenocara gracilipes, conhecido como besouro-da-namíbia, é um exemplo de adaptação à extrema aridez do Deserto da Namíbia.

Besouro da namíbia
Stenocara gracilipes, o besouro-da-namíbia. (Imagem: Piotr Velixar/Shutterstock)

Este ambiente, um dos mais secos do planeta, recebe apenas cerca de 1,4 cm de chuva por ano. Para sobreviver, o besouro desenvolveu uma estratégia única de coleta de água a partir da névoa matinal.

A carapaça do S. gracilipes apresenta uma microestrutura especializada composta por elevações hidrofílicas (que atraem água) cercadas por regiões hidrofóbicas (que repelem água).

Durante as manhãs, o besouro adota uma postura inclinada de aproximadamente 45°, posicionando-se de frente para o vento carregado de névoa.

As gotículas de água se condensam nas áreas hidrofílicas da carapaça e, ao atingirem um tamanho crítico, escorrem pelas regiões hidrofóbicas em direção à boca do inseto, permitindo sua hidratação.

Gato-do-deserto: isolamento térmico e comportamento escavador

O Felis margarita, ou gato-do-deserto, apresenta adaptações morfológicas e comportamentais que lhe permitem sobreviver nas condições extremas dos desertos do Oriente Médio.

Gato do deserto
Gato-do-deserto. (Imagem: DKeith/Shutterstock)

Sua pelagem densa e espessa atua como isolante térmico, protegendo-o tanto do calor escaldante durante o dia quanto do frio intenso à noite.

Também possui pelos longos nas patas que isolam as almofadas plantares do calor da areia e facilitam a locomoção em terrenos arenosos.

Comportamentalmente, o gato-do-deserto é noturno e escava tocas para se abrigar durante o dia, evitando as temperaturas extremas e minimizando a perda de umidade.

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Fonte: Olhar Digital

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